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Em um país onde o setor representa 3,2% do PIB e emprega milhões, projetar edifícios é também projetar políticas de clima, energia e inclusão
Nesse cenário, o BIM (Building Information Modeling) consolida-se como uma das ferramentas centrais da transição verde / Andy Lee/Pexels
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A construção civil vive um momento decisivo. A Taxonomia Sustentável Brasileira, ao reconhecer o setor como estratégico para uma economia de baixo carbono, inaugura uma nova forma de pensar o futuro urbano. Em um país onde o setor representa 3,2% do PIB e emprega milhões, projetar edifícios é também projetar políticas de clima, energia e inclusão.
Nesse cenário, o BIM (Building Information Modeling) consolida-se como uma das ferramentas centrais da transição verde. Mais que recurso tecnológico, é linguagem de compromisso ambiental. Permite antecipar impactos, mensurar consumo energético, prever conforto térmico e planejar mitigação antes da obra. Ao integrar dados ambientais e parâmetros técnicos, o BIM transforma sustentabilidade em método mensurável.
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A modelagem digital permite elaborar inventários de emissões, simular desempenho energético e comprovar conformidade com normas como a ABNT NBR ISO 14064, ISO 19650 e o GHG Protocol. Associado à Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14040 e 14044), o modelo quantifica intensidade de carbono, energia e uso de água por metro quadrado ao longo do ciclo da edificação.
O resultado é um elo entre eficiência, governança e transparência que sustenta a economia circular, a agenda ESG e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
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Incorporar sustentabilidade desde o conceito até a operação amplia o papel da engenharia. Cada material carrega uma cadeia produtiva e uma escolha ética. Cada decisão de projeto define o consumo de recursos por décadas. O BIM, nesse contexto, documenta evidências, consolida métricas e transforma a retórica verde em prática verificável.
Mas também impõe desafios: interoperabilidade, qualificação técnica e planos de execução (BEP) tornam-se essenciais para garantir maturidade digital. Sem dados interoperáveis, não há governança; sem governança, não há transição.
Os ODS reforçam a urgência. Não basta mitigar emissões, é preciso adaptar-se. Ondas de calor, enchentes e escassez hídrica já desafiam cidades. A modelagem paramétrica e os dados integrados permitem projetar edifícios resilientes, com sombreamento dinâmico, reuso de água e telhados verdes dimensionados no próprio modelo.
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A sustentabilidade digital é a nova fronteira. Ela torna o ambiente construído mais eficiente e preparado para o futuro. O BIM ocupa o centro dessa transformação, não como software, mas como estratégia civilizatória. E se pudéssemos desenhar cidades que cuidam de nós da mesma forma que cuidamos delas?