Após consertar brinquedos durante o ano, Dona Duca presenteia crianças de baixa renda

Caracterizada de Papai Noel, Marline Shimabuku, Dona Duca, como gosta de ser chamada, concluiu o trabalho realizado durante um ano, pois nesta quarta-feira (18), presenteou, ao lado de seus ajudantes, aproximadamente 100 crianças, pertencentes a famílias de baixa renda, com brinquedos consertados por suas delicadas mãos. A distribuição aconteceu na Unidade Básica de Saúde da Praça Vitória, Vila Voturuá.

“É um sentimento indescritível ver as crianças saindo felizes com os presentes. Faço isso há tanto tempo, mas nunca perde a graça. Uma delas me disse hoje: Papai Noel eu te vi no shopping e eu respondi: eu sei! Me lembro de você”, conta, entusiasmada.

Na fila dava para observar a expectativa de cada criança para ganhar o brinquedo e tirar foto com o bom velhinho. Os pequenos foram surpreendidos com os presentes: bonecas, carrinhos, bolas, bonecos e kit praia.  O momento foi muito esperado por todos os participantes do projeto. Eles ajudaram a arrecadar os brinquedos usados, separaram, limparam, consertaram e embalaram para as crianças receberem novinhos em folha.

“A gente fica ansioso como as crianças. É muito gratificante ver o sorriso estampado no rosto de cada um. Prova que nosso trabalho vale à pena”, diz a voluntária Nancy Soares do Valle. Além dos presentes entregues, mais de 320 sacos foram distribuídos em outros locais, como creches, comunidades carentes, como o local conhecido como Fazendinha, na Área Continental e na aldeia indígena Paranapuã.

Ajuda - Como brincar é coisa séria e faz bem à saúde, a doutora dos brinquedos teve uma ajudinha a mais com a equipe da UBS. As crianças contempladas com os presentes foram escolhidas por agentes comunitários. Todas elas são cadastradas no programa Estratégia de Saúde da Família (ESF), pois Dona Duca procura fazer as doações para famílias de baixa renda.

“Avaliamos a necessidade de cada família, a quantidade de criança na mesma residência e demos preferência àquelas que estavam inseridas no programa Bolsa Família também. Trabalhamos ativamente com a comunidade e ficamos bem felizes porque a ação leva alegria”, explica a agente de saúde Maria Clara Rodrigues Barbosa.

Uma das famílias foi a de Fernanda dos Santos Silva, deficiente auditiva, que tem três filhos: a Julia, 9, a Nayara, 5, e o Matheus, 2. A auxiliar de enfermagem Kátia Carrião, que se comunica em Libras com a mãe dos pequenos, relata que “agrega muito para quem não tem condições de presentear. É muito importante que eles possam ganhar brinquedos nesta época”.

O trabalho de recuperar é de Dona Duca e seus ajudantes, o de escolher os contemplados é de responsabilidade dos agentes comunitários e o de dar asas à imaginação fica nas mãos da criançada. Tamires dos Santos, 11, por exemplo, já batizou a sua boneca de vestido roxo como Bia. “Vou levá-la para brincar com minha amiga”, conta a menina hiperativa.

Tradição

A dona de casa coleciona mais de duas décadas do trabalho de conserto e doação e não é de se espantar que muitas das crianças recebam seus brinquedos desde o primeiro ano de vida. É o exemplo da manicure Sheila Moraes de Lima, que todo ano leva seus filhos gêmeos, de oito anos, para receber os brinquedos e, há quatro anos, incluiu Ana Clara na lista.  

“Comecei a vir antes mesmo da mais nova nascer e agora é como se fosse uma tradição na vida dela. Olha, a Luara recebeu uma boneca e os outros dois, um kit praia. Eu gosto muito da ação porque demonstra amor ao próximo”, compartilha.

Esta demonstração com o outro está dentro do coração de cada voluntário. Regina Castro Maciel conseguiu ajudar na entrega pela primeira vez, mas, há muito tempo, vem contribuindo para a soma dos brinquedos.

“Trabalho como auxiliar de serviços gerais em um condomínio e, sempre que vejo alguém jogando algo fora, não deixo, levo para a Duca porque sei que ela vai consertar e doar para quem precisa”, afirma.  

Para Angela Guertes, responsável por fotografar os momentos da entrega, a ação tem um significado especial.  ”Eu e meu marido fazemos isso pela nossa filha. A cada criança que vejo me lembro dela”, fala referindo-se a sua filha que faleceu ainda criança.

O marido de Duca, Augusto Shimabuku, veste uma camisa com a estampa “Ajudante de Papai Noel”, mostrando o companheirismo do casal. Emocionado, relata como se sente ao fazer parte de algo tão significativo. “É muito gratificante. Uma felicidade imensa ver todos eles sorrindo. Significa muito”.

Agora todos podem descansar e aproveitar as festas de fim de ano. Entretanto, a equipe já está preparada para começar tudo de novo no ano que se inicia. “A expectativa é atender muito mais crianças no ano que vem”, conclui Duca, esperançosa.