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Cotidiano

Igualdade de gênero acrescentaria até US$ 850 bi à economia do Brasil, diz estudo

Isso ocorre porque a discriminação impede que a mulher atinja todo seu potencial no trabalho

Folhapress

Publicado em 29/11/2015 às 19:35

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Para além do discurso politicamente correto, a igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho é também lucrativa. De acordo com estudo da consultoria McKinsey, a paridade entre os gêneros elevaria em US$ 28 trilhões o PIB (Produto Interno Bruto) mundial até 2025.

No caso do Brasil, a economia ganharia US$ 850 bilhões ao longo dos próximos dez anos ­o equivalente à soma das regiões Nordeste e Sul do país­, ou um crescimento de 30% do PIB nacional.

Isso ocorre porque a discriminação impede que a mulher atinja todo seu potencial no trabalho. Uma funcionária vítima de violência doméstica, por exemplo, falta mais ao trabalho e apresenta uma produtividade menor.

Atualmente, as mulheres são metade da população brasileira, compõem 44% da força de trabalho e detém 35% do PIB. A discrepância entre os números acontece principalmente porque elas têm participação menor na mão de obra, tendem a se concentrar em setores menos produtivos, como agricultura, e muitas trabalham em tempo parcial, afirma Mariana Donatelli, gerente sênior da McKinsey.

Os dados foram discutidos nesta quarta-feira (25), durante a 5ª edição do Fórum Mulheres em Destaque, organizado pela CKZ Eventos com apoio da ONU Mulheres, do Insper e da Fundação Getulio Vargas, entre outras instituições, na Fecomércio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).

A pesquisa baseou-se em 15 indicadores, como participação da mulher na força de trabalho e nível de escolaridade, para criar uma escala de 0 a 1 de igualdade, em que 0 é o mais desigual.

A pontuação do Brasil no ranking de igualdade de gênero foi de 0,66, dentro da média da América Latina, cuja pontuação foi de 0,64. As regiões melhores colocadas foram a América do Norte e a Oceania, com 0,74 pontos.

O desempenho brasileiro foi pior nos quesitos diferença de salário pago para homens e mulheres pela mesma atividade, trabalho não remunerado (atividades domésticas), e representação política. Em todas essas categorias, o nível de desigualdade foi considerado extremamente alto.

'Quando perguntamos às empresas se elas pagam salários diferentes, todo mundo diz que isso é impossível, que seria discriminação. Mas quando você olha para uma base de dados, de fato há uma dispersão, por razões como a mulher negocia menos sua remuneração', afirma Tracy Francis, sócia-diretora da McKinsey. Para ela, a desigualdade acontece de forma inconsciente nas empresas, e faltam dados que mostrem de modo objetivo o problema.

'Se fosse uma resistência ativa, seria mais fácil abordar a questão', diz Francis.

Outra barreira para a igualdade no cenário brasileiro é de que o tema não faz parte da agenda de muitos presidentes de empresas. Se a questão não é definida como uma prioridade pela liderança, ela não avança, e acaba sendo tratada como um assunto secundário pelas áreas de recursos humanos.

O país foi bem na proporção de mulheres em cargos profissionais e técnicos, no nível de escolaridade, na inclusão digital, na proporção entre sexos no nascimento (não há preferência por filhos homens) e no casamento infantil.

A pesquisa foi a primeira a ligar indicadores sociais, como violência, ao mercado de trabalho. A conclusão é de que a igualdade profissional não acontece se não houver também melhorias em questões como mortalidade materna e representação política.

A militância das jovens, simbolizada em ações como a campanha #AgoraÉQueSãoElas e #PrimeiroAssédio, é interpretada como um bom sinal por Francis, mas não suficiente para mudar o cenário. 'É difícil prever, mas se a gente abre o funil de líderes, com mais mulheres na base, elas vão naturalmente subindo mais. Ainda teremos, porém que tomar ações para retê-las, porque aos 20 você pensa diferente do que aos 40 [quando têm família, por exemplo].'

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