Cotidiano
Embora a Ponta da Praia seja considerada relativamente protegida por sua localização, eventos com ondas mais intensas têm provocado impactos significativos
A situação tem gerado preocupação entre moradores, ambientalistas e autoridades locais, que acompanham de perto os efeitos da erosão costeira / Divulgação
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A Ponta da Praia, uma das regiões mais conhecidas e frequentadas da orla de Santos, vem enfrentando um processo contínuo de erosão costeira, intensificado por construções muito próximas ao mar e pela ação de ondas fortes que atingem a área em determinados períodos. Localizada na margem do canal de navegação do porto, a região é formada por um pontal arenoso, um tipo de formação naturalmente dinâmica e sensível a alterações no ambiente.
Especialistas alertam que a urbanização crescente e a presença de estruturas fixas como muros, calçamentos e blocos de rochas afetam diretamente o comportamento natural da faixa costeira. Essas construções interrompem o perfil original da praia e ocupam áreas que, em condições normais, serviriam como depósitos naturais de sedimentos, essenciais para a manutenção do volume de areia na região.
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Embora a Ponta da Praia seja considerada relativamente protegida por sua localização, eventos com ondas mais intensas têm provocado impactos significativos. Quando essas ondas atingem diretamente as estruturas construídas, a energia do mar é redirecionada e intensificada, gerando forte turbulência. Esse processo, somado à saturação da areia com água, facilita a retirada de sedimentos da praia, reduzindo seu volume de forma progressiva.
Eduardo Siegle, professor do Instituto Oceanográfico da USP, afirma que uma vez que construções ocupam a região, cada vez mais os efeitos da dinâmica natural são percebidos e sentidos. Construções instaladas muito próximas à praia, interrompem o perfil natural e ocupam áreas de estoque de sedimentos.
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'Na Ponta da Praia, apesar de relativamente protegida, em determinados eventos, ondas fortes atingem a região. Essas ondas, costumam atingir o muro e rochas instaladas na região. Uma vez que atingem essas estruturas, a turbulência gerada e a saturação da areia com água, facilitam a retirada cada vez maior de areia da praia, reduzindo assim o volume de sedimentos da praia'.
A situação tem gerado preocupação entre moradores, ambientalistas e autoridades locais, que acompanham de perto os efeitos da erosão costeira. A perda de areia não só compromete a paisagem e o lazer, mas também representa riscos para a infraestrutura urbana e para o equilíbrio ambiental da área.
Medidas de contenção, reurbanização e soluções baseadas na natureza vêm sendo discutidas como alternativas para mitigar os impactos e recuperar o equilíbrio da faixa de areia. A preservação da dinâmica natural das praias é apontada como um passo fundamental para garantir a sustentabilidade da orla de Santos.
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