Cotidiano

São Vicente pode perder estátua de Iemanjá

Três cidades da Baixada já manifestaram interesse em abrigar a imagem, enquanto Prefeitura e Câmara da Cidade não se decidem

Agência Brasil

Publicado em 23/02/2015 às 11:08

Atualizado em 19/04/2021 às 15:03

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A imagem de Iemanjá causa nova polêmica em São Vicente. Em função de um ‘jogo de empurra’ entre a Prefeitura e a Câmara para decidir onde colocá-la, a escultura se encontra na residência do espírita e jornalista Edgar Falcão, que se tornou uma espécie de guardião da estátua, que mede 2,30 metros de altura por 1,5 de largura, pesa 123,2 quilos e é um patrimônio da Cidade.

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Mas a situação pode ficar ainda pior para os cerca de 45 mil praticantes da religião, espalhados por quase 400 terreiros do Município, que sonham em ver Iemanjá embelezando e resguardando a orla vicentina. O vereador Jorge Vieira da Silva Filho, o Carabina (Santos) se interessou em levar a Iemanjá de São Vicente para Santos. “Eu entrei com requerimento e o prefeito Paulo Alexandre Barbosa gostou da ideia. A imagem poderia ser colocada na frente ou atrás do Aquário”, disse Carabina.

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Uma comissão de praticantes que luta por um espaço para abrigar a imagem na orla da praia esteve na última quinta-feira, na Câmara, cobrando uma posição dos vereadores. Os membros disseram que o prefeito Luis Cláudio Bili (PP) informou que a escolha do lugar depende de um projeto legislativo. O projeto deverá ser encaminhado pelo vereador Rafael Barreto (PPS).

“Essa imagem faz parte do patrimônio do Município, avalizada pelo ex-prefeito Tércio Garcia. Santos já manifestou interesse nela. Um vereador de Guarujá e um munícipe de Bertioga também. Mas ela é dos vicentinos. Além da religiosidade, que é o mais importante, existe a questão turística. No Réveillon, milhares de pessoas vão à praia para homenageá-la e agradecê-la”, afirma o diretor da Associação Filhos de Aruanda, Hermogenes Jara.

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O professor e advogado Flávio Viana Barbosa enfatiza que existe uma festa oficial de Iemanjá em São Vicente, que acontece em 8 de fevereiro, e que o ex-prefeito assinou um termo incorporando a imagem ao patrimônio. “O Estado é laico (neutro no campo religioso) e a Cidade já tem monumentos dedicados a evangélicos e católicos. Portanto, não há porque negar espaço às religiões afro”, disse.

O jornalista Edgar Falcão está apreensivo: “Estou guardando a imagem ilegalmente, pois ela deveria estar em um próprio (espaço) público. Mas por falta de segurança e local está em minha casa, cercada por três cães”, enfatiza.

A polêmica da imagem

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Não é de hoje que a instalação da imagem de Iemanjá no Município causa polêmica. Em 2012, o então vereador Hilton Macedo (PSB) apresentou o projeto de lei que autorizava o Executivo a receber em doação da escultura, para ser instalada na Praia do Itararé. No entanto, uma carta aberta distribuída nas igrejas evangélicas da região convocou os fiéis a participar do Abraço da Fé, ato em repúdio ao projeto do vereador, que acabou ocorrendo, em frente ao Teleférico de São Vicente. À frente da manifestação estava o então secretário municipal de Comércio, Indústria e Negócios Portuários, Fernando Bispo, hoje vereador.

Vale lembrar ainda que em 2001, na gestão do então prefeito Márcio França (hoje vice-governador de São Paulo), outra polêmica ocorreu em São Vicente, na época por conta da imagem de Nossa Senhora da Aparecida. O protagonista foi o então secretário de Cidadania e Ação Social, Luis Cláudio Bili (atual prefeito) que, por ser evangélico, retirou a imagem da santa do refeitório das crianças de um centro de convivência e formação de crianças que ficava na Rua Saturnino de Brito, na Praia de Paranapuã.

Naquele ano, uma verdadeira guerra santa se iniciou em São Vicente. De um lado, Bili, alguns vereadores e todas as igrejas evangélicas. Do outro, os demais secretários, principalmente os católicos e simpatizantes da Igreja Católica. Depois de uma semana de embate, o então Padre Paulo Horneaux de Moura (falecido), junto com um grupo de mulheres, organizou uma passeata rumo à Câmara de Vereadores, com a santa em mãos. A ideia era forçar um posicionamento dos vereadores, que ficaram sem saber o que fazer. O prefeito Márcio França voltou e reconduziu a santa ao altar.

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