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Cotidiano

Reforma do Mercado Municipal de Santos fica na promessa

Reportagem esteve no local e detectou que entorno continua esquecido pela Prefeitura

Carlos Ratton

Publicado em 27/01/2015 às 10:41

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Julho de 2014. O Governo Paulo Alexandre Barbosa promete a transformação do Mercado Municipal e entorno em um polo turístico, cultural e gastronômico, com obras estruturais de acessibilidade e reforma geral. Seis meses depois, 26 de janeiro de 2015, 9 horas. Enquanto o Governo iniciava as comemorações dos 469 anos da Cidade, toca o telefone na Redação: “Por favor, venha até o Mercado e veja a situação em que ele se encontra”.

Do outro lado da linha estava José Bezerra de Sá, há 30 anos permissionário dos boxes 6 e 7, desesperado com um problema relativamente simples de ser resolvido: a troca das portas de ferro do prédio do Mercado. Algumas, segundo conta o comerciante, na iminência de cair e atingir algum funcionário ou um dos poucos clientes que ainda frequentam o local, há anos vivendo de promessas, como a citada no início da reportagem.

Abandono           

E não precisa muito esforço para constatar a falta de cuidado com um dos equipamentos mais tradicionais de Santos. Logo de imediato, ao chegar à Praça Iguatemi Martins, uma velha pipa danificada pelo tempo, presa a uma das janelas da fachada do Mercado, já serviu como uma pequena mostra do abandono que há anos assombra o prédio. A poucos metros de uma de suas escadarias, outro problema muito comum: um morador de rua dormia tranquilamente. Garantia que o forte movimento não é mais uma característica do lugar.

Em julho do ano passado, em entrevista à imprensa, o prefeito disse: “Temos um conjunto de obras para resgatar o Mercado Municipal”, dando como certo que a pobreza, a sujeira nas calçadas, o aspecto de abandono e a sensação de falta de segurança estavam com os dias contados, pois a previsão era de R$ 50 milhões de investimentos no entorno do Mercado.

Ontem, o discurso destoava da realidade encarada por Bezerra, que insistia na falta de manutenção. “O vigia responsável pelo Mercado se nega a abrir uma das portas com medo que ela desabe. Além disso, o Mercado está enfestado de pombos. A Administração anterior era mais atenciosa com a gente”, conta o permissionário, apontando para o telhado do equipamento, cuja base de comércio é alimentação.

Edifício precisa de manutenção e entorno é reduto de mendigos (Foto: Matheus Tagé/DL)

Os permissionários reclamam ainda do estado precário da fachada do imóvel, com sujeira, rachaduras, dos banheiros que estão sempre interditados, da falta de manutenção, de segurança e limpeza do entorno. Caçambas de lixo passam dias sem serem recolhidas.

“Não me lembro da última vez que o prédio foi pintado e o telhado vive dando problema. A gente alerta, mas a Prefeitura não faz manutenção periódica. É tudo muito lento”, afirma Denis Alves Brandão, do boxe 65.

Ricardo Higa, do boxe 60, garante não há muito o que comemorar no dia do aniversário de Santos. “Quem vem aqui se assusta. Falta segurança, manutenção, carinho com esse equipamento. O Mercado não tem atrativo. Os permissionários estão sem paciência e os clientes mereciam coisa melhor. Uma Cidade tão bonita e um equipamento histórico tão abandonado”, alerta Higa.

No andar superior, é mantida uma espécie de feira de antiguidades. No entanto, a maioria dos objetos estava sem preço e todos os boxes estavam sem seus respectivos responsáveis. Ou seja, uma feira que não se comercializa nada.

Prefeitura

Apesar do abandono revelado pelos permissionários e da Reportagem não ter constatado operários, nem nos únicos dois banheiros em construção, a Prefeitura de Santos, por intermédio de sua assessoria de imprensa, insiste em revelar que está promovendo a reforma dos banheiros antigos, a construção de outros para deficientes com piso tátil; iniciando a impermeabilização; a troca de toda a iluminação; do piso; realizando uma nova pintura; a troca de corrimão da escadaria; a reforma do telhado e calhas. Prometeu ainda a construção de uma rampa de acessibilidade. Nenhum prazo foi estipulado.

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