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Sindical e Previdência

Navio-prisão Raul Soares é tema de um filme de longa-metragem

Divulgação foi feita na última sexta-feira durante solenidade no Sindest e terá o ator Alexandre Borges interpretando o médico Thomas Maack, um dos presos do navio e que ajudou a salvar vidas de sindicalistas

Francisco Aloise

Publicado em 27/09/2017 às 12:30

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Médico Thomas Maack de volta ao Porto de Santos, olhando local em que navio Raul Soares ficou atracado / Rodrigo Montaldi/DL

O navio-prisão Raul Soares, símbolo da repressão ao sindicalismo de Santos, que serviu de cárcere flutuante para dirigentes sindicais, políticos e estudantes, será tema para um filme de longa-metragem, com lançamento previsto para 2019.

O projeto foi anunciado em solenidade realizada na última sexta-feira, no Sindest,  e que contou com as presenças do médico norte-americano, Thomas Maack, um dos presos do navio e do diretor de cinema, Tanah Corrêa, que vai dirigir o filme que terá produção da Apecatu Produções de São Bernardo do Campo.

Maack, por sinal, autografou dezenas de livros em solenidade no Sindicato dos Servidores Estatutários Municipais de Santos (Sindest), na noite em que foi anunciado o projeto sobre o filme, que vai ser baseado na série de reportagens publicadas no Diário do Litoral que se transformou no livro-reportagem Cárcere Flutuante, de autoria do jornalista Francisco Vicente Ferreira.

Alemão, naturalizado americano, Maack veio exclusivamente dos Estados Unidos para participar do evento e autografar a edição especial do livro do Sindest, sendo bastante aplaudido por sindicalistas, políticos e convidados. Antes, porém, ele esteve na redação do Diário do Litoral, onde tudo começou em 2012, com a publicação da série de reportagens institulada Navio-prisão: Democracia à Deriva.

O navio “Raul Soares”, sucata onde foram presos sindicalistas, comunistas e democratas de Santos, nos primeiros meses da ditadura iniciada em 1964, ficou ancorado no Porto de Santos durante seis meses, de 24 de abril a 23 de outubro de 1964.

Sindicalistas

O cineasta Tanah Corrêa, que vai dirigir o filme, contou detalhes sobre o projeto para sindicalistas. Ele, que na década de 60 era petroleiro, foi um dos sindicalistas  perseguidos pela ditadura militar e, por isso mesmo, diz que conhece muito bem essa história.

“Temos que dar voz a esses personagens de nossa história, pois eles, na época, não tiveram mídia, não puderam se expressar, ao contrário de outros presos políticos, que por serem famosos tiveram voz na mídia, O filme vai desfazer essa injustiça”, disse Tanah.

Ele conheceu no Sindest o médico Thomas Maack, um dos presos no navio Raul Soares, que será o principal personagem do filme, vivido pelo ator Alexandre Borges. Maack mora em Nova Iorque, onde buscou exílio após a desativação do navio prisão e é considerado personagem principal dessa história sindical ocorrida no Porto de Santos.

Maack ainda busca pela cidadania brasileira

“Quando fui preso, no prédio da USP, em São Paulo, onde era professor, estava prestes a ganhar a cidadania  brasileira, mais meu processo de cidadania foi suspenso. Gostaria muito de restabelecer esse direito”, disse Thomas Maack aos sindicalistas.

Ele é alemão e chegou ao Brasil ainda bebê e foi expulso do País com 29 anos de idade. “Eu me considero brasileiro, pois sou paulistano e corintiano convicto”, concluiu.

Ele atendeu vários prisioneiros que adoeceram por causa das torturas e das péssimas condições de vida na embarcação, construído em 1900 pela empresa Hamburg Süd.

“O Dr. Thomas salvou a vida de muitos sindicalistas”, disse Luiz Augusto, presidente dos Aposentados do Sintraport(Aposintra) ao recomendar que fossem retirados do navio e internados em hospitais da cidade “.

Augusto  homenageou o médico, entregando-lhe uma placa.

Ele concluiu informando que muitos dos presos do navio-prisão eram dirigentes do Sintraport.

Sindest. “Foi um herói que preferiu o anonimato”,  disse o presidente do Sindest, Fábio Marcelo Pimentel.

“É um orgulho participarmos da recuperação de memórias, embora repulsivas, de um período recente do país e o filme, por certo, vai ganhar repercussão nacional e também internacional”.

Já o diretor do Sindest, Beto Santos, que é ator de teatro, vai participar do filme representando o movimento sindical, está “bastante empolgado com o projeto. “Estou ansioso para atuar num enredo que faz parte da história do Brasil e mais precisamente da nossa cidade”.

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