"Evolução contrária" surpreende cientistas / Reprodução/Freepik
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Novo estudo revela que tomates estão evoluindo ao contrário e recuperando características extintas há milhões de anos.
Nas Ilhas Galápagos, tomates silvestres estão chamando a atenção de estudiosos por reativarem uma antiga via bioquímica que lhes permite produzir compostos tóxicos que não estão mais presentes nas variedades modernas, após milhões de anos de evolução.
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Cientistas da Universidade da Califórnia, em Riverside, e do Instituto Weizmann, de Israel, ficaram surpresos ao documentar, pela primeira vez, um caso de “evolução reversa” com precisão química e genética em plantas.
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Os pesquisadores analisaram mais de cinquenta amostras coletadas em diferentes ilhas do arquipélago. Foi nas ilhas mais jovens e vulcanicamente ativas — como Fernandina e Isabela — que um padrão inesperado foi identificado.
Os tomates dessas ilhas não apenas produziam alcaloides — compostos amargos que atuam como pesticidas naturais — como também fabricavam uma versão arcaica desses compostos, não observada em tomates desde tempos ancestrais.
Já nas ilhas orientais, mais antigas e ambientalmente estáveis, as plantas continuavam produzindo as versões modernas, comuns nas variedades cultivadas atualmente.
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A distribuição geográfica do fenômeno também sugere uma influência ambiental importante. As ilhas ocidentais, submetidas a condições extremas, geram uma pressão evolutiva distinta. Nelas, recuperar defesas antigas e mais agressivas pode representar uma vantagem vital para a sobrevivência.
Neste caso, a seleção natural parece agir de forma inesperada: em vez de avançar, ela revive defesas do passado quando as circunstâncias exigem.
Esse processo se explica por meio da estereoquímica: os alcaloides “antigos” e “modernos” são compostos pelos mesmos átomos, mas organizados de forma tridimensional diferente — o que altera completamente seu comportamento biológico.
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Para entender como a reversão ocorreu, os cientistas identificaram a enzima responsável pela etapa final da produção desses alcaloides. Descobriram que bastavam apenas quatro alterações na cadeia de aminoácidos dessa enzima para que ela voltasse a funcionar como sua versão ancestral. Com essa mutação, as plantas readquiriram a capacidade de sintetizar os compostos “pré-históricos”.
A importância dessa descoberta está no fato de contrariar um dos princípios clássicos da biologia evolutiva: a ideia de que, uma vez perdido, um traço raramente volta a surgir pela mesma via genética.
Este estudo demonstra que a reversão não apenas é possível, como pode ocorrer de forma precisa, consistente e em populações inteiras.
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Outros casos já foram observados, como serpentes que voltam a desenvolver patas rudimentares ou bactérias que reativam genes antigos. No entanto, nunca antes havia sido documentado com tanto detalhe químico e em uma planta de importância alimentar global.
Este fenômeno não só altera nossa compreensão da evolução vegetal, como também abre novas possibilidades para a engenharia genética. Se bastam algumas alterações para reativar antigas rotas bioquímicas, talvez possamos desenvolver culturas mais resistentes a pragas ou com propriedades medicinais.
E o mais impressionante: estamos falando do tomate, um dos alimentos mais consumidos do mundo.
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