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Cotidiano

Mulher costura pelúcias para sustentar família em Santos

Há mais de um mês, Elaine tenta vender uma rifa dos personagens que produz, mas poucas pessoas se interessam

Vanessa Pimentel

Publicado em 03/05/2021 às 07:32

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Para comprar os materiais, atrasou o aluguel, mas deu certo. Os produtos que fez foram vendidos no Natal e o valor pagou algumas contas / Nair Bueno/DL

Elaine Seskiene tem 33 anos e uma vida toda de luta contra a pobreza. Aos 17, se casou com um homem também sem posses, que trabalhava como vigilante. O casal teve dois filhos, Elliot, nascido com transtorno do espectro do autismo (TEA), hoje com 14 anos, e Isabelle, de 11.

Durante anos, a família morou na casa da sogra de Elaine. Com o tempo e um pouco de dinheiro suado, conseguiram alugar um imóvel só para eles. Mas em 2014 a mãe de Elaine teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e sua nova condição precisava de atenção 24 horas.

Como o grau da doença de Eliott também exige cuidados diários, o vigilante saiu do emprego para olhar o filho, enquanto Elaine cuidava de sua mãe. Sem renda, a família passou a se sustentar com os benefícios do governo e a morar na casa da mãe de Elaine pela impossibilidade de pagar o aluguel.

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Em 2019, a mãe de Elaine faleceu e a casa onde moravam foi vendida. Com o pouco dinheiro que veio da divisão do bem, a família precisou voltar para o aluguel, no morro do José Menino, em Santos.

"Tem sido muito difícil retomar a vida. Como meu marido ficou fora do mercado por quase dois anos, agora está complicado conseguir emprego de novo. E por causa da condição do meu filho, eu não consigo trabalhar fora", explica.

O jovem, às vezes, tem crises tão fortes que chega a arrancar a espuma do sofá ou quebrar objetos da casa. Sem dinheiro, tudo fica como está.

Cansada dessa situação, Elaine, que admite ter um talento especial para o artesanato, passou a ver vídeos no Youtube que ensinam como fazer pelúcias e decidiu investir nisso no fim do ano passado, pensando nas encomendas para o Natal.

Para comprar os materiais, atrasou o aluguel, mas deu certo. Os bichinhos que fez foram vendidos e o retorno financeiro pagou algumas contas atrasadas.

Mesmo assim, a renda ainda não é suficiente para bancar a família. Por isso, Elaine passou a divulgar o trabalho que faz pela internet, com ajuda da filha.

Elas criaram a marca Pinky Minky e a divulgam no Facebook, Instagram(@pinkyminkydesigns) e Tiktok (@pinkyminkydesign). Mas com poucos seguidores, ainda está difícil tornar o trabalho mais conhecido na região.

ROTINA

Elaine explica que a produção ainda é limitada porque como ela não sabe usar bem a máquina de costura, acaba fazendo quase tudo à mão.

Como não pode desperdiçar tempo nem materiais, ela trabalha por encomenda e explica que os mais pedidos são os personagens do jogo Among Us, Pokémon e do Minicraft.

RIFA

Em mais uma tentativa de se fazer conhecida no ramo de pelúcias, a família lançou em 8 de março uma rifa onde o vencedor ou vencedora leva um kit Pokémon, "recheado com fibra sintética e amor", como Elaine descreve seus produtos.

O sorteio estava marcado para o dia 29 de abril, mas com a baixa procura, ela estendeu até o dia 9 de maio. Quem quiser participar pode entrar em contato com ela pelas redes sociais ou whatsapp (13) 99156-5442. O valor da rifa é R$ 3.

NUREX

Por fim, Elaine conta que o filho estuda na escola Nurex (Núcleo de Reabilitação de Excepcional São Vicente de Paulo), em Santos, e que é tão grata pelo apoio que recebe na instituição, que gostaria de retribuir.

"Eles precisam de doações porque ajudam muitas famílias com cestas básicas. Então, quem puder ajudar também a escola, me faria muito feliz".

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