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Nilton C. Tristão

Direita ou esquerda em 2024?

No ano de 2018 contemplamos o resgate dos grandes embates ideológicos em território tupiniquim, circunstância aprofundada no pleito de 2022. Os termos que categorizaram as definições de direita e esquerda foram cunhados durante a revolução francesa em 1789-1799, uma referência aos assentos no qual os parlamentares se posicionavam. Jacobinos e Girondinos protagonizavam as disputas pelo comando da república até o golpe do dezoito de Brumário que elevou Napoleão Bonaparte à chefia da nação.

Posteriormente, esse cosmo foi cingido por confrontos envolvendo comunistas e capitalistas que também perdeu força através do advento da queda do muro de Berlim em 1989 e o esfacelamento da URSS em 1991. Aparentemente o mundo havia se livrado dessas apologias, nada obstante, em 2009, o movimento Cinco Estrelas surge e avança ao poder na Itália. Com narrativas lastreadas na xenofobia e nacionalismo, pavimentou o caminho da extrema-direita ao palco das decisões governamentais e das interações com as massas. Doravante, ocorreu a tonificação e ascensão de lideranças como Santiago Abascal, Matteo Salvini, Marine Le Pen, Viktor Orbán, Jair Bolsonaro, Donald Trump, Nayib Bukele, dentre outros. Indubitavelmente os conflitos doutrinários estão latentes e pulsantes.

Contudo, teremos que interpretar se essa premissa representará a pedra angular nas eleições municipais do próximo ano. Não acredito, apesar de saber que alguns assuntos relacionados ao conservadorismo são sensíveis ao imaginário geral, como a salvaguarda da família tradicional, antinomia à pauta de gênero, enaltecimento da fé cristã e o enfrentamento das agendas progressistas. Mas o escrutínio local tende a focar em questões ligadas as teses que afetam diretamente a qualidade de vida, como: ampliação do sistema público de saúde; incorporação de novas tecnologias à educação; aperfeiçoamento das creches; eficiência do transporte coletivo; extensão dos programas de assistência e acolhimento social; fortalecimento da economia nativa; universalização do saneamento básico; retomada dos projetos de moradias populares; assim por diante.

Claro que as discussões sobre o perfil e crença dos postulantes comporão as temáticas dos debates, todavia, uma campanha acusando o adversário de gayzista ou esquerdista mancomunado com o ativismo LGBTQI+ não prosperará. Ao invés disso, determinados conteúdos serão capazes de lograr êxitos, a saber: 1) modernização da máquina e inovação das políticas públicas; 2) repaginação das ações sociais que permitam a edificação de cidades justas e igualitárias; 3) planos de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável; 4) criação de rede orientada ao amparo e proteção de jovens e crianças, abrangendo as áreas da cultura, conhecimento, trabalho e desporto; 5) transparência nos gastos e democratização na tomada de decisões. Ou seja, nas cercanias da urbe, os elementos mágicos proliferados na contenda entre Jair Bolsonaro e Lula estarão limitados, uma vez que o munícipe inclina-se a conhecer e possuir opiniões melhores delineadas a respeito dos aspirantes endêmicos.

Pois, enquanto o debate na esfera nacional concorda facilmente com abordagens abstratas, o espaço regional, essencialmente, se alavanca no ambiente do concreto, onde os dramas e júbilos alcançam a dimensão do real. Em resumo, mesmo que o sufragista se designe como alguém que partilha de convicções epistêmicas, possivelmente dará maior importância às propostas com potencial de esmerar a situação de seus entes queridos e da comunidade.

Nilton Cesar Tristão
Cientista Político

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