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Câmeras podem esclarecer a morte de crianças em incêndio

Polícia Civil quer usar imagens da vizinhança para saber o momento exato que pai deixa a casa; suspeito continua preso

Gazeta de S. Paulo

Publicado em 22/02/2021 às 17:40

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Ricardo Reis de Faria e Vieira, de 33 anos, ao lado dos três filhos / Reprodução/Instagram

Imagens de câmeras de segurança da casa vizinha ao local do incêndio que matou três crianças em Poá, na Grande São Paulo, serão investigadas pela Polícia Civil. O objetivo é saber o momento exato em que Ricardo Reis de Faria e Vieira, de 33 anos, deixa o imóvel para pedir socorro. Já é possível afirmar que o pai, que está preso temporariamente suspeito de matar os filhos, não tentou arrombar a porta do quarto.

A polícia esteve na última quinta-feira (18) na residência para ter acesso às imagens, segundo a “Record TV”. A gravação pode esclarecer a dinâmica e os horários do crime.

A polícia também analisa um vídeo gravado pouco antes da morte por Fernanda, de 14 anos, uma das vítimas de incêndio. A adolescente sonhava em ser blogueira. As imagens mostram a menina brincando com um dos irmãos e um gato e a porta do quarto fechada, mas sem chave.

O fogo provocou também a morte de Gabriel, de 9 anos, e Lorenzo, que iria completar 2 anos. Uma vizinha ouviu a adolescente dizendo: "Pai, não me deixa morrer aqui".

Segundo o delegado responsável pelo caso, Eliardo Amoroso Jordão, ele recebeu imagens das chaves de cada cômodo da casa e fotos das portas, que serão analisadas. Os investigadores também vão avaliar mensagens trocadas entre Fernanda e os dois pais, Leandro e Ricardo.

A polícia tem os 30 dias da prisão temporária de Ricardo para concluir as investigações. Mas pode pedir a prorrogação da prisão ou transformá-la em preventiva. "São varios detalhes que a gente, ao longo desses dias, vai esclarecer", disse o delegado Jordão ao “R7”.

Entre a série de inconsistências a serem esclarecidas está o motivo do quarto das crianças estar trancado. Segundo o ex-companheiro de Ricardo e também pai das crianças, Leandro, a família não tinha o hábito de trancar os cômodos. A polícia também tenta entender porque a criança de 2 anos, que não costumava dormir naquele quarto, estava ali na noite do incêndio.

Versões diferentes

No dia do incêndio, Ricardo, aparentemente transtornado, chegou a dizer que os filhos teriam sido raptados e, por isso, não estariam dentro da casa. Ele disse que o responsável pelo incêndio poderia ser o atual namorado do ex dele. Segundo os investigadores, Ricardo também chegou a sugerir que a adolescente poderia ter provocado as chamas.

Ricardo, que era o tutor das crianças e único sobrevivente do incêndio, chegou a dar três versões para o ocorrido. Em uma delas, disse que os filhos teriam sido levados de casa por uma outra pessoa. A atitude suspeita fez com que ele fosse encaminhado à delegacia.

Ele foi casado com Leandro, de 36 anos, por quase 16 anos. Juntos, os dois formaram uma família. Nos últimos três meses, no entanto, a relação do casal teria sido abalada após uma traição de Ricardo e os dois passaram a viver em casas separadas e compartilhar a guarda dos filhos adotivos.

O caso foi registrado como homicídio qualificado pela delegacia de Poá.

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