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Cotidiano

Dois condutores eram presos domiciliares

Ludenildo da Silva Militão e Leandro Monteiro, segundo delegado

Publicado em 14/02/2013 às 10:21

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Duas das quatro vítimas fatais do acidente que ocorreu na madrugada de terça-feira (12), envolvendo o carro alegórico da Escola de Samba Sangue Jovem — Ludenildo da Silva Militão (25 anos) e Leandro Monteiro (27 anos) — estavam sob regime de prisão albergue domiciliar por roubo. Em resumo, não deveriam estar participando do desfile na Passarela do Samba Dráusio da Cruz, na Zona Noroeste, em Santos.

A informação é do delegado do 5º Distrito Policial de Santos, João Octávio Almeida Ribeiro de Mello, responsável pelas investigações que, no final da tarde de ontem, esteve visitando o local do acidente e vistoriando o carro alegórico “Rei da Bola”, que homenageava o ex-jogador Pelé e objeto central da tragédia. 

Vale a pena ressaltar que prisão albergue domiciliar permite ao preso o acesso ao estudo e ao trabalho. Mas o obriga a ficar em sua residência à noite, sempre a partir das 22 horas. O acidente na passarela do samba ocorreu à 1h20 da madrugada. 

“Eles não poderiam estar na rua por terem sido presos em flagrante por roubo e condenados em São Vicente. Eles tinham que estar em casa, como se estivessem na prisão, no entanto estavam pulando carnaval em Santos”, ressalta o delegado. Mello completa: “o interessante é que ambos eram amigos de infância. Eles nasceram juntos, cometeram o crime e foram autuados em flagrante juntos, foram condenados na mesma sentença e morreram juntos. Uma coincidência da vida”. 

Hastes - Para delegado retirada facilitou acidente (Foto: Matheus Tagé/ DL)

Perícia

Ainda nesta quarta-feira (13) à tarde, o delegado recebeu um ofício do perito criminal Manoel José Gomes Costa, em que o policial pede complementação dos exames periciais, solicitando que seja intimada a Sangue Jovem para que apresente o projeto do carro, o memorial descritivo de toda a estrutura do veículo, relacionando as medidas de segurança implementadas na montagem, o responsável pelo projeto e o termo de vistoria do carro.

Segundo Mello, o inquérito foi instaurado ontem e agora deverão ser iniciados interrogatórios com as pessoas envolvidas no fato. Ontem, por exemplo, após a entrevista, o secretário de Segurança de Santos, coronel Sérgio Del Bel, foi ouvido pelo delegado. Também foi ouvido um funcionário da CPFL.

“Vamos, pelo menos por alguns dias, dispensar os familiares das vítimas, para respeitar o luto. No entanto, vamos ouvir os responsáveis pela Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, da Liga das Escolas de Samba e da Sangue Jovem, para saber, entre outras coisas, se existia algum tipo de orientação ou termo com relação à saída do sambódromo”.

Sem freio e visão

O delegado disse que o Instituto de Criminalística (IC), por lei, é obrigado a apresentar os laudos em 10 dias, e não em 30. Ele também revelou que a barra de direção não estava quebrada e que o eixo e as rodas do veículo são de caminhão, portanto, pesadas e pouco flexíveis.

“Outra constatação: o carro alegórico não possui freio e não permite visão ao condutor. Ou seja, a pessoa dirige ouvindo ordens externas. Ela fica no interior do carro sem saber o que ocorre no entorno. Se o carro embalar em uma descida ou desnível, não existe como parar e nem controlar”.

O delegado acredita que as três vítimas fatais não eram as únicas que estavam controlando o carro e que as demais seriam, em tese, as que estão internadas na Santa Casa. “Na hora que desgovernou, o pessoal soltou o carro alegórico. Os que tentaram segurar acabaram morrendo eletrocutados”, disse o delegado.

Hastes de Iluminação

João Octávio de Mello acredita que a atitude da Prefeitura de Santos, em retirar 34 braços de iluminação — que possuem seis metros de altura — do canteiro central da avenida, justamente para permitir a passagem dos carros alegóricos, foi bem intencionada, mas acabou facilitando o acidente.

“Extraoficialmente, tenho a informação que, no ano passado, ocorreu acidente igual, de um carro bater no poste de iluminação. Isso ocorre porque as hastes, por serem mais baixas que os carros, atrapalham a circulação dos veículos e fazem com que eles permaneçam no centro da pista. A haste serve como guia. Sem ela, os carros ficam sujeitos a contato com as caixas de alta tensão”, afirma o delegado.

Finalizando, o delegado João Octávio de Mello disse que irá checar se os três funcionários da Prefeitura, contratados para auxiliar a condução dos carros pós-desfile, estavam trabalhando. “Tenho a informação de que os funcionários não estavam na hora do acidente e foram chamadas três pessoas, aleatoriamente, pagando R$ 40,00 para o serviço”.

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