Essa tática aumenta as chances de sobrevivência, mesmo quando as "imitadoras" vivem em regiões diferentes das suas contrapartes venenosas / Giuseppe Puorto
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A habilidade de se passar por uma cobra venenosa para afastar predadores não é exclusividade das falsas-corais. No Brasil, outro grupo de serpentes domina a arte do disfarce: as falsas-jararacas, um conjunto de cerca de 30 espécies não peçonhentas que imitam a aparência das temidas jararacas, responsáveis por 78% dos acidentes ofídicos no país.
Apesar do visual intimidador, essas cobras são, na maioria, inofensivas ao ser humano e pertencem a gêneros como Dipsas, Thamnodynastes e Xenodon. Elas apresentam padrões e cores semelhantes às jararacas, variando entre cinza, verde, amarelo e marrom, mas diferem em tamanho, formato da cabeça e comportamento.
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Conheça as cobras mais venenosas do mundo, que podem ser suas vizinhas
A boipeva (Xenodon neuwiedii), ou cobra-chata, é uma das mais famosas imitadoras. Quando ameaçada, achata o corpo para parecer maior e exibe uma listra escura próxima aos olhos, semelhante a um “delineado” típico da jararaca. Com cerca de 50 cm de comprimento (contra até 1,5 metro da jararaca verdadeira), alimenta-se principalmente de sapos e pode aparecer em pastagens, plantações e até áreas urbanas.
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As dormideiras (Dipsas bothropoides), por sua vez, têm hábitos pacíficos e raramente ultrapassam 50 cm. Além da coloração similar à da jararaca, são conhecidas por “se fingirem de mortas” ao se sentirem ameaçadas. Vivem em plantações e se alimentam de lesmas e caracóis.
Já a cobra-espada (Tomodon dorsatus) adota comportamento mais agressivo e predatório. Apesar de possuir veneno, sua picada provoca apenas sintomas locais, como dor e inchaço, sem representar riscos graves como a jararaca verdadeira.
O comportamento das falsas-jararacas é resultado do mimetismo, estratégia evolutiva que consiste em copiar visualmente uma espécie perigosa para evitar ataques. Essa tática aumenta as chances de sobrevivência, mesmo quando as “imitadoras” vivem em regiões diferentes das suas contrapartes venenosas.
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Independentemente de serem venenosas ou não, especialistas recomendam não se aproximar de nenhuma cobra encontrada na natureza ou em áreas urbanas. Caso o animal apareça em ambiente residencial, a orientação é acionar as autoridades locais para garantir a segurança de pessoas e do próprio animal.
No Museu Biológico do Parque da Ciência Butantan, é possível observar de perto tanto a jararaca verdadeira quanto uma de suas imitadoras, a cobra-espada, e entender mais sobre a fascinante relação entre aparência e sobrevivência no reino animal.