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Nilton C. Tristão

As eleições de 2024

No próximo ano participaremos do escrutínio que escolherá os prefeitos e vereadores que exercerão suas delegações entre os anos de 2025 a 2028, e apesar de estarmos distantes do calendário eleitoral oficial, as articulações e movimentações já se encontram intensas, possivelmente em função do ambiente hostil da ruidosa e radicalizada disputa à Presidência da República, o qual ainda não se dissipou.

Todavia, o debate lastreado por preferências ideológicas de esquerda ou de direita disporá de pequena adesão e apelo na realidade dos municípios, sendo que os temas basilares ficarão circunscritos aos impactos danosos que a explosão demográfica descontrolada e os efeitos das mudanças climáticas, associados à baixa eficiência das gestões locais vêm acarretando nas áreas de saúde e educação pública, mobilidade urbana, habitação popular, segurança, saneamento básico, amparo aos pobres, entre tantas outras conjunturas derivadas principalmente da inobservância das diretrizes contidas no Plano Diretor instituído pela Constituição Federal de 1988 e do Estatuto da Cidade de 2001.

Também devemos rememorar a ocasião que nos remete a janeiro de 2020, quando as evidências indicavam as grandes dificuldades que os mandatários em exercício teriam para conseguir se reeleger, contexto revertido pelos efeitos pandêmicos que impuseram pautas e agendas inéditas ao cotidiano do povo brasileiro. Nada obstante, as insatisfações daquele período se perseveram latentes e provavelmente afetarão de maneira considerável os resultados do sufrágio que se avizinha.

As nossas pesquisas qualitativas com questionários aplicados em profundidade têm apontado o surgimento de comunidades que estão cada vez mais aflitas com as indefinições sobre o modelo de vocação econômica de suas localidades e os consequentes desdobramentos na edificação do bem-estar dos residentes. Ou seja, indagações como: que “apito o postulante toca”, em que direção pretende avançar e qual o tipo de cidade o munícipe estará vivendo após o término do mandato, tornaram-se fundamentais na concepção de narrativas das contendas eleitorais.

Evidente que a dimensão na organização de apoios e estrutura financeira da campanha permanecerá como elemento primordial no bom desempenho do candidato, contudo, a capacidade de formulação conterá importância amplificada em 2024, uma vez que a governança vem continuamente se assemelhando a qualquer jogo de vídeo game, pois na medida em que superamos uma fase, outra surge com grau de dificuldade majorado.

Porquanto, carecemos salientar que a maioria das cidades acha-se desprovida de identidade e desvalorizada urbana e culturalmente, sem elaboração de políticas públicas que consolidem práticas participativas e amigáveis na busca por conciliação entre as premissas de modernização com a efetivação de intervenções estruturantes. Portanto, o aspirante que propor a integração vocacional entre o morador e o espaço citadino, através dos pilares de respeito às peculiaridades locais, metodologia pedagógica inclusiva, desenvolvimento sustentável e proteção ambiental para tornar o município um refúgio aos que anseiam por novos arquétipos civilizacionais terá chances significativas de êxito.

Em síntese, o estereótipo do administrador exemplar será o daquele que combate as calamidades naturais, pecuniárias, sociais e prospera diante do imponderável - alguém à frente de seu tempo com a habilidade de antever as adversidades e pronto para desafiar os padrões populistas e arcaicos estabelecidos. Citando Pedro Cordier: “Não é o que te trouxe até aqui que te levará adiante”. Mas nos confrontos onde nenhum concorrente ostentar tais características, alguém será diplomado pela vitória e a vida segue.
 

Nilton C. Tristão

Cientista Político

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