ANIVERSÁRIO

Baixada terá quatro pátios para caminhões dentro da Poligonal

Anderson Pomini antecipou detalhes sobre os 133 anos do Porto de Santos, que serão comemorados neste domingo

Carlos Ratton

Publicado em 31/01/2025 às 06:30

Atualizado em 31/01/2025 às 10:57

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Anderson Pomini confirmou a área da Ilha do Tatu, ao lado do Viaduto Mario Covas, e o reaproveitamento do Ecopátio / Divulgação

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Em entrevista coletiva sobre os 133 anos do Porto de Santos, que serão comemorados neste domingo (2), o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, anunciou que a Baixada Santista terá três pátios para caminhões, com a possibilidade de um quarto, dentro do projeto de expansão de área, que passará de 7,8 milhões de metros quadrados para uma área total de 20,4 milhões.       

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Os equipamentos serão implantados na proposta já anunciada da Poligonal do Porto Organizado. Será um em São Vicente; um em Guarujá e dois em Cubatão. Nessa última cidade, Pomini confirmou a área da Ilha do Tatu, ao lado do Viaduto Mario Covas, e o reaproveitamento do Ecopátio, cuja área passará a integrar a Poligonal.   

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A APS ratificou que expansão do porto organizado atende à necessidade de se conduzir um planejamento portuário eficiente e assertivo, observando as diretrizes de eficiência operacional e de integração Porto-Cidades. O presidente da APS revelou que nos equipamentos serão prestados atendimentos médicos e psicológicos e serviços diversos, que gerarão renda e fomento de comércios. 

Em Guarujá, a Poligonal do Porto prevê uma área de mais de 500 mil metros quadrados atrás do Sitio Conceiçãozinha, desafogando cinco mil caminhões da Rua do Adubo. Em São Vicente, a proposta é incorporar uma área de seis milhões de metros quadrados, em que serão usados 500 mil metros para um pátio. “Tudo dentro da proposta de expansão do porto apresentada ano passado e que será publicada no mês de fevereiro”. 

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Pomini salienta que circulam 20 mil caminhões/dia no Porto de Santos, que representa 30% da balança comercial brasileira, cuja área precisa crescer por necessidade nacional com infraestrutura adequada. “Nossa função é dialogar com a comunidade das cidades para evitarmos transtornos. Mas, se eles forem inevitáveis, vamos compensá-los com obras de infraestrutura à sociedade”, observa.

Cubatão

Sobre o futuro pátio na Ilha Tatu, em Cubatão, que vem gerando polêmica (ver nesta reportagem), Pomini disse praticamente que a questão estaria consumada e que o equipamento, ao invés de ser um problema, seria solução para acabar com o fluxo e estacionamento de caminhões dentro dos bairros. 

“Temos consciência que especialmente Cubatão sofre com o tráfego de caminhões desordenado. Por isso, a APS resolveu agir para resolver esse problema de décadas. Cerca de 20 mil caminhões/dia que circulam a área portuária precisam de uma estrutura adequada.

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Presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson PominiPresidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini (Renan Lousada/DL)

Há anos que isso vem sendo estudado junto à Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e algumas áreas foram identificadas. E uma delas, que está na Poligonal, é a Ilha do Tatu, fruto de muito estudo, de análise do setor público e comunicação prévia”, garante Pomini.

Ademário Sabia  

O presidente da APS fez questão de salientar que o ex-prefeito Ademário de Oliveira (PSDB) - um dos que vêm se manifestando contrário ao pátio e que, ano passado, ameaçou não conceder o alvará de funcionamento ao equipamento - sabia do empreendimento em Cubatão.   

“Entre 2020 e 2021, um ofício foi enviado ao prefeito informando a necessidade de implantação do pátio. Tudo foi feito com muita publicidade e transparência e não houve qualquer documento contrário por parte da Prefeitura de Cubatão. Ainda na gestão de Ademário, eu estive pessoalmente com ele (Ademário) apresentando o projeto e não recebi, formalmente, qualquer manifestação ou impugnação contrária”, afirma Pomini.     

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O presidente da APS disse que pretende apresentar, nos próximos dias, todo o projeto de instalação do pátio ao atual prefeito de Cubatão, César Nascimento, e a comunidade local, para que todos entendam a proposta em toda a sua plenitude.  

“Há muita informação desencontrada. Vamos fazer investimentos e apresentar contrapartidas sociais. Em Cubatão, por exemplo, será instalado um parque dentro de uma área da Ilha do Tatu, que tem um milhão de metros quadrados. Usaremos 500 mil metros para atividades retroportuárias e 100 mil para o pátio, evitando o que acontece hoje: caminhões estacionando em frente a residências e comércios”.  

Pomini disse ainda na entrevista que restante da área da Ilha Tatu será destinada a implantação e manutenção de um parque destinado à comunidade. 

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“Ao mesmo tempo que o Porto vai expandir, vai oferecer obras de infraestrutura. Vamos respeitar todos os questionamentos, seja do Ministério Público do Estado de São Paulo, da Prefeitura, da Câmara, da comunidade e, se eventualmente, existir alguma manifestação judicial, o Porto está preparado para apresentar as suas razões, elementos técnicos, para que as obras se realizem. Áreas definidas como da Poligonal não estão sujeitas às mudanças de planos diretores de municípios. Ou seja, o município não tem competência para designar o uso de áreas estabelecidas para a Poligonal do Porto”, finaliza Pomini.

Impasse continua no outro lado da questão, apesar das ponderações da APS 

A questão envolvendo o futuro pátio na Ilha do Tatu foi objeto de inúmeras reportagens do Diário. Numa delas, o então prefeito Ademário de Oliveira disse que iria impedir "até porque é uma área protegida pela Organização das Nações Unidas (Unesco) para a Educação, a Ciência e a Cultura". Ele voltou a se manifestar recentemente nas redes sociais, já fora do cargo.

Também uma reunião aberta realizada ano passado, na sede da Associação de Melhoramentos da Ilha Caraguatá, dezenas moradores, representantes de entidades de bairro de Cubatão e ainda especialistas ambientais se manifestaram contra.

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O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) também tem restrições à proposta, pois prevê devastação ambiental e redução de áreas verdes essenciais para o equilíbrio ecológico da região.

A comunidade e os especialistas apontam que o pátio irá ampliar os alagamentos dos bairros do entorno, especialmente a Ilha Caraguatá, que já enfrentam problemas, pois a substituição da vegetação nativa por estruturas de concreto e asfalto pode agravar os problemas de drenagem, colocando em risco a segurança e o bem-estar dos moradores.

Também irá impactar a pesca artesanal e o turismo náutico, pois a alteração do ecossistema local pode prejudicar uma atividade econômica tradicional da região, que depende da preservação das áreas naturais e da qualidade das águas.

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Enfatizaram aumento significativo do tráfego de caminhões e outros veículos pesados na área, resultando em congestionamentos frequentes e aumento da poluição sonora e do ar.

Associado a isso, garantem que haverá favorecimento ao tráfico de drogas e à prostituição, pois a localização do empreendimento em uma área residencial pode atrair atividades ilícitas, aumentando a insegurança e os riscos sociais para a comunidade local, além da possível desvalorização dos imóveis do entorno, pois a presença de um grande complexo logístico e o aumento dos problemas ambientais e sociais podem afetar economicamente os proprietários e moradores locais.

A Câmara de Cubatão emitiu nota contra o pátio. O prefeito Cesar Nascimento publicou nota oficial sobre a questão.

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"Reafirmamos que não somos contra a nova poligonal do Porto de Santos, porém a atividade econômica que a APS quer instalar em Cubatão não contribui para o desenvolvimento do nosso município no local escolhido, na Ilha do Tatu, área de preservação ambiental entre a interligação Anchieta-Imigrantes e Estrada Metalúrgico Ricardo Reis. Pelo contrário, causará sérios transtornos a milhares de famílias que vivem nos bairros estritamente residenciais como a Ilha Caraguatá, Jardim Casqueiro, Bolsões, Conjunto Rubens Lara e Parque São Luiz. Pesa ainda o fato do nosso Plano Diretor não permitir tal atividade nessa área", afirmou, querendo diálogo com a APS.

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