Cotidiano
A espécie vive em águas salgadas e é considerada uma das maiores espécies de peixes ósseos do mundo, porém está ameaçado devido à pesca excessiva
A espécie vive em águas salgadas e é considerada uma das maiores espécies de peixes ósseos do mundo / Daniel Prado/Reprodução/Facebook
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Um mero (Epinephelus itajara), peixe ameaçado de extinção, apareceu morto na praia da Barra do Una, em Peruíbe, no litoral sul de São Paulo. O animal chamou a atenção de moradores pelo tamanho: cerca de 2,5 metros de comprimento e aproximadamente 200 quilos.
A espécie vive em águas salgadas e é considerada uma das maiores espécies de peixes ósseos do mundo. O mero está ameaçado devido à pesca excessiva, à exploração durante a desova e à degradação dos manguezais, entre outros fatores.
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Quem encontrou o animal foi o monitor ambiental Diego Prado, que afirmou que o peixe já estava em estado de decomposição. Segundo ele, este é o terceiro exemplar que aparece na região.
'Já é o terceiro que aparece aqui e não sabemos o motivo. Todos tinham quase o mesmo tamanho e não apresentavam marcas de arpão ou ferimentos. Acho que pesava uns 180 quilos e media uns dois metros e meio. Mal conseguimos mexer nele', contou Diego.
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O monitor acredita que os encalhes podem estar relacionados a capturas acidentais em redes de pesca, com posterior descarte, já que a captura do mero é proibida no Brasil.
O biólogo pesqueiro e doutorando Tiago Ribeiro explicou que o nome da espécie vem do tupi 'Itajara', que significa 'senhor das pedras'. Segundo ele, o mero costuma formar cardumes em recifes ou naufrágios e pode chegar perto de mergulhadores, devido à sua curiosidade natural.
'São peixes muito longevos e demoram mais de 20 anos para atingir a maturidade sexual. Nascem fêmeas e, quando vivem em grupos, o maior indivíduo se transforma em macho — um processo conhecido como hermafroditismo protogínico', explicou o biólogo.
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Tiago reforçou que a ocorrência de três encalhes recentes pode estar relacionada à presença em redes de pesca, das quais os animais se soltaram ou foram liberados.
'Atualmente, não há uma base científica consolidada que permita entender a ocorrência e a distribuição do Epinephelus itajara na região da Juréia-Itatins, litoral sul de São Paulo. Por isso, seria fundamental implementar um monitoramento sistemático da espécie, com o objetivo de coletar dados sobre presença, abundância e padrões de distribuição. Isso ajudaria nas ações de conservação e manejo', destacou.
O mero pode ser encontrado desde a Flórida (EUA) até a América do Sul e também na África Ocidental, entre Senegal e Cabinda (Angola), em profundidades de 1 a 100 metros. Pode atingir 2,5 metros de comprimento e pesar até 363 quilos. Vive em recifes rochosos, naufrágios, estruturas artificiais e plataformas petrolíferas.
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