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Cotidiano

Plano vai combater violência no Centro de Santos

Realizada na Câmara, pela vereadora Telma de Souza (PT), confirma falta de políticas públicas nos bairros da região central da Cidade

Carlos Ratton

Publicado em 30/03/2017 às 10:00

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Telma de Souza, Boquinha e Del Bel ouviram da boca dos conselheiros a confirmação que o Centro e bairros não são amparados pelo poder público de Santos / Rodrigo Montaldi/DL

Vereadores e os conselheiros municipais vão se reunir na próxima semana para traçar um plano de ação urgente para mudar a realidade dramática de mulheres e crianças que moram e brincam nas ruas dos bairros do Paquetá, Vila Mathias, Vila Nova e adjacentes, localizados próximo ao Centro de Santos, denunciada com exclusividade pelo Diário do Litoral. A decisão foi tomada ontem à tarde, numa reunião encabeçada pela vereadora Telma de Souza (PT), presidente Comissão dos Direitos da Cidadania e dos Direitos Humanos da Câmara.

Do encontro, foi deliberada a possibilidade de realização de um amplo mutirão, com objetivo de levar informações aos locais mais afetados pela violência e colher dados que possibilitem um diagnóstico da vulnerabilidade social das comunidades. Os participantes da reunião – membros da Coordenadoria de Políticas Públicas para a Mulher; de Proteção Social Especial; conselhos Tutelar do Centro; da Criança e do Adolescente, da Juventude, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) Zona Leste; e outros foram unânimes em detectar que as secretarias municipais não se relacionam e nem desenvolvem um trabalho conjunto para reverter a situação.

“Vamos juntar as comissões de Cidadania, Saúde, Criança e Adolescente, conforme sugeriu o vereador Chico Nogueira (PT) e, junto com todos os conselhos, fazer um mutirão inicial em uma das ruas do entorno do Mercado Municipal para que as mulheres tomem conhecimento de seus direitos e possam nos dar subsídios para propostas de políticas públicas para os bairros vulneráveis visando uma ampla conscientização para evitar estupros e mortes de mulheres e crianças. Uma cidade que tem em sua bandeira pátria da caridade e liberdade não pode ser conivente e nem conviver com essa situação”, dispara Telma de Souza.

Secretário

Presente na reunião, o secretário municipal de Segurança, Sérgio Del Bel Júnior, causou espanto ao dizer que sua primeira impressão sobre a área do mercado é que estava no Vietnã. “O que mais contribui para a insegurança é o abandono. Ocupar os locais é fundamental. É preciso que os órgãos públicos se aproximem das pessoas. Falta movimento. É preciso desenvolver atividades econômicas, sociais e culturais no Centro e região”, disse, enfatizando que tem a sensação que esses bairros não estão inseridos no mapa do município.   

O vereador Geonísio Pereira, o Boquinha, líder do PSDB, partido do prefeito Paulo Alexandre Barbosa, também salientou a necessidade de uma ação conjunta do Governo. “Não existe oportunidades de lazer nesses locais. As secretarias municipais não trocam informações”, disse o parlamentar, que teve sua informação confirmada pelo presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Santos, Edmir Santos Nascimento. “As crianças do Centro não veem a hora de chegar segunda-feira. Cultura e Esporte não chega ao Centro. Aliás, a Cidade de Santos desconhece a realidade desses bairros”, disparou.

O vice-presidente do Conselho da Juventude, Rafael Santos de Paula, chegou a sugerir cobranças sobre monitoramento eletrônico; iluminação pública; na Delegacia da Mulher; mudanças na abordagem de vítimas nas delegacias, ações nas áreas e, até, capacitação de professores da rede pública para atendimento de crianças vítimas de violência sexual.  

Reportagem

A reportagem mostrou  que, principalmente à noite e nos finais de semana, mulheres e crianças estão sofrendo assédio de marginais. Elas revelaram perseguições visando estupro, invasões de imóveis e descarte de vítimas. O drama das mulheres foi confirmado por Dida Dias e Luciana Jorge, do coletivo feminista Maria Vai com as Outras, formado com objetivo de lutar pelos direitos e combater a violência contra as mulheres. Elas contaram que sem alternativas, mulheres e crianças deixaram de conversar e brincar na rua. As famílias vivem trancadas nos cômodos onde moram.

Revelaram que tudo ocorre por conta da falta de políticas públicas e investimentos no Centro de Santos, praticamente abandonado por sucessivas administrações, incluindo a atual.

Disseram ainda que a área do Paquetá e do Mercado servem não só como armadilha, mas como desova de vítimas de estupro. Tudo em função da falta de iluminação, de câmeras públicas de vigilância, efetivos da policiais, equipamentos de lazer, esportivos e culturais.

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