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Cotidiano

Países asiáticos ficam irritados com relatos de espionagem dos EUA e aliados

As acusações ocorrem em meio a protestos internacionais sobre alegações de que os Estados Unidos espionam as comunicações telefônicas de 35 líderes mundiais

Agência Brasil

Publicado em 31/10/2013 às 12:59

Atualizado em 20/08/2021 às 15:35

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Os governos da China e de países do sudeste asiático exigiram nesta quinta-feira explicações dos Estados Unidos e seus aliados após denúncias, divulgadas por meios de comunicação, de que embaixadas norte-americanas e australianas na região estariam sendo usadas por Washington como centros de coleta de dados secretos.

As acusações ocorrem em meio a protestos internacionais sobre alegações de que os Estados Unidos espionam as comunicações telefônicas de 35 líderes mundiais.

Documentos divulgados por Edward Snowden, ex-analista terceirizado da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), e publicado nesta semana pela revista alemã Der Spiegel descreve um programa de inteligência chamado "Stateroom", pelo qual as embaixadas dos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá abrigariam secretamente equipamentos de vigilância para coletar comunicações eletrônicas. Esses países, juntamente com a Nova Zelândia, teriam um acordo de compartilhamento de informações de segurança conhecido como "Five Eyes" (cinco olhos).

A China está muito preocupada com esses relatos e exige esclarecimento e explicações", afirmou a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Hua Chunying.

A empresa de comunicação australiana Fairfax publicou nesta quinta-feira que as embaixadas da Austrália envolvidas na coleta de dados são as instaladas em Jacarta, Bangcoc, Hanói, Pequim e Díli, no Timor Leste, além das Altas Comissões em Kuala Lumpur e Port Moresby, na Papua Nova Guiné.

A matéria da Fairfax, que teve como base documentos da Der Spiegel e entrevistas com ex-agentes de inteligência - que falaram em condição de anonimato -, diz que essas embaixadas são usadas para interceptar ligações telefônicas e dados de internet em toda a Ásia.

Em comunicado, o ministro de Relações Exteriores da Indonésia, Marty Natalegawa, diz que seu governo "não pode aceitar e protesta veementemente contra as informações sobre a existência de instalações de escuta na embaixada norte-americana em Jacarta".

"Enfatizamos que, se forem confirmadas, tais ações não são apenas uma quebra de segurança, mas também uma séria violação das normas e da ética diplomáticas e, certamente não estão de acordo com o espírito das relações de amizade entre as nações", afirmou ele.

Os documentos de Snowden dizem que os equipamentos de vigilância ficam ocultos e incluem antenas que "muitas vezes ficam escondidas em características arquitetônicas falsas ou no teto de galpões de manutenção".

Des Ball, especialista australiano em inteligência, disse à Associated Press que viu antenas disfarçadas em cinco das embaixadas citadas pela Fairfax. Ele se recusou a fornecer mais detalhes ou especificar quais eram as embaixadas, mas afirmou que o que a Der Spiegel revelou não é surpreendente ou incomum.

Muitos países tem usado embaixadas como bases para ouvir, secretamente, ligações telefônicas. Segundo ele, relatos sobre esse tipo de atividade são conhecidos há décadas. "Nós usamos as embaixadas para recolher material que não podemos recolher com estações terrestres aqui na Austrália e muitos países fazem isso", declarou Ball, professor do Centro de Estudos de Defesa da Universidade Nacional Australiana.

Segundo os documentos divulgados por Snowden, os locais de espionagem têm tamanho e pessoal reduzidos. "Eles são disfarçados e sua verdadeira missão não é conhecida pela maioria do pessoal diplomático na instalação onde trabalham."

O Departamento de Assuntos Externos e Comércio recusou-se a comentar as matérias publicadas. O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, disse que apenas que o governo não infringiu qualquer lei.

"Cada agência do governo australiano, cada funcionário australiano, em casa ou no exterior, opera de acordo com a lei", afirmou Abbott aos jornalistas. "E é isso que eu posso garantir ao povo."

Apesar disso, países citados nos documentos demonstraram sua indignação.

O ministro do Interior da Malásia, Ahmad Zahid Hamidi, disse que seu governo vê as acusações como algo sério e vai investigar se a embaixada norte-americana em Kuala Lumpur foi usada para espionagem. O partido de oposição ao governo emitiu um comunicado nesta quinta-feira pedindo que o governo malaio apresente um protesto às embaixadas do Estados Unidos e da Austrália.

O secretário-geral de Segurança Nacional da Tailândia, tenente-general Paradorn Pattanathabutr, disse que o governo afirmou aos Estados Unidos que espionagem é um crime de acordo com a lei tailandesa e que o país não vai cooperar se receber solicitação para ajudar com as escutas.

Perguntado sobre as acusações em relação à embaixada da Austrália, ele disse que os australianos não são capazes de fazer um trabalho de vigilância tão sofisticado. "No que diz respeito à tecnologia e seus mecanismos, os Estados Unidos são mais engenhosos e avançados do que a Austrália", disse ele. "Então, posso dizer que não é verdade que a embaixada australiana é usada como centro de comunicações para espionagem " 

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