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Há 80 milhões de anos, dinossauros viviam nesta cidade do interior de SP

O município paulista ganha destaque internacional por descobertas científicas ligadas a dinossauros

Fábio Rocha

Publicado em 24/10/2025 às 14:15

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Ibirá se consolida como um dos principais polos paleontológicos do Brasil / Imagem gerada por IA/ImageFX

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Você pode nunca ter ouvido falar de Ibirá, no interior de São Paulo, mas a pequena cidade está ganhando destaque no cenário científico internacional, e por um motivo digno de cinema: ela foi, há cerca de 80 milhões de anos, o lar de enormes dinossauros. 

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Uma nova pesquisa revelou não apenas a presença desses animais pré-históricos na região, como também descobertas inéditas sobre doenças que afetaram esses gigantes do passado.

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Em um novo estudo publicado na prestigiada revista científica The Anatomical Record, pesquisadores apoiados pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) identificaram um conjunto de fósseis de saurópodes, os famosos dinossauros pescoçudos, no sítio paleontológico Vaca Morta, localizado em Ibirá. 

Os fósseis pertencem a seis indivíduos do período Cretáceo, e trazem à tona informações inéditas sobre a saúde desses animais.

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A cidade abrigou grandes saurópodes há cerca de 80 milhões de anos, durante o período Cretáceo / Palaeotaku/Wikimmedia Commons
A cidade abrigou grandes saurópodes há cerca de 80 milhões de anos, durante o período Cretáceo / Palaeotaku/Wikimmedia Commons
Pesquisadores apoiados pela FAPESP identificaram fósseis no sítio paleontológico Vaca Morta, em Ibirá / Fotos a seguir: Imagens geradas por IA/ImageFX
Pesquisadores apoiados pela FAPESP identificaram fósseis no sítio paleontológico Vaca Morta, em Ibirá / Fotos a seguir: Imagens geradas por IA/ImageFX
Os fósseis pertencem a seis dinossauros saurópodes  os "dinossauros pescoçudos" herbívoros de grande porte
Os fósseis pertencem a seis dinossauros saurópodes os "dinossauros pescoçudos" herbívoros de grande porte
Foram encontradas evidências de osteomielite, uma infecção óssea grave causada por micro-organismos
Foram encontradas evidências de osteomielite, uma infecção óssea grave causada por micro-organismos
Os ossos não mostraram sinais de cura, indicando que os dinossauros morreram durante a infecção
Os ossos não mostraram sinais de cura, indicando que os dinossauros morreram durante a infecção

A equipe de cientistas encontrou marcas claras de osteomielite, uma infecção óssea grave que pode ser causada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários. 

Dica do editor: Cidade do interior de SP já foi habitada por dinossauros e é possível ver fósseis.

De acordo com Tito Aureliano, primeiro autor do estudo e pesquisador da Universidade Regional do Cariri (URCA), do Ceará, essa é uma das primeiras evidências documentadas de infecções em saurópodes. 

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“Existiam poucos achados de doenças infecciosas em saurópodes, o primeiro tendo sido publicado recentemente. Os ossos que analisamos são muito próximos entre si no tempo e de um mesmo sítio paleontológico, o que sugere que a região ofereceu condições para que patógenos infectassem muitos indivíduos naquele período”, afirmou Aureliano.

Os fósseis analisados datam de aproximadamente 80 milhões de anos atrás e não apresentam sinais de regeneração óssea, ou seja, os dinossauros provavelmente morreram enquanto ainda sofriam com a doença. 

As lesões encontradas vão desde a medula até a parte externa dos ossos e possuem uma textura esponjosa, altamente vascularizada, característica da osteomielite. 

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Essas evidências ajudaram a diferenciar o problema de outras doenças ósseas comuns em fósseis, como o osteossarcoma ou a neoplasia óssea, ambos tipos de câncer.

O estudo também contou com o apoio do Instituto de Estudos dos Hymenoptera Parasitoides da Região Sudeste Brasileira (IEHYPA-Sudeste), além do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), vinculado ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Ibirá: a “cidade dos dinossauros”

Com essas novas descobertas, Ibirá se consolida como um dos principais pontos de interesse paleontológico do Brasil. 

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Localizada na região de São José do Rio Preto, a cidade já era conhecida entre pesquisadores pela riqueza de fósseis encontrados em seu subsolo, mas a nova pesquisa reforça sua importância científica a nível global.

Os saurópodes encontrados ali eram herbívoros de grande porte, com longos pescoços e caudas, e faziam parte da fauna que habitava o Brasil durante o Cretáceo Superior, em uma época em que o clima, a vegetação e os ecossistemas eram completamente diferentes dos atuais.

Principais pontos:

  • Ibirá, no interior de São Paulo, ganha destaque internacional por descobertas científicas ligadas a dinossauros.
  • A cidade abrigou grandes saurópodes há cerca de 80 milhões de anos, durante o período Cretáceo.
  • Pesquisadores apoiados pela FAPESP identificaram fósseis no sítio paleontológico Vaca Morta, em Ibirá.
  • Os fósseis pertencem a seis dinossauros saurópodes — os “dinossauros pescoçudos” herbívoros de grande porte.
  • O estudo foi publicado na revista científica The Anatomical Record.
  • Foram encontradas evidências de osteomielite, uma infecção óssea grave causada por micro-organismos.
  • É uma das primeiras evidências de infecções em saurópodes já registradas no mundo.
  • Os ossos não mostraram sinais de cura, indicando que os dinossauros morreram durante a infecção.
  • As lesões atingiam toda a estrutura óssea, da medula à superfície, com textura esponjosa e vascularizada.
  • A análise diferenciou a infecção de outras doenças ósseas, como osteossarcoma e neoplasias.
  • A pesquisa contou com apoio do IEHYPA-Sudeste e do INCT, ligados ao CNPq.
  • Ibirá se consolida como um dos principais polos paleontológicos do Brasil, reconhecido internacionalmente.
  • A fauna local do Cretáceo Superior incluía grandes herbívoros de pescoço longo, típicos dos saurópodes.
  • O clima e o ambiente da época eram totalmente diferentes dos atuais, o que ajuda a compreender a evolução dos ecossistemas brasileiros.


Com informações da Agência FAPESP.

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