Cotidiano
Audiência pública expõe insatisfação de trabalhadores, enquanto debate nas redes socias mostra insatisfação por 'loteamento' da praia
Uma publicação sobre o tema feita no perfil do Diário do Litoral no Instagram rendeu quase mil comentários / Luana Fernandes/DL
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A polêmica sobre o uso de cadeiras, guarda-sóis e coolers na praia de Santos cresceu nas últimas semanas e ganhou força após a audiência pública realizada na Câmara Municipal na última segunda-feira (10).
Ambulantes que atuam na orla criticaram o decreto municipal que proíbe a cobrança pelo uso dos equipamentos e veta a exigência de consumação mínima, argumentando que a medida prejudica quem depende do comércio na faixa de areia.
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Segundo os trabalhadores, muitos banhistas consomem produtos comprados fora das barracas, chegam à praia com coolers e ainda utilizam gratuitamente guarda-sóis e cadeiras pertencentes aos ambulantes.
"Se as pessoas tivessem bom senso pelo menos... mas nem isso. Ninguém trabalha de graça em nenhum lugar e ninguém leva sua comida para o restaurante. Então quer luxo de sentar na cadeira e na sombra tem que consumir", reclamou o seguidor Freedom Drinks, reforçando o argumento comum entre os ambulantes.
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Veja também: Ambulantes do litoral de SP reclamam de coolers e proibição de consumação mínima
Mas, fora das areias da praia, o debate tomou proporções ainda maiores. Uma publicação sobre o tema feita no perfil do Diário do Litoral no Instagram rendeu quase mil comentários, refletindo visões extremamente divergentes entre moradores, turistas e frequentadores da cidade.
Entre os críticos da atuação dos ambulantes, o principal ponto citado é o alegado "loteamento" da praia. "O problema são os preços abusivos e o loteamento da área da praia com cadeiras e guarda-sol, não deixando espaço para as pessoas", afirmou Paulo de Tarso.
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A percepção é compartilhada por outros seguidores, como Kátia Antunes, que disse que "o espaço quase todo [fica] loteado por essas barracas, nem parece que a praia é pública".
A sensação de que os ambulantes ocupam mais espaço do que deveriam também é alvo de queixas. "Os ambulantes pensam que são donos da praia. Nós pagamos impostos altos e quando chegamos não tem lugar para colocar nossas cadeiras porque eles já armaram as deles", opinou Magali Coutinho.
Há ainda quem critique os valores cobrados. "Os caras chegam de Hilux, Toro, Amarok, puxando os carrinhos. Você acha que quem vem de Hilux trabalhar precisa de mais dinheiro? Os preços lá em cima. Não tem porção por menos de R$ 100", reclamou Léo Oliveira.
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Por outro lado, muitos internautas afirmaram que a discussão tem sido distorcida. "Ninguém está querendo proibir que os banhistas levem cooler. Que as pessoas que levem cooler não sentem nas cadeiras e guarda-sol deles sem consumir. É só isso!", defendeu Mariela Brasil, dizendo que o conflito ocorre apenas quando os equipamentos dos ambulantes são usados gratuitamente.
O seguidor Fabrisio Freitas disse considerar justo cobrar pelo uso das cadeiras e do guarda-sol, mas criticou a ideia de restringir o cooler: "Daqui a pouco vão querer que a prefeitura proíba a gente de levar nossas próprias cadeiras e guarda-sol."
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Algumas propostas surgiram entre os comentários, baseadas em experiências de outras cidades litorâneas. Ralph Marques citou um modelo adotado no litoral norte paulista: "Se consumir no guarda-sol e na cadeira, não paga. Se trouxer cooler e não consumir nada, tem uma taxa de R$ 35 pelo uso o dia todo. Achei justo."
Outros acreditam que a solução é simples: cobrar o aluguel de forma transparente, sem consumação mínima. "A lei é clara: é proibida a consumação mínima. Não fala nada de proibir o aluguel. Simples assim", afirmou Cleber Rossi. Na mesma linha, Fabio Zulli resumiu: "Cobra o aluguel da cadeira e do guarda-sol. Quem tiver de cooler, tá beleza. Não se pode querer tudo."
Em meio às discussões, há também quem tenha desistido da praia por completo. "Não vou mais ao litoral. Só dor de cabeça desde a saída de casa até a volta. Monte uma piscina em casa, ligue a churrasqueira e seja feliz", comentou Sandro Marcelo, explicitando o desgaste de muitos frequentadores.
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Mesmo entre quem tenta equilibrar os argumentos, a conclusão é que falta diálogo e regras claras. "Só acho que deve ter bom senso de ambas as partes. Quer guarda-sol, cadeira e cooler, levem de casa", sugeriu Alessandra Nogueira.
A audiência pública abriu espaço para que as reclamações dos ambulantes fossem ouvidas, mas a enxurrada de comentários nas redes mostra que o debate está longe de uma solução consensual.
Entre acusações de abuso, defesa do direito ao trabalho e disputas pelo espaço público, a orla de Santos segue no centro de uma das discussões mais acaloradas deste verão tanto na Câmara quanto nas redes sociais.
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