Cotidiano

Pedidos de urgência do prefeito criam mal-estar entre vereadores de Santos

Parlamentares como Banha (MDB), Benedito Furtado (PSB), Fabiano da Farmácia (PL), Fabrício (Podemos) e Telma (PT) foram contra

LG Rodrigues

Publicado em 09/07/2020 às 07:15

Compartilhe:

Quase metade dos vereadores de Santos ficou inconformada com pedidos e PLCs tramitarão em urgência após serem aprovados por 12 a 7 e 11 a 8 / Nair Bueno/DL

Os dois últimos pedidos para que projetos de lei de autoria do prefeito Paulo Alexandre Barbosa passem a tramitar em regime de urgência na Câmara dos Vereadores de Santos ainda deverão repercutir durante pelo menos toda esta primeira quinzena de julho. As votações para diminuir o tempo de apreciação dos PLs, que preveem suspensão do repasse ao IPREVSANTOS e isenção do IPTU do CAT fizeram alguns dos edis se manifestar afirmando que urgência, ao menos neste momento, só deve ser pedida quando vidas estão em jogo.

A barulhenta sessão ordinária que culminou com farpas de praticamente todos os lados ocorreu durante a noite desta terça-feira (7) por meio de videoconferência, medida adotada pelos vereadores de Santos desde o primeiro trimestre de 2020 de modo a não interromper os trabalhos mesmo durante o período de pandemia de coronavírus que assola o planeta e que já matou mais de 380 pessoas apenas em Santos.

A sessão foi iniciada por volta das 18h04 e logo após os cumprimentos iniciais do presidente da casa, o vereador Rui de Rosis (PSL), o primeiro secretário, Geonísio Pereira de Aguiar (PL), o Boquinha, realizou a chamada para confirmar a presença dos demais parlamentares. Após alguns procedimentos iniciais, a videoconferência ficou travada por alguns poucos minutos e, nesse momento, foi lido o primeiro pedido de urgência do prefeito Paulo Alexandre Barbosa.

O pedido em questão se deu em referência ao Projeto de Lei Complementar 17/2020 que trata de autorizar a suspensão do repasse ao Instituto de Previdência Social dos Servidores Públicos Municipais de Santos - IPREVSANTOS. A votação, entretanto, ocorreu de maneira rápida e muitos dos parlamentares não conseguiram se manifestar a respeito do assunto. Ao notar que o Presidente da Casa de Leis prosseguiria com a leitura do pedido de urgência do projeto seguinte, denominado 19/2020 e que prevê autorizar isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU, dos imóveis nos quais sediado o equipamento público denominado 'Centro de Atividades Turísticas - CAT', os parlamentares ficaram indignados.

Ao notar que não conseguiria dar prosseguimento aos trabalhos devido à indignação de quase metade dos vereadores, o presidente Rui de Rosis decidiu reiniciar todas as votações e deu espaço para os líderes de bancada pudessem se manifestar a respeito do assunto.

"Outro dia demitiram 38 empregados nas docas, entrei em contato com ele [Paulo Alexandre] e ele me mandou um 'joinha'. Vamos discutir com mais seriedade. Tô com outro problema hoje, entrei em contato com ele [Paulo Alexandre] ontem, um outro problema sério que está acontecendo na cidade envolvendo vidas e ele sequer leu e eu vou estar preocupado com projeto que o prefeito manda? Presidente, qualquer projeto que entre aqui para mim vai seguir o ritual normal, não tem que ter urgência para nada, tem é que ter urgência para tudo na cidade, desempregar portuários, animais ficar morrendo na cidade por ineficiência do governo. Entende? Tudo é importante para a cidade e não só o que o prefeito quer. Eu sou visceralmente contra urgência para qualquer projeto", afirmou o vereador Benedito Furtado (PSB).

Outro parlamentar que se demonstrou profundamente irritado com a medida foi Antonio Carlos Banha Joaquim (MDB).

"Eu vejo com muito espanto, justamente nesse instante, pautar dois projetos pelo regime de urgência tendo em vista que com essa pandemia, com o número de mortos, de comerciantes fechados. A gente vem dizer que isenção de equipamento público é urgente? Isso é um desrespeito com o erário. Duas leis que não vão resolver praticamente nada. Isso não é prioridade, isenção no momento em que falta recurso nos cofres públicos? Tá tudo errado", afirmou

Nesta quarta-feira (8), ele prosseguiu com o discurso e afirmou que o entendimento dos PLs deve ser o mais claro possível.

"Ainda que o prefeito tenha votos a seu favor, a população precisa entender o que está sendo votado para poder cobrar de seus representantes. Votamos, ontem, sem nenhum munícipe perceber, um contrassenso, pois, de um lado o prefeito apresenta projeto alegando que precisa de dinheiro e pretende deixar de fazer repasse ao Iprev, pagar o empréstimo e prorrogar outras dívidas até o final do ano, deixando toda a conta para o outro prefeito pagar, do outro lado, o prefeito apresenta isenção de IPTU".

A sessão seria encerrada com, também, a aprovação do ritual de urgência para o projeto 19/2020, que prevê isenção do IPTU ao CAT. Telma de Souza seguiu inconformada nesta quarta.

"Santos vai bater a marca de 11 mil pessoas infectadas por Covid e quase 400 mortos. Enquanto isso, o Executivo tem enviado uma série de projetos à Câmara no 'afogafilho', como a isenção de IPTU do novo Centro de Convenções da Ponta da Praia e a revitalização do Quebra Mar. Sem esquecer do projeto para a suspensão do pagamento para o Instituto de Previdência Social dos Servidores Públicos. Porém, o momento exige outras preocupações. Não há testes para a Covid-19 no Consultório na Rua. Houve uma redução expressiva das linhas de ônibus, que estão cada vez mais cheios. Inúmeras famílias continuam sem acesso às cestas básicas e a fila para atendimento na saúde continua enorme, com milhares de pacientes aguardando tratamento em casa ou nas UPAs. Quais são as prioridades de Santos?", questionou a vereadora.

"Urgência para mim é saúde, assistência social e educação. Todo o resto, pode esperar. A Câmara não pode ser uma chancelaria da prefeitura e projetos como estes precisam ser melhor debatidos", afirmou Fabricio Cardoso.

Membro da base do governo municipal, o vereador Adilson Junior (PP), tentou argumentar em favor do prefeito em relação à interrupção do repasse ao IPREVSANTOS.

"São 45 dias de encaminhamento. Não é que não podemos apreciar, lógico que podemos, temos todo o tempo necessário. Vários projetos aqui ao longo da história foram apreciados, depende do entendimento. Aqui não está sendo feita a votação, é a tramitação nas comissões. Todos estamos vivendo um momento muito delicado do ponto de vista econômico, damos indicações, necessidades, de testes de Covid em bairros, para atender a população, para ampliar entregas de cestas básicas e tudo isso depende de uma coisa muito simbólica, que é recurso, dinheiro. Esse recurso da ordem patronal não passará ao Iprev nesse momento, mas com a obrigatoriedade de ser repassado a partir do ano que vem. O que está se colocando no projeto é a possibilidade não só de retorno desse recurso, mas ele corrigido com o IPCA mais 6%, o que é muito mais atrativo do que muitos investimentos. Então não se trata de calote, não existe calote quando você tem uma garantia de receber o dinheiro e ainda corrigido".

Ele também comentou sobre a isenção do IPTU do CAT e negou que o projeto tenha algum tipo de relação com o Iprev.

"A visão da gestão pública tem que ser ampla, uma coisa não liga à outra. Não é porque em uma você está dando a possibilidade de obter receita e na outra você está ofertando a vantagem para se ter alguém que opere [o CAT]. É justamente isso, para não se ter recursos públicos lá. Não é isenção por isenção. Não tem anda de 'Ah, porque ali eu to pedindo mais recursos e aqui eu to dando', não tá dando nada, até porque nunca gerou IPTU lá, o IPTU é zero, aquele equipamento não existia".

Os dois projetos do prefeito deverão tramitar em até 45 dias antes de retornar ao plenário para que sejam votados em primeira discussão.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Diário Mais

Ultrapassagem pela direita não dá só raiva, dá multa também; entenda

De acordo com o Código de Trânsito Brasileira, a manobra é proibida e pode gerar multa e pontos na carteira

Diário Mais

Litoral brasileiro tem praia calma, com água rasa e mirante especial; conheça

O Diário do Litoral te explica como chegar nessa maravilhosa opção de lazer e diversão

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter