Infância

Amnésia infantil: por que não temos lembranças de quando éramos bebês

Pesquisadores ainda buscam compreender por que as experiências iniciais dos seres humanos não ficam registradas na memória

Agência Diário

Publicado em 03/10/2025 às 22:31

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Mistério das memórias perdidas ajuda a entender nossa identidade / Freepik

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O nascimento, os primeiros passos e as primeiras palavras são acontecimentos fundamentais no desenvolvimento humano.

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Mesmo assim, ninguém consegue se recordar desses momentos. Essa ausência de memória é chamada de amnésia infantil e há muito tempo intriga psicólogos e cientistas do cérebro.

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O debate central é se criamos lembranças nos primeiros anos e depois as perdemos, ou se o cérebro ainda não possui estrutura madura para armazená-las de forma permanente.

Experiências precoces deixam marcas invisíveis que moldam nossa forma de ver o mundo / Pexels
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As primeiras vivências influenciam emoções e comportamentos ao longo da vida / Pexels
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A infância atua como uma base silenciosa no desenvolvimento de cada pessoa / Pexels
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Mesmo sem lembranças conscientes, carregamos os efeitos dos primeiros anos / Pexels
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O impacto da infância é duradouro e acompanha cada etapa da vida adulta / Pexels
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Hipocampo em foco

Segundo Nick Turk-Browne, professor da Universidade de Yale, durante muito tempo acreditou-se que bebês não eram capazes de formar recordações.

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Essa ideia estava ligada ao fato de ainda não terem um senso de identidade formado ou à ausência da linguagem.

Outra explicação defendia que apenas a partir dos quatro anos seria possível registrar lembranças, quando o hipocampo, área do cérebro responsável por consolidar memórias, já estaria mais desenvolvido.

“Essa região cresce mais que o dobro ao longo da infância”, disse Turk-Browne à BBC. “Talvez por isso não consigamos guardar as primeiras experiências, já que não dispomos ainda do circuito necessário.”

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Veja também: Pesquisa afirma que suplementos baratos podem turbinar a memória de idosos.

Um estudo recente liderado pelo pesquisador, no entanto, mostrou que esse entendimento pode estar incompleto.

A análise observou a atividade cerebral de 26 bebês entre quatro meses e dois anos ao verem imagens e indicou que o hipocampo já é capaz de codificar informações a partir do primeiro ano de vida.

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A relação entre hipocampo e memória é bem estreita, como mostra o vídeo do canal Neurofuncional. Assista abaixo:

Quando as recordações desaparecem

Esse achado foi considerado um primeiro avanço para entender se as crianças realmente criam memórias. Para Turk-Browne, o próximo desafio é saber se elas permanecem guardadas em algum nível e se poderiam ser resgatadas no futuro.

Pesquisas com animais apontam nessa direção. Em 2023, um estudo mostrou que ratos adultos haviam esquecido como sair de um labirinto, mas recuperaram a lembrança quando áreas específicas do hipocampo foram estimuladas artificialmente.

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Catherine Loveday, professora de neuropsicologia da Universidade de Westminster, também disse acreditar que bebês já conseguem formar memórias, especialmente quando começam a falar.

“Sabemos que crianças pequenas voltam da creche e contam o que viveram, mas alguns anos depois não conseguem mais relatar. Isso mostra que as memórias estavam ali, mas não ficaram registradas”, explicou.

Veja também: Adolescente 'viaja no tempo' em fenômeno raro que afeta mente e é estudada pela ciência.

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Entre lembranças reais e falsas

Um desafio extra para os pesquisadores é identificar se uma lembrança da fase de bebê é genuína.

Loveday destacou que a mente reconstrói memórias e que relatos de terceiros podem levar a lembranças falsas, que parecem absolutamente reais.

“O problema da memória é que ela nunca é uma cópia fiel. Se alguém lhe conta algo e você tem detalhes suficientes, seu cérebro pode montar uma recordação que soa verdadeira”, disse à BBC.

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Para Turk-Browne, o tema vai além da ciência e toca em questões de identidade pessoal. “Tem a ver com quem somos”, afirmou.

“E perceber que existe um ponto cego nos primeiros anos, em que não conseguimos nos lembrar de nada, é algo que desafia a forma como pensamos sobre nós mesmos.”

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