Inovação funciona apenas com energia do sol, mas ainda enfrenta limitações de escala e custo / Cortesia dos pesquisadores/MIT
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Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveram uma tecnologia capaz de transformar ar seco em água potável. O protótipo, testado no Vale da Morte, na Califórnia, conseguiu coletar pequenas quantidades de água mesmo em condições extremas.
A proposta é oferecer uma alternativa sustentável para comunidades que sofrem com a escassez hídrica, um problema que afeta bilhões de pessoas em todo o mundo.
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Apesar do potencial, especialistas apontam que o dispositivo ainda precisa evoluir antes de ser aplicado em larga escala.
O sistema é composto por um painel de vidro estruturado em formato de colmeia, preenchido com um hidrogel enriquecido com sal. Esse material é capaz de atrair e absorver a umidade presente no ar, mesmo em locais com baixa umidade relativa.
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Depois, a água retida no hidrogel se condensa na superfície do vidro, formando gotas que escorrem até um reservatório. Dessa forma, é possível obter água potável sem necessidade de eletricidade ou combustível extra.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 25% da população mundial ainda não tem acesso a água limpa.
A situação é agravada pelas mudanças climáticas, que intensificam secas e reduzem a disponibilidade de recursos hídricos naturais.
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Paul Westerhoff, professor da Universidade Estadual do Arizona, explicou à CNN que “os hidrogéis podem inchar até dez vezes seu volume apenas extraindo umidade do ar, funcionando até mesmo em condições muito secas”.
Contudo, ele ressalta que o custo elevado da produção é um obstáculo: a água gerada pode sair até dez vezes mais cara do que a distribuída pelas redes públicas.
O uso de hidrogéis para captar umidade não é exclusivo do MIT. No Deserto do Atacama, no Chile, experimentos já mostraram a possibilidade de coletar pequenas quantidades de água potável a partir da atmosfera.
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Em Las Vegas, cientistas desenvolveram uma membrana de hidrogel inspirada em pererecas capaz de gerar cerca de um galão por dia.
Empresas privadas também investem no setor. A israelense H2OLL e a americana AirJoule são exemplos de startups que disputam espaço nesse mercado, avaliado em mais de US$ 2 bilhões globalmente.
Embora a ideia seja promissora, o protótipo ainda produz volumes reduzidos de água. Nos testes, conseguiu gerar apenas dois terços de uma xícara por dia, quantidade insuficiente para atender necessidades básicas de consumo.
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Para Christopher Gasson, editor da consultoria Global Water Intelligence, "estamos [como sociedade] produzindo uma quantidade bem pequena de água e também é muito difícil imaginar onde ela se encaixa nas fontes de água existentes", disse à CNN.
Assim, o futuro do projeto depende de avanços que aumentem a produção e diminuam os custos, para que a inovação deixe de ser apenas experimental e se torne uma solução prática contra a escassez hídrica.