Cotidiano
O leilão está previsto para abril de 2026, e os contratos firmados terão duração entre 10 e 20 anos, com início da operação de suprimento a partir de agosto de 2028
Na prática, o modelo permitirá que o país armazene o excedente de energia gerado por fontes renováveis, como solar e eólica, para liberá-lo em horários de pico de consumo ou em períodos de escassez / ImageFX
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O Ministério de Minas e Energia (MME) abriu, em novembro de 2025, uma consulta pública inédita para a realização do primeiro leilão de reserva de capacidade energética com foco em sistemas de armazenamento em baterias — uma medida que pode redefinir o futuro do setor elétrico nacional.
O leilão está previsto para abril de 2026, e os contratos firmados terão duração entre 10 e 20 anos, com início da operação de suprimento a partir de agosto de 2028.
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O objetivo do leilão é integrar soluções de armazenamento de energia em larga escala à rede elétrica brasileira, o Sistema Interligado Nacional (SIN), ampliando sua segurança e flexibilidade.
Na prática, o modelo permitirá que o país armazene o excedente de energia gerado por fontes renováveis, como solar e eólica, para liberá-lo em horários de pico de consumo ou em períodos de escassez. Essa capacidade de resposta rápida ajuda a evitar racionamentos e acionamentos emergenciais de usinas térmicas, mais poluentes e caras.
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Segundo o ministro Alexandre Silveira, o leilão representa 'um passo rumo a uma matriz mais limpa, segura e inovadora'.
O edital prevê a contratação de aproximadamente 2 gigawatts (GW) em sistemas de armazenamento de energia, conhecidos como BESS (Battery Energy Storage Systems). O investimento estimado é de R$ 10 bilhões, mas o potencial do mercado pode chegar a R$ 40 bilhões até 2030, segundo projeções do MME e de analistas do setor.
Esses sistemas permitirão que o Brasil aproveite ao máximo sua geração renovável, especialmente a eólica e a solar, que juntas já respondem por quase 37% da matriz elétrica nacional.
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De acordo com o Global Wind Report 2025, o país ocupa o 5º lugar no mundo em energia eólica onshore, com capacidade instalada de 33 GW. Já a energia solar, segunda principal fonte do país, representa 23,5% da capacidade total instalada.
O governo brasileiro busca atrair investidores estrangeiros, especialmente da China, maior fabricante mundial de baterias. Durante a missão oficial à Ásia, em novembro, o ministro Alexandre Silveira reuniu-se com representantes de empresas como Huawei Digital Power, BYD, CATL, Envision, Sungrow, HyperStrong e Hithium Energy Storage, que já sinalizaram interesse em participar do leilão.
Essas companhias dominam a produção global de tecnologias de armazenamento e têm papel estratégico no avanço da transição energética — tanto pelo fornecimento de baterias de alta capacidade quanto por investimentos diretos em infraestrutura elétrica.
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O leilão será realizado sob o modelo LRCAP (Leilão de Reserva de Capacidade), que prevê duas etapas:
Primeira rodada (março de 2026): contratação de usinas termelétricas a gás natural, carvão mineral e hidrelétricas.
Segunda rodada (abril de 2026): contratação dos sistemas de armazenamento em baterias.
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A proposta prevê que as empresas vencedoras disponibilizem energia sob demanda, contribuindo para estabilizar o sistema elétrico nacional. A consulta pública em andamento definirá os critérios técnicos, ambientais e de localização das instalações, além do modelo de remuneração e das exigências regulatórias para operação.
Com o avanço da eletrificação da frota de veículos e a expansão das energias renováveis, o Brasil enfrenta um novo desafio: armazenar energia limpa de forma eficiente e sustentável.
Os sistemas de baterias de grande escala prometem revolucionar a gestão da energia no país, tornando-a mais resiliente, moderna e menos dependente de combustíveis fósseis.
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Para especialistas, o leilão de 2026 marca o início da era do armazenamento energético no Brasil, consolidando o país como líder em geração renovável e inovação na América Latina.