Turistas chegando em uma comunidade indígena na floresta / Imagem gerada por IA
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O turismo no Brasil vem mudando de rosto. Cada vez mais viajantes buscam experiências que vão além do passeio tradicional: querem conexão com a cultura, a natureza e as pessoas locais. Nesse cenário, surge o turismo ancestral, prática em que comunidades indígenas e afrodescendentes abrem suas portas para mostrar tradições, modos de vida e saberes que atravessam gerações.
De acordo com reportagem publicada no El País, esse movimento já é uma realidade em cidades da costa paulista, como Paraty e Ubatuba, onde povos tradicionais estão assumindo o protagonismo de contar suas próprias histórias.
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Na região, a Rede Nhandereko reúne comunidades guarani que oferecem experiências únicas aos visitantes: trilhas na Mata Atlântica, apresentações culturais, oficinas de artesanato e refeições baseadas na culinária indígena. Já os quilombolas locais convidam turistas a conhecer a agricultura familiar, a música e a tradição oral que preservam desde os tempos da escravidão.
Esse esforço ganhou ainda mais visibilidade após o reconhecimento, pela UNESCO, do conjunto “Paraty e Ilha Grande” como Patrimônio Mundial da Humanidade em 2019. Segundo a entidade, a região representa uma rara união entre cultura, história e biodiversidade.
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Quem participa dessas vivências percebe rapidamente que não se trata apenas de turismo, mas de aprendizado e troca. É possível caminhar por trilhas conduzidas por guias indígenas, aprender a trançar cestos de fibra natural, ouvir histórias ao redor de fogueiras e provar pratos ancestrais feitos à base de peixe, mandioca e raízes.
Além das atividades, muitas comunidades oferecem hospedagem simples, em casas ou pousadas familiares, proporcionando uma imersão na vida local.
O turismo ancestral tem gerado impactos positivos diretos: renda para famílias, valorização da identidade cultural e fortalecimento da preservação ambiental. “É uma forma de mostrar que nossa cultura é viva e merece respeito”, relatou um líder guarani à reportagem do El País.
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Por outro lado, ainda existem desafios. A falta de infraestrutura básica em algumas áreas, a dependência de divulgação comunitária e a necessidade de políticas públicas de incentivo são barreiras para ampliar o alcance dessa modalidade.
De acordo com o Ministério do Turismo, as buscas por turismo cultural e comunitário estão em alta, alinhadas às tendências globais que priorizam sustentabilidade e experiências autênticas. Para especialistas, esse modelo representa uma alternativa importante ao turismo de massa, muitas vezes predatório.
Ao visitar iniciativas como a Rede Nhandereko, em Paraty e Ubatuba, o turista não leva apenas fotos de recordação, mas memórias de um encontro verdadeiro com culturas que ajudam a contar a história do Brasil.
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*Com informações do El País, UNESCO, Ministério do Turismo e Rede Nhandereko