Ao todo, foram desovadas 15 mil latas cheias de maconha / Reprodução

Milhares de latas cheias de maconha começaram a aparecer no litoral brasileiro. Isso aconteceu no ano de 1987, você se lembra? O caso aconteceu no dia 13 de setembro daquele ano. O motivo disso foi que a tripulação do navio Solana Star, temendo ser presa no Brasil, lançou ao mar 22 toneladas da erva. Assim, teve início o lendário "Verão da Lata". Você se lembra?

Na Baixada Santista, seis latas teriam sido encontradas nas praias das Astúrias e do Tombo, no dia 19 de setembro, em Guarujá.

Ao todo, foram desovadas 15 mil latas cheias de maconha, cada uma com 1,3 ou 1,5 quilo da erva. Uma carga de 22 toneladas, como a do Solana Star, renderia por volta de 90 milhões de dólares aos traficantes internacionais.

A partir disso, teve início uma caçada às latas. Para muita gente, era como acertar na loteria. A ação envolvia usuários de cannabis, a polícia e os traficantes da época. Tudo ao mesmo tempo.

A polícia tentava, mas não podia fazer muita coisa. Eram muitas latas invadindo 2 mil quilômetros de praias, do litoral do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul.

O navio

O navio que deu origem ao "Verão da Lata", o Solana Star, partiu da Austrália e parou para recolher a maconha em Singapura. Seu destino oficial era o Panamá, mas no caminho a droga seria distribuída nos EUA, a partir de Miami.

Após 65 dias de navegação, o barco passou a ser perseguido pela Marinha e Guarda Costeira, já perto de Angra dos Reis, após ter que fazer uma baldeação de emergência no Brasil.

Perseguição tem início

O órgão dos EUA responsável pelo combate ao tráfico de drogas, a DEA (Drug Enforcement Administration), emitiu alerta sobre a carga do Solana Star para as autoridades brasileiras, enquanto o navio ainda estava a caminho do País.

A partir daí, uma verdadeira operação de guerra foi montada no Brasil. Um grupo de 15 a 20 homens literalmente caçou o navio por duas semanas, com o apoio de aeronaves, utilizando até uma fragata e um contratorpedeiro da Marinha.

Para se livrar do flagrante das autoridades brasileiras, cerca de 22 toneladas de maconha foram despejadas próximo a Ilha Grande, na costa do Rio de Janeiro. As correntes marítimas ajudaram a espalhar as latas, principalmente, pelo litoral paulista e fluminense.

Antes de desovarem cerca de 15 mil latas, os tripulantes do navio, que já estavam sem comida e água potável, pensaram em afundar o Solana Star.

Segundo o plano, eles pegariam outro barco nos EUA, retornando para buscar o carregamento no fundo do mar meses depois.

Os envolvidos

Seis norte-americanos e um costa-riquenho, com idades entre 32 e 52 anos, formavam a tripulação registrada do Solana Star que desembarcou no Rio de Janeiro. O cozinheiro da embarcação foi o único preso.

Após três inspeções, somente dez centigramas de maconha foram encontradas pelas autoridades nos depósitos do Solana Star.

O cozinheiro foi condenado a 20 anos de cadeia, mas foi absolvido em segunda instância, após passar um ano na prisão.

Qualidade da maconha

Considerada de "qualidade superior", cada lata de maconha poderia ser vendida por até 500 dólares no Rio de Janeiro.

Das 15 mil latas jogadas no mar, a polícia apreendeu somente 2.563.

O resto teria sido consumido ou se perdeu nos mares brasileiros.

Buscas e prisões

Mesmo quem não consumia a maconha, procurava pelas latas. Durante o dia, quem as achava escondia na areia e revendia posteriormente para intermediários.

Alguns surfistas viraram traficantes. Pescadores e marinheiros também trocavam as latas, que tinham alto valor, por pranchas, redes de pesca, carros e até casas.

Muitas pessoas chegaram a ser presas em posse das latas. Um caseiro, por exemplo, foi preso com 334 latas escondidas em uma mansão em Angra dos Reis.

O fim do navio

O Solana Star foi apreendido e leiloado, ganhando um novo nome: Tunamar, destinado à pesca de atum.

Porém, logo em sua viagem inaugural, em 11 de outubro de 1994, ele afundou quando fazia uma viagem de Niterói ao litoral de Santa Catarina.

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