Cientistas encontram novos besouros e apelidam de Ozzy Osbourne e Ronnie James Dio

O panteão da ciência ganhou um toque de heavy metal inusitado. Acontece que os pesquisadores do Museu de Zoologia (MZ) da USP descreveram um novo gênero de besouros, o Daimophyllon, ou "demônio-das-folhas", e batizaram suas duas primeiras espécies em homenagem aos lendários vocalistas Ozzy Osbourne e Ronnie James Dio.

Os achados, recém-publicados na revista Austral Entomology, incluem as descobertas à família Staphylinidae, um dos maiores grupos do reino animal. Os insetos em questão faziam parte da coleção de Coleoptera do museu e foram coletados originalmente em 1997 na Estação Biológica de Boraceia, em Salesópolis, no coração da Mata Atlântica.

Os besouros "heavy metal"

A homenagem não foi aleatória, mas inspirada pela morfologia peculiar dos animais. A principal característica que diferencia o novo gênero é uma extensão projetada em forma de espinhos na placa tergito 3, localizada na superfície do terceiro segmento abdominal dos machos.

Carlos Moreno, doutorando do MZ e um dos autores do estudo, encontrou as novas espécies por acaso. "Estava olhando aqueles besouros quando eu passei por um pote e eu vi um negócio saindo das ‘costas’ de um deles. Aí eu fiquei em choque,” relata em entrevista ao Jornal da USP. Confira imagens abaixo.

A ideia de prestar tributo às estrelas do rock surgiu, segundo Moreno, pela estética incomum das espécies. A escolha se consolidou quando os pesquisadores receberam a notícia do falecimento de Ozzy Osbourne, enquanto o trabalho estava em fase de revisão.

O Daimophyllon ozzyosbournei, que reflete o impacto cultural do ex-vocalista do Black Sabbath, foi o primeiro a ser nomeado. Em seguida, os pesquisadores decidiram homenagear também Ronnie James Dio, vocalista que substituiu Osbourne na banda. O Daimophyllon dio possui espinhos abdominais em forma de tridente, que remetem ao famoso "sinal do rock" (maloik) popularizado por Dio.

“Eu não consigo me imaginar agora em outra oportunidade de ter um bicho assim, tão chamativo e que tenha essa estética. Tinha que ser eles”, explica o biólogo sobre a escolha.

Cápsulas do tempo

O estudo destaca o desafio de descrever o novo gênero dentro da tribo Athetini, um grupo megadiverso. Moreno ressalta que, para muitos besouros, a identificação não é trivial e exige dissecação minuciosa.

A pesquisa também sublinha a importância das coleções científicas do MZ. Moreno compara esses acervos a "cápsulas do tempo", essenciais para preservar a biodiversidade e permitir que os pesquisadores conheçam o passado das espécies e dos ambientes, mesmo em áreas que hoje já foram urbanizadas.