Cotidiano
Iniciadas em 2021, no governo Suman, as obras oferecem risco às crianças e adolescentes. O investimento até agora foi de R$ 77,5 milhões
Investimento até agora foi de R$ 77,5 milhões, fruto de um convênio assinado em 2018 com o Ministério do Desenvolvimento Regional / Divulgação
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As obras de construção de três reservatórios de águas pluviais (piscinões), que seriam controlados por comportas, prometiam ser a solução para a macrodrenagem da região do bairro Santo Antônio, em Guarujá. Iniciadas no governo Valter Suman, hoje estão abandonadas.
O investimento até agora foi de R$ 77,5 milhões, fruto de um convênio assinado em 2018 com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Durante as obras, moradores do Conjunto Habitacional Wilson Sório, que fica em frente, detectaram rachaduras nos prédios.
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Recentemente, o promotor de Justiça de Guarujá, Daniel Gustavo Costa Martori, abriu inquérito civil para apurar uma possível situação de risco envolvendo crianças e adolescentes nas obras de macrodrenagem do Rio Santo Amaro. A situação já foi reportada em 2024. Ele fixou 30 dias para a Prefeitura de Guarujá apresentar uma solução para a questão.
A Reportagem tomou conhecimento da situação por meio de vídeo feito por moradores do entorno e obteve os documentos referentes aos procedimentos adotados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP).
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Vale lembrar que a denúncia envolvendo a situação foi encaminhada ano passado pelas mãos do educador e ecologista Matheus Marques, conforme publicado pelo Diário do Litoral. A Prefeitura, então sob o comando de Suman, prometeu resolver a questão.
O vereador Wagner dos Santos Venuto, o Waguinho Fé em Deus, esteve no local e constatou o abandono do canteiro de obras. Ele conversou com a Reportagem e, segundo afirma, já apresentou requerimento na Câmara, pedindo explicações ao atual governo, comandado por Farid Madi.
"Fui lá, sim, fazer o trabalho de fiscalização. Já havia recebido alguns vídeos de crianças que estariam tomando banho naqueles piscinões. Chegando lá, me deparei com algumas crianças pulando naquela água totalmente suja. Algumas pontas de ferro pontiagudas encontram-se no fundo, causando um grande risco de tragédia, até por afogamento", relatou.
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O parlamentar constatou uma situação que se arrasta há meses. "A empresa não colocou nem vigilantes pra coibir a entrada tanto de moradores quanto das crianças. Também me deparei com algumas pessoas em situação de rua montando barraquinhas dentro do canteiro de obra abandonado", revela.
Waguinho Fé em Deus reafirmou que alguns moradores do Wilson Sório alertaram que continuam sendo afetados por rachaduras dentro dos apartamentos. "Foi passado para eles que os problemas seriam sanados com a obra, inclusive de alagamentos no Santo Antônio. Agora, são duas dores de cabeça: os alagamentos e a obra abandonada", dispara, confirmado o gasto de R$ 77 milhões.
Durante o Governo Suman, a informação era de que a empresa responsável pela obra havia garantido reforçar a vigilância no local e que as obras deveriam ser concluídas em fevereiro de 2026. Também seriam instaladas placas de aviso e barreiras físicas adicionais, destacando o perigo e a proibição de entrada de pessoas não autorizadas.
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Além disso, equipes de diversas secretarias da Administração Municipal iriam ao local para conversar com moradores e lideranças comunitárias, a fim de conscientizar a população sobre os riscos.
A justificava também dizia que a área em que as obras estavam sendo executadas estaria situada em uma região influenciada pela maré e que apresenta um solo de baixa qualidade, caracterizado por sua extrema maleabilidade e baixa resistência. Esse contexto geotécnico representava desafios significativos que requeriam monitoramento e controle rigorosos para garantir a estabilidade e segurança das intervenções.
A Administração Suman revelou que um laudo cautelar foi realizado em toda a área de trabalho, com o objetivo de identificar patologias preexistentes nas edificações e no solo. Esse laudo foi crucial para documentar as condições existentes e orientar as ações subsequentes.
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Durante a execução das obras, foi instalada uma instrumentação geotécnica ao lado do Conjunto Habitacional Wilson Sório para monitorar a estabilidade das estruturas. Os dados coletados confirmaram que não houve alterações nas estruturas devido às obras, corroborando as conclusões do laudo cautelar.
Além dos estudos geotécnicos, foram conduzidos estudos hidráulicos detalhados para avaliar o impacto das obras de macrodrenagem no sistema de drenagem da bacia do Rio Santo Amaro.
Esses estudos incluíram a análise de índices pluviométricos, períodos de retorno e tempos de concentração, utilizando modelos hidrológicos para prever o comportamento das vazões durante eventos de precipitação intensa.
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A atual Administração não disse quando a obra será entregue, mas informou que notificou a empresa a colocar o devido monitoramento por meio de vigias atuando 24 horas. O local possui cercamento e placas de alerta