Cerca de dois metros quadrados do forro desabaram / Rodrigo Montaldi/DL
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Cerca de dois metros quadrados do forro do salão principal do Pantheon dos Andradas, localizado na Praça Barão do Rio Branco, 16, no Centro Histórico de Santos, desabou na manhã de ontem. A sorte que, no momento do incidente, nenhum visitante e os dois funcionários do equipamento circulavam pelo local. No entanto, segundo informações obtidas pela Reportagem, não é a primeira vez que isso ocorre no jazigo das cinzas de José Bonifácio de Andrada e Silva, o ‘Patriarca da Independência’, e de seus irmãos Antônio Carlos, Martim Francisco e padre Patrício Manuel.
“São os eternos problemas no telhado. Há infiltrações que ainda não foram sanadas. O material que caiu outro dia deveria pesar uns 10 quilos. A situação do prédio anexo contribui para a situação, mas a falta de manutenção e cuidados com espaço são nítidos”, disse um assíduo frequentador, que também sou da situação e foi conferir no momento que o Diário esteve no Pantheon.
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Inaugurado 7 de setembro de 1923, o templo cívico ocupa o espaço da antiga portaria do Convento do Carmo e conta com monumento projetado pelo escultor Rodolfo Bernardelli, feito na Itália. As peças chegaram em 19 caixas, foram a leilão por questões alfandegárias e arrematadas por comerciantes e pela Sociedade Humanitária de Santos.
Estátua
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A estátua jacente, em relevo, de José Bonifácio, encontra-se no centro do salão principal. Sob ela, em duas caixas de aço, está grande parte de seus restos mortais. Durante 31 anos, o corpo ficou sepultado na nave do altar-mor da Igreja do Convento do Carmo, sem nenhuma identificação mais significativa, até que, em 1869, Antônio Carlos do Carmo, artista circense, descobriu o túmulo e obteve autorização para colocar uma laje de mármore enaltecendo o santista.
Confeccionada em mármore branco, à esquerda do monumento do patriarca está a urna funerária de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, iluminada por pequeno lustre pendente de vidros coloridos. A urna funerária de Martim Francisco Ribeiro de Andrada encontra-se à direita do monumento ao patriarca e, sobre ela, lustre pendente de vidros coloridos preso a duas correntes formando um triângulo invertido, um dos símbolos da Maçonaria, à qual pertenciam os irmãos Andrada.
No espaço em estilo colonial, com colunas inspiradas nas lojas maçônicas e iluminação indireta, projeto do engenheiro santista Roberto Simonsen, há ainda oito painéis de bronze em baixo-relevo que descrevem cenas da história do Brasil, além de inscrições de frases dos irmãos Andradas.
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Prefeitura
A Secretaria de Cultura (Secult) informa que hoje uma equipe técnica examinará a situação de calhas e do telhado em busca de entupimentos e pontos de infiltração, efetuando o pronto reparo. A Secult também informa que no ano passado, o telhado do mausoléu recebeu reparos devido à queda de reboco proveniente de reforma do prédio ao lado (particular). O trabalho de restauração foi executado pela empresa que realizava a reforma do prédio anexo, com equipe e material próprios, sem ônus à Prefeitura.
A Administração destaca que o edifício histórico é atingido pela trepidação do solo causada pelo intenso movimento de caminhões no porto, próximo ao local, que ocasiona a movimentação de telhas, facilitando o surgimento de infiltrações. Tal fato ocorre mesmo com o frequente serviço de realinhamento executado pela Prefeitura.
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Outeiro e Casa Azulejada estão abandonados
Em entrevista ao jornal, publicada na última segunda-feira (18), o promotor afastado Daury de Paula Júnior (pré-candidato a deputado estadual pelo MDB) disse que, no começo do ano passado, estava prevista no Outeiro um Centro de Memória Fotográfica provenientes de uma multa ambiental de R$ 1,8 milhão.
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“Três empresas se ofereceram para realizar o restauro, a empresa penalizada concordou em pagar e os órgãos de preservação já haviam autorizado. Em junho do ano passado, minutamos um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), eu assinei e ficamos aguardando a assinatura da Prefeitura, o que não ocorreu. O Centro seria inaugurado no aniversário de Santos. O dinheiro acabou sendo depositado no Fundo Estadual de Interesses Difusos e o Outeiro ficou como está. Para a Casa de Frontaria também existe projeto aprovado, mas não tem dinheiro”, disse.
Sobre as declarações de Daury, a Prefeitura garante que o documento apresentado a título de “projeto arquitetônico” oriundo do TAC não reunia as condições mínimas adequadas para análise a aprovação dos órgãos técnicos competentes. Já Casa da Frontaria e do Trem Bélico são alvos de estudo para restauro.
“A Prefeitura, por meio de sua equipe técnica, está empenhada na elaboração de projetos que resultem em intervenções abrangentes e significativas nos equipamentos do Centro Histórico de Santos. Para tanto vem realizando estudos para reformas, implementação de acessibilidade e restauro, sempre de acordo com o uso de cada equipamento”, finaliza a nota.
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