Para comprar os materiais, atrasou o aluguel, mas deu certo. Os produtos que fez foram vendidos no Natal e o valor pagou algumas contas / Nair Bueno/DL
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Elaine Seskiene tem 33 anos e uma vida toda de luta contra a pobreza. Aos 17, se casou com um homem também sem posses, que trabalhava como vigilante. O casal teve dois filhos, Elliot, nascido com transtorno do espectro do autismo (TEA), hoje com 14 anos, e Isabelle, de 11.
Durante anos, a família morou na casa da sogra de Elaine. Com o tempo e um pouco de dinheiro suado, conseguiram alugar um imóvel só para eles. Mas em 2014 a mãe de Elaine teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e sua nova condição precisava de atenção 24 horas.
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Como o grau da doença de Eliott também exige cuidados diários, o vigilante saiu do emprego para olhar o filho, enquanto Elaine cuidava de sua mãe. Sem renda, a família passou a se sustentar com os benefícios do governo e a morar na casa da mãe de Elaine pela impossibilidade de pagar o aluguel.
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Em 2019, a mãe de Elaine faleceu e a casa onde moravam foi vendida. Com o pouco dinheiro que veio da divisão do bem, a família precisou voltar para o aluguel, no morro do José Menino, em Santos.
"Tem sido muito difícil retomar a vida. Como meu marido ficou fora do mercado por quase dois anos, agora está complicado conseguir emprego de novo. E por causa da condição do meu filho, eu não consigo trabalhar fora", explica.
O jovem, às vezes, tem crises tão fortes que chega a arrancar a espuma do sofá ou quebrar objetos da casa. Sem dinheiro, tudo fica como está.
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Cansada dessa situação, Elaine, que admite ter um talento especial para o artesanato, passou a ver vídeos no Youtube que ensinam como fazer pelúcias e decidiu investir nisso no fim do ano passado, pensando nas encomendas para o Natal.
Para comprar os materiais, atrasou o aluguel, mas deu certo. Os bichinhos que fez foram vendidos e o retorno financeiro pagou algumas contas atrasadas.
Mesmo assim, a renda ainda não é suficiente para bancar a família. Por isso, Elaine passou a divulgar o trabalho que faz pela internet, com ajuda da filha.
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Elas criaram a marca Pinky Minky e a divulgam no Facebook, Instagram(@pinkyminkydesigns) e Tiktok (@pinkyminkydesign). Mas com poucos seguidores, ainda está difícil tornar o trabalho mais conhecido na região.
ROTINA
Elaine explica que a produção ainda é limitada porque como ela não sabe usar bem a máquina de costura, acaba fazendo quase tudo à mão.
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Como não pode desperdiçar tempo nem materiais, ela trabalha por encomenda e explica que os mais pedidos são os personagens do jogo Among Us, Pokémon e do Minicraft.
RIFA
Em mais uma tentativa de se fazer conhecida no ramo de pelúcias, a família lançou em 8 de março uma rifa onde o vencedor ou vencedora leva um kit Pokémon, "recheado com fibra sintética e amor", como Elaine descreve seus produtos.
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O sorteio estava marcado para o dia 29 de abril, mas com a baixa procura, ela estendeu até o dia 9 de maio. Quem quiser participar pode entrar em contato com ela pelas redes sociais ou whatsapp (13) 99156-5442. O valor da rifa é R$ 3.
NUREX
Por fim, Elaine conta que o filho estuda na escola Nurex (Núcleo de Reabilitação de Excepcional São Vicente de Paulo), em Santos, e que é tão grata pelo apoio que recebe na instituição, que gostaria de retribuir.
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"Eles precisam de doações porque ajudam muitas famílias com cestas básicas. Então, quem puder ajudar também a escola, me faria muito feliz".