Mais da metade dos casos analisados foram registrados em regiões urbanas ou periurbanas / Freepik
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Um levantamento publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia trouxe novos dados sobre os acidentes com serpentes em São Paulo. O estudo, que contou com a participação do Instituto Butantan, avaliou quase 18 mil notificações entre 2010 e 2022 e revelou que a maior parte das ocorrências não está restrita a áreas rurais, como tradicionalmente se imaginava.
Mais da metade dos casos analisados foram registrados em regiões urbanas ou periurbanas.
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Os pesquisadores também destacam a “urbanização dos acidentes ofídicos”, fenômeno associado ao crescimento desordenado das cidades. O processo atrai roedores, que servem de alimento para as cobras, aumentando a probabilidade de encontros perigosos com a população.
Além do risco de morte, os envenenamentos podem deixar sequelas graves e demandam atendimento rápido, com uso de soros específicos.
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O estudo mostrou que a jararaca (gênero Bothrops) foi responsável por 61% dos casos. Os municípios de Iporanga, Sete Barras, Miracatu, Juquiá e Barra do Turvo estão entre os mais afetados.
Já as cascavéis (gênero Crotalus), ligadas a ambientes mais secos, representaram 12% dos registros, com destaque para Rifaina, São Francisco, São João das Duas Pontes, Cássia dos Coqueiros e Santa Mercedes.
As corais-verdadeiras (gênero Micrurus), embora responsáveis por apenas 1,2% dos casos, apresentam alta letalidade.
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Os acidentes ocorreram com maior frequência em cidades como Juquitiba, São Lourenço da Serra e Tabapuã. O estudo alerta para a curiosidade de crianças, que podem se aproximar do animal atraídas pelas cores vibrantes. O Instituto Butantan também indica o que fazer caso encontre uma cobra.
O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de São Paulo (CIEVS) também disponibiliza um mapa online com a localização dos hospitais de referência em todo o estado.
Homens de 20 a 59 anos aparecem como o grupo mais atingido. O verão concentrou a maioria dos registros, coincidindo com chuvas intensas e maior atividade das serpentes.
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No inverno, as ocorrências caem, mas os casos com cascavéis se mantêm estáveis ao longo do ano.
Outro dado de destaque é que muitas vítimas foram picadas fora do município de residência, em deslocamentos para trabalho ou lazer. Em média, os incidentes aconteceram a 50 quilômetros de distância de casa, mas houve registros em trajetos de até 800 quilômetros.
Em 2024, o Butantan entregou mais de 420 mil frascos de antivenenos ao Ministério da Saúde, reforçando seu papel estratégico no combate ao problema.
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Atualmente, a instituição produz cinco tipos diferentes de soros para acidentes envolvendo jararacas, cascavéis, surucucus e corais.
A Organização Mundial da Saúde classifica os acidentes ofídicos como doença tropical negligenciada e traçou a meta de reduzir em 50% as mortes e incapacidades causadas por serpentes até 2030.
Para isso, especialistas defendem ações de prevenção, melhor distribuição dos antivenenos e campanhas de conscientização sobre os riscos.
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