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Cotidiano

Cultura ameaçada: Vila do Teatro está sob risco de fechar

Prefeitura de Santos pode não renovar concessão do espaço cedido.

Carlos Ratton

Publicado em 23/12/2012 às 15:42

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O Mundo não acabou na última sexta-feira (21). Mas, para dezenas de artistas de Santos e região, é como se isso fosse realmente ocorrer num futuro não muito distante, caso a Prefeitura de Santos não renove a concessão do espaço cedido à Vila do Teatro, que funciona, desde maio último, na Rua Visconde do Embaré, 6, ao lado da Rodoviária.

Quase em frente à Cadeia Velha, na Praça dos Andradas, onde funcionava a Oficina Cultural Pagú, a Vila do Teatro é resultado de uma antiga reivindicação de artistas. No local, além de extravasarem sua arte, os artistas promovem saraus, apresentações diversas e oficinas gratuitas para centenas de pessoas, das 19 às 23 horas.

Além de espalhar cultura, os artistas ajudam, e muito, no processo de renovação do Centro da Cidade, marcado, entre outras coisas, pela reinauguração do Teatro Guarany, em dezembro de 2009.

Segundo a artista Raquel Rollo, componente da Trupe Olho da Rua, um dos grupos que gerenciam a Vila do Teatro, atualmente o espaço proporciona oficinas de circo, teatro de rua, dança, história da arte, canto para atores, montagem do Bispo do Rosário e dança afro para diversas comunidades do Município, principalmente as mais carentes.

Preocupação

“Lutamos muito para conquistar esse espaço, que já serviu para diversas atividades e estava ocioso. É um movimento de grupos que não possuem espaço para desenvolver sua arte. Eu faço parte da Trupe Olho da Rua, mas temos artistas da Oficina do Imaginário, Os Fantanas, Vilões do Riso, a Casa Três (de Guarujá), o Movimento de Teatro da Baixada Santista e o Coletivo Caiçara, que está surgindo dos encontros realizados na Vila”, afirma Raquel.

A artista salienta que para conquistar o espeço foi necessário um amplo movimento, baseado em um abaixo assinado que correu o País. “Temos a esperança que o novo governo municipal não permita que nosso trabalho termine, porque fomenta a cultura não só na Praça dos Andradas, mas na região. Entre as nossas lutas está a volta das atividades na Oficina Cultura Pagú”, finaliza Raquel, que espera uma reunião com a próxima Administração no início de janeiro.

Grupo de artistas espera reunião com a prefeitura em janeiro (Foto: Matheus Tagé/DL)

Artistas se manifestam sobre dilema

Durante quase uma hora – tempo em que a reportagem esteve na Vila do Teatro – muitos artistas não mediram esforços para dar seus depoimentos em favor da permanência do espaço cultural. “Foi a sobrevivência do meu grupo. Temos espaço para guardar as coisas, para se organizar e planejar novos trabalhos. Além disso, por intermédio das oficinas, podemos fomentar nossa arte, que é o teatro de rua”, afirma o ator Rogério Ramos.

Caio Martinez, também ator, revela o espaço é importante para os grupos com pouco poder aquisitivo. “Existe um respeito mútuo entre os grupos, que ministram oficinas para mais de 120 pessoas. Fazemos saraus mensais em que participam, inclusive, grupos da Capital (São Paulo). Tudo é gratuito. Poucos espaços oferecem isso”.

O artista circense Sidney Hersog revela que o espaço é aberto para todos os grupos artísticos. “Esse espaço até acabou suprindo a falta da Cadeia Velha. A Vila do Teatro não pode acabar. Ele serve de exemplo que é possível construir mais espaços alternativos em Santos que podem dar vida aos logradouros públicos, como a Praça dos Andradas”.

O ator e diretor André Leaun afirma que além do incentivo aos artistas, é preciso levar em conta o lugar onde a Vila do Teatro está inserida: “numa região em que circulam pessoas de vulnerabilidade social. Essas pessoas estão tendo opção cultural e isso é muito importante. Aliás, é fundamental para o desenvolvimento do ser humano”.

O ator, produtor e bailarino Junior Brassalotti também destaca a importância do equipamento. “Esse é um espaço cultural independente, formado por um coletivo de artistas de diferentes linguagens artísticas. Aqui participam pessoas de todas as idades e no ano inteiro. Temos a Cadeia Velha, o Teatro Guarany e a Vila do Teatro, um belo triângulo cultural. O espaço tem que ser mantido, preservado e incentivado”, finaliza.

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