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O que é demência por corpos de Lewy? Entenda o diagnóstico de Milton Nascimento

Aos 82 anos, o cantor mineiro recebeu o diagnóstico após familiares perceberem mudanças de memória, comportamento e atenção

Júlia Morgado

Publicado em 02/10/2025 às 11:15

Atualizado em 02/10/2025 às 12:01

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Milton Nascimento, ícone da música brasileira, foi diagnosticado com demência por corpos de Lewy / Reprodução Facebook/Milton Nascimento

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Segundo uma entrevista publicada nesta quinta-feira (2) pela revista Piauí, o cantor Milton Nascimento, de 82 anos, foi diagnosticado com demência por corpos de Lewy (DCL), um dos tipos mais comuns da doença. A revelação foi feita pelo filho e empresário do artista, Augusto Nascimento. Os familiares afirmaram que essa será a única comunicação à imprensa sobre o assunto.

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Milton Nascimento já recebeu título de Doutor Honoris Causa pela Unicamp/ Reprodução Instagram/@nascimentomusica
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Milton Nascimento com o filho, Augusto Nascimento que comunicou a imprensa sobre o diagnóstico do pai/ Reprodução Instagram/@miltonbitucanascimento
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Milton Nascimento em 1972, quando lançou seu LP  'Clube de Esquina', um dos mais marcantes de sua carreira/ Domínio público/Acervo Arquivo Nacional
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Milton Nascimento no desfile da Portela (Carnaval 2025)/ Ricardo Yugue/Wikimedia Commons
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O que é Demência por corpos de Lewy?

A Demência por Corpos de Lewy (DCL) é um tipo de doença degenerativa do cérebro, ou seja, uma condição em que as células nervosas vão sendo danificadas e perdidas com o tempo. Ela costuma aparecer em pessoas com mais de 60 anos e é considerada a segunda causa mais comum de demência progressiva, ficando atrás apenas do Alzheimer.

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O problema recebe esse nome porque, no cérebro dos pacientes, há o acúmulo anormal de uma proteína chamada alfa-sinucleína. Esse excesso forma pequenos depósitos dentro dos neurônios, conhecidos como corpos de Lewy. Esses corpos atrapalham o funcionamento das células nervosas e, com isso, surgem sintomas que afetam tanto a memória e o raciocínio quanto os movimentos do corpo.

Veja também: especialista revela o segredo para envelhecer com saúde e lucidez, segundo a ciência.

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A DCL combina sinais típicos de duas doenças conhecidas, o Alzheimer e o Parkinson. Entre os principais sintomas estão:

  • Oscilações na memória e atenção: a pessoa pode estar lúcida em um momento e, pouco depois, ter confusão mental, esquecimentos e dificuldade para se concentrar.
  • Alterações motoras: tremores, rigidez, lentidão nos movimentos e instabilidade, semelhantes aos do Parkinson.
  • Alucinações visuais: ver coisas ou pessoas que não existem é um sintoma muito frequente e costuma aparecer logo nas fases iniciais.
  • Distúrbios do sono REM: o paciente pode “atuar” os sonhos, movimentando-se e até falando enquanto dorme.
  • Alterações de humor e comportamento: depressão, apatia, irritabilidade e ansiedade são comuns.
  • Problemas com funções automáticas do corpo: como variações na pressão arterial, tonturas, desmaios e até dificuldades urinárias ou intestinais.

Um dos grandes desafios da DCL é que seus sintomas se confundem com os de outras doenças. Muitas vezes, o paciente recebe inicialmente diagnóstico de Alzheimer ou Parkinson. Só uma avaliação clínica detalhada, feita por médicos especialistas, ajuda a diferenciar.

Atualmente, não há cura para a DCL. O tratamento busca controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e retardar a progressão da doença. Isso pode incluir medicamentos para ajudar com os movimentos, para estabilizar o humor e reduzir alucinações, além de terapias de apoio, como fisioterapia, fonoaudiologia e acompanhamento psicológico.

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A DCL afeta não só o paciente, mas também a família, que precisa se adaptar a mudanças na rotina e lidar com desafios diários. O acompanhamento médico constante, aliado ao apoio de familiares e cuidadores, faz toda a diferença para garantir bem-estar e autonomia pelo maior tempo possível.

O médico Drauzio Varella conta como os casos de demência impactam a vida dos pacientes e familiares: 

Quem é Milton Nacimento?

Milton Nascimento é um dos maiores nomes da música popular brasileira, reconhecido nacional e internacionalmente por sua voz única e suas composições marcantes. Nascido no Rio de Janeiro em 1942 e criado em Minas Gerais, ficou conhecido como o “Bituca”, apelido carinhoso de infância.

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Sua carreira ganhou força a partir da década de 1960, quando se destacou no Festival Internacional da Canção com a música Travessia (1967), parceria com Fernando Brant. Pouco depois, integrou o grupo Clube da Esquina, movimento musical mineiro formado ao lado de Lô Borges, Beto Guedes e outros, que revolucionou a MPB nos anos 1970 com influências do rock progressivo, do jazz e da música folclórica brasileira. O disco Clube da Esquina (1972) é considerado um marco da música brasileira.

Milton construiu uma trajetória repleta de sucessos como Coração de Estudante, Canção da América, Maria, Maria, Encontros e Despedidas, entre outros. Além disso, trabalhou com artistas internacionais como Wayne Shorter, Paul Simon, Herbie Hancock e James Taylor, levando sua música para além das fronteiras brasileiras.

Sua voz, de timbre raro e alcance impressionante, é frequentemente descrita como “uma das mais belas do mundo”. Ao longo da carreira, Milton recebeu diversos prêmios, entre eles o Grammy Latino de Personalidade do Ano em 2022, coroando uma trajetória de mais de 60 anos dedicados à música.

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Em 2022, anunciou sua aposentadoria dos palcos com a turnê “A Última Sessão de Música”, mas continuou ativo em participações musicais e foi homenageado em 2025 pela Portela, no carnaval do Rio, com o enredo Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol. Sua obra é referência da cultura brasileira e da música mundial.

O que levou à descoberta?

Segundo Augusto Nascimento, filho e empresário do cantor, os primeiros sinais apareceram de forma sutil: dificuldade para lembrar informações recentes, olhar fixo e repetição das mesmas histórias em pouco tempo. 

Esses episódios chamaram a atenção da família, que buscou ajuda médica. O clínico geral Weverton Siqueira, que acompanha Milton há mais de uma década, também notou uma piora no quadro cognitivo e solicitou novos exames. A partir desses testes, veio a confirmação da demência por corpos de Lewy.

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