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Cotidiano

Pilões: Moradores buscam retomar a vida após nova enchente

Nível do rio subiu após chuva e inundou casas. Munícipes passaram o dia retirando a lama

Publicado em 23/01/2015 às 11:09

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Não foi a primeira, e dificilmente será a última. Moradores do bairro Pilões, em Cubatão, convivem há tempos com enchentes. A última ocorreu na madrugada de ontem, após a chuva elevar o nível do rio Pilões, que invadiu ruas e casas da região.

Segundo moradores, a enchente começou entre às 2h e 3h. O sistema de alerta, instalado pelos próprios munícipes no ano passado, evitou que o desastre fosse maior. A sirene alertou o bairro a tempo das pessoas recolherem pertences e deixarem as casas. “Tocou o alerta de madrugada. Era muito alto. Eu e meu marido conseguimos recolher os documentos, a televisão e fomos para casa da minha mãe”, contou Macilene Gomes de Amorim, que há 20 anos mora no bairro.

Macilene teve a casa invadida pela água. O estrago não foi tão grande quanto em fevereiro de 2013, quando a água alcançou o teto de sua casa, mas houve perdas. “Eu já queimei muita coisa. Comprei um armário e uma cama, que foram instalados ontem. Duas gavetas foram perdidas. Outra eu não vou nem mexer porque é capaz de ter que jogar fora também”, comentou.

Um aviso da mãe de Macilene, Luciene Gomes de Amorim, evitou que o estrago fosse maior. “Desde 2013 ela tem um espaço com roupas dela na minha casa. Ontem, quando chegou o armário, ela veio buscar as roupas. Eu alertei a ela, disse para esperar a chuva passar porque poderia ocorrer uma nova enchente. Ela poderia ter perdido as roupas”, contou Luciene.

Sofás ficaram encharcados, já a geladeira ainda pode ser aproveitada (Foto: Matheus Tagé/DL)

Agora, Macilene tenta retirar o auxílio-aluguel junto à Prefeitura de Cubatão. Ela tenta desde a enchente de 2013, mas teve o pedido negado sob a alegação de que não havia entregue a documentação a tempo.

Há mais tempo morando na região, Maria de Fátima Alcântara Monteiro caminha pelas ruas e mostra os estragos em cada uma das moradias. Nervosa com a situação, ela aponta para colchões, sofás e eletrodomésticos espalhados pelas ruas. Bens que seus vizinhos perderam. Ela ainda aguarda um apartamento do Programa Serra do Mar, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU). “A CDHU atrasa, o auxílio-aluguel atrasa. Tudo aqui é atrasado. Isso é um inferno”, desabafa a moradora.

Até em pontos mais altos do bairro, a água chegou a alcançar quase um metro, como relatou Luiz Moreira, que ajudava a limpar a casa do irmão. “Tivemos que colocar tudo em cima porque a água, mesmo aqui, chegou a subir”.

O nível do rio voltou a baixar somente por volta das 7h30 de ontem. Aos 78 anos e com problemas cardíacos, Maria de Lourdes Alves de Jesus, precisou deixar sua casa às pressas ao lado do marido, levando apenas documentos e remédios. “Sou cardíaca, não posso passar mais por isso. Não aguento mais. Precisei tomar calmante para poder voltar aqui”, contou a moradora, que desta vez perdeu o colchão e não tem local para dormir.

“Mas eu tenho fé em Deus que o auxílio-aluguel irá sair, pelo menos para eu e meu marido arrumarmos um quartinho e eu levar minhas coisas”, completou.

Enquanto a situação não se resolve, Luciene Gomes de Amorim, que também é vice-presidente da associação de moradores do bairro, resume o sentimento da comunidade. “Não tem o que fazer a não ser seguir em frente. É tocar a vida, limpar tudo e seguir até conseguir sairmos daqui.”

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