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Cotidiano

UPA Central de Santos é alvo de inquérito no Ministério Público

Além das supostas irregularidades, um homem morreu no banheiro da unidade inaugurada este ano

Carlos Ratton

Publicado em 05/05/2016 às 08:00

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UPA Central foi entregue à Fundação ABC, no início do ano, pelo prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) / Matheus Tagé/DL

Mal inaugurou e já é investigada. A 18ª promotora de Justiça de Santos, Marisol Lopes Mouta Cabral Garcia, instaurou inquérito civil para apurar possíveis irregularidades na nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central, localizada na Rua Joaquim Távora, 260, na Vila Mathias, inaugurada em 15 de janeiro último.   

O procedimento – que pode ser tornar ação civil pública – ocorre por conta de denúncia do vereador Evaldo Stanislau (Rede), que apontou inúmeros procedimentos supostamente irregulares e, além disso, a morte de um paciente dentro do banheiro da unidade, que vinha sendo mentido sob sigilo (veja nesta reportagem) e que o parlamentar está exigindo explicações da Administração Paulo Alexandre Barbosa (PSDB).  

Num requerimento, Stanislau aponta possíveis problemas trabalhistas, patrimoniais e técnicos dos profissionais contratados pela Fundação ABC, que venceu a concorrência e gerencia o equipamento. Ele quer saber horários, local de trabalho e função dos profissionais contratados, incluindo a formação de médicos, enfermeiros, farmacêuticos, dentistas e outros contratados pela organização social e a Universidade Lusíada (Unilus), parceira da Prefeitura.

O parlamentar também denuncia o envio de veículos, mobiliário e equipamentos médicos de outras unidades de saúde do Munícipio para a UPA Central e quer saber detalhes de todos os protocolos operacionais realizados na unidade, desde a triagem até operações em situações especiais.

Morte

Em outro requerimento, também encaminhado ao Ministério Público (MP), o vereador Evaldo Stanislau relata reclamações de munícipes sobre equipamentos quebrados e falta de medicamentos e insumos. Além disso, quer explicações sobre as circunstâncias que envolveram a morte de um paciente num dos sanitários da UPA Central. A Prefeitura já estaria analisando o caso.

Procurado pela Reportagem, o vereador disse que entre as questões técnicas e administrativa está uma que chama a atenção pela gravidade que é a morte de um cidadão.

“Uma unidade que tem como meta a excelência, que teoricamente teria uma triagem por gravidade do atendimento e um número de médicos e profissionais de saúde suficientes bancados por uma terceirizada, é inaceitável a morte de um paciente que procura um atendimento de um paciente no banheiro. Seguramente, houve alguma falha. A Prefeitura respondeu que está apurando e eu estou aguardando explicações”, disse o parlamentar que é médico, ratificando que o MP deverá tomar providências para apurar responsáveis e corrigir as falhas.

Escolha

Vale a pena lembrar que a Fundação ABC foi a única concorrente a participar efetivamente do processo público de escolha da empresa que iria comandar o equipamento. A segunda OS foi desabilitada por falta de documentação e nem apresentou proposta. A revelação foi feita extraoficialmente ao Diário durante apresentação à Imprensa das instalações da UPA, no começo do ano.

Santistas utilizam as redes sociais para criticar equipamento

É importante lembrar que o Diário publicou reportagem recente dando conta que cerca de 98% dos internautas que comentaram uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas A Tribuna (IPAT), encomendada pela Prefeitura de Santos, reprovaram a nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central, há pouco mais de quatro meses em funcionamento.

As pessoas que utilizaram as redes não pouparam críticas à consulta feita pelo IPAT, que apontou a satisfação de 95,8% dos 600 pacientes que estiveram no equipamento entre os dias 9 e 11 março.           
Embora o prefeito Paulo Alexandre Barbosa acredite que a experiência da UPA Central possa servir de modelo para o futuro Hospital das Clínicas e Maternidade (Estivadores) – que por sinal encontram-se com as obras em atraso – os internautas se mostraram justamente ao contrário.   

Representantes da Frente em Defesa dos Serviços Públicos Estatais e de Qualidade e do Sindicato dos Servidores Municipais de Santos (Sindserv) também desaprovam a maneira como  está sendo gerenciada a saúde no Município.

Eles já realizaram uma série manifestações contrárias ao repasse de equipamentos públicos para empresas terceirizadas.

Os sindicalistas acredita que em Santos há um processo de sucateamento das unidades e serviços existentes para forçar a terceirização, a privatização, principalmente na Zona Noroeste.

Prefeitura repassa problema para a Fundação resolver

A Prefeitura repassou a questão apontada pelo vereador à Fundação ABC, que esclareceu que todos os questionamentos do MP direcionados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central foram devidamente respondidos, conforme demanda encaminhada via Secretaria de Saúde.

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