Cotidiano

Crédito rotativo já afeta 7 em cada 10 brasileiros; juros superam 400% ao ano

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC)

Ana Clara Durazzo

Publicado em 11/07/2025 às 14:43

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Os juros do rotativo ultrapassam 400% ao ano, colocando o Brasil entre os países com as taxas mais altas do mundo. / Divulgação

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O uso do crédito rotativo já faz parte da rotina de mais de 70% dos brasileiros, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC). O levantamento mostra ainda que quase metade das pessoas endividadas compromete mais de 30% da renda com dívidas no cartão de crédito.

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Dados do Banco Central reforçam o alerta: os juros do rotativo ultrapassam 400% ao ano, colocando o Brasil entre os países com as taxas mais altas do mundo.

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O educador financeiro Resende Neto explica que o rotativo é, na prática, um empréstimo automático com um dos maiores juros do mercado, ativado quando o consumidor opta por pagar apenas o valor mínimo da fatura. “O problema é que esses juros são tão altos que, em poucas semanas, a dívida dobra de tamanho — muitas vezes sem que a pessoa perceba”, afirma.

Segundo ele, o grande risco está na falsa sensação de controle. “A pessoa acha que está pagando a fatura, mas na verdade está alimentando um ciclo que compromete seu orçamento, sua tranquilidade e sua liberdade financeira”, completa.

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Como saber se você já caiu no rotativo?

Resende orienta que é importante observar a fatura com atenção. “Se houver encargos de juros, tarifas ou menções a 'pagamento mínimo', o rotativo está ativo. E se a nova fatura já começa com um saldo anterior, esse é mais um sinal claro de alerta”, explica.

Como sair da dívida?

A estratégia mais recomendada é a chamada “método da avalanche”:

Liste todas as dívidas;

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Priorize o pagamento daquela com os juros mais altos — geralmente o rotativo do cartão;

Mantenha as demais com pagamento mínimo;

Quando quitar a dívida mais cara, redirecione o valor para a segunda mais cara, e assim por diante.

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Outra alternativa pode ser a troca da dívida do cartão por um empréstimo com juros mais baixos, desde que o consumidor tome alguns cuidados. “Se os juros forem menores, o prazo for razoável e as parcelas couberem no orçamento, essa substituição pode ser um bom primeiro passo. Mas é essencial suspender o uso do cartão até quitar o novo compromisso”, alerta.

Negociar com o banco: o que considerar?

Antes de negociar, o especialista recomenda que o consumidor conheça bem sua realidade financeira. “Saber quanto pode pagar por mês, entender os juros envolvidos, avaliar o que está sendo renegociado e formalizar tudo por escrito aumentam as chances de fechar um acordo justo e sustentável”, afirma Resende.

Como evitar voltar ao endividamento?

Mesmo após quitar a dívida, o desafio continua. “O mais importante é evitar o reendividamento. Para isso, é fundamental mudar a mentalidade, registrar os gastos, manter uma reserva de emergência e acompanhar a fatura semanalmente”, diz.

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O educador ressalta que o cartão de crédito pode ser um aliado — desde que utilizado com planejamento. “A regra de ouro é simples: só usar o cartão quando o dinheiro para aquela despesa já estiver reservado. E pagar sempre o total da fatura dentro do prazo. O cartão não pode ser uma válvula de escape emocional nem um facilitador para compras por impulso”, conclui.

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