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Cotidiano

Maior incidência de HIV/Aids é entre jovens de 20 a 39 anos na Baixada Santista

Autoridades alertam para o comportamento sexual de jovens que não temem contrair o vírus

Bárbara Farias

Publicado em 01/12/2018 às 08:30

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Os municípios da Baixada consultados registram mortes por complicações decorrentes da Aids todos os anos / Divulgação

A maior concentração de pacientes com HIV/Aids está entre os homens nas faixas de 20 a 39 anos de idade, na Baixada Santista, segundo constatou o Diário após levantamento realizado junto a oito dos nove municípios da região. Apenas Itanhaém não forneceu os dados solicitados.

Neste Dia Mundial de Luta contra a Aids, autoridades alertam para a alta incidência de casos entre os jovens, enfatizando que embora tenha tratamento, a Aids não tem cura e a prevenção é a unica forma de evitá-la.  

Santos

O Centro de Controle de Doenças Infecto-Contagiosas (CCDI) de Santos possui 6 mil pacientes ativos (HIV e/ou Aids) – desde o início do serviço, em 1989, foram 8.521 matriculados (com 2.456 óbitos). Deste montante, 3.528 fazem uso de antirretrovirais atualmente.

De janeiro a novembro de 2017, foram registrados 159 novos casos, de 171 (até dezembro). Neste ano, foram diagnosticados 87 casos, queda de 45% na comparação com igual período de 2017.
De 2007 a 2017, foram diagnosticados 2.066 casos de HIV+, a maioria em pacientes de 30 a 39 anos (32,3%). Desses, 1.483 do sexo masculino (71,78%) e 583 do sexo feminino (28,22%).

“Os números de casos e óbitos por Aids reduziram drasticamente na comparação com o início da epidemia no final da década de 1980 e início da década de 1990, consequência das ações de assistência aos pacientes no nosso Município e o avanço dos medicamentos antirretrovirais, que trouxeram maior qualidade de vida às pessoas com HIV/Aids. Mas, infelizmente, o número de novos casos de HIV+ se mantém estável nos últimos anos. Isto porque as gerações mais novas não viram amigos e familiares morrerem por causa da doença e muitas pessoas não temem a infecção, o que está contribuindo para o aumento do número de casos de HIV entre os mais jovens”, explica Regina Lacerda, coordenadora do CCDI.

Em 2017, foram 79 casos de aids, com 37 óbitos – taxa de mortalidade de 8,5 por 100 mil habitantes. Neste ano, foram 51 casos de aids, com 24 óbitos – mortalidade de 5,5 por 100 mil habitantes.

Guarujá

Guarujá tem 1.201 pacientes soropositivos cadastrados. De janeiro a novembro deste ano foram registrados 52 casos, sendo 38 homens e 14 mulheres. A maior incidência de casos é de homens, de 20 a 29 anos.   
Segundo informações da Secretaria de Saúde, considerando o período de 2007 a 2018, 360 pessoas já morreram por complicações de HIV/Aids; em 2018 foram 26.  

Nos últimos três anos foi observada queda de aproximadamente 30% dos casos notificados.

“A situação ainda é muito preocupante apesar da diminuição dos casos notificados, por se tratar de uma doença que ainda não tem cura e é prevenível. Além do acesso existem outras estratégias traçadas pelo Ministério da Saúde, uma delas é a prevenção combinada”, afirma a coordenadora do Programa Municipal de IST/AIDS/Hepatites Virais, Márcia Helena Rodrigues.

Bertioga

A Secretaria de Saúde de Bertioga informou que neste ano foram confirmados 25 casos de pessoas soropositivas, sendo 18 homens e 7 mulheres. Já no ano anterior, foram registrados 7 novos diagnósticos positivos, sendo cinco homens e duas mulheres. Neste ano, a maior incidência de pacientes está na faixa de 20 a 29 anos (11 casos, todos homens).

“Uma das intervenções é o uso da PrEP, sendo o município, referenciado em Santos (CTA), assim também como os demais municípios, por motivos estratégicos. Em relação à PEP, realizamos a dispensação no Serviço de Emergência e no Serviço de Atendimento Especializado (SAE)”, informou a Secretaria de Saúde em nota.

Praia Grande

Praia Grande tem 2.400 pacientes soropositivos, segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde. Entre janeiro e novembro deste ano, foram cadastrados 135 casos (sendo 40% transferência de outra municipalidade já em tratamento).

“Houve um aumento no número de casos de aids. O principal motivo é o comportamento sexual dos jovens, que consideram que ninguém mais morre de aids”, afirma a diretora de Divisão de Programas de Prevenção Especial, Simone Lara.

De 2012 a 2018, 174 pessoas morreram de complicações do HIV/Aids. Desses, 119 são homens e 55, mulheres.

São Vicente e Cubatão destacam redução de casos

A Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), informa que de 2007 até 2018 foram confirmados 1.879 casos de contaminação pelo vírus HIV. Deste total, 1.212 foram entre pessoas do sexo masculino e 667 do sexo feminino.

Segundo o Departamento de Vigilância Epidemiológica de São Vicente (Deviepi), entre os 1.879 pacientes, as faixas etárias com maior incidência são de 30 a 39 anos (610), de 20 a 29 anos (538) e de 40 a 49 anos (443).

Neste ano foram notificados 142 casos, apontando a manutenção da redução de novos casos notificados.
Quantos aos óbitos, São Vicente registrou 309, de 2007 a 2018. Observa-se redução nos últimos três anos: três mortes em 2016; duas em 2017; e duas em 2018.

Cubatão

A cidade tem 551 pacientes com HIV cadastrados. em 2018, foram diagnosticados 14 casos, contra 22 no mesmo período de 2017.

De 2012 a 2018, foram diagnosticados 133 casos: 93 homens e 40 mulheres. Entre as mulheres houve maior concentração entre 30 e 39 anos: 16. Já entre os homens, a maior incidência foi entre 20 e 29 anos: 33 pacientes.

Houve 10 óbitos neste ano e 12 no ano passado.

“No  início da epidemia, os números eram altos, mas foram reduzidos com a terapia antirretroviral, ações de prevenção, e o desenvolvimento de políticas públicas garantindo maior acesso a preservativos e aperfeiçoamento dos ambulatórios para tratamento”, afirma Deise de Souza, chefe do Serviço de Atendimento a Doenças Transmissíveis e responsável pelo Programa DST/Aids do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Cubatão.

Novos casos de HIV caem em Peruíbe e Mongaguá

Mongaguá registra 181 pessoas soropositivas. Em 2018, foram diagnosticados 24 novos pacientes. No ano passado, foram diagnosticados 28 casos, sendo 25 até novembro. A maior incidência de pessoas com HIV é de homens e na faixa etária de 20 a 29 anos de idade.         

Segundo a coordenadora de prevenção do Serviço de Atendimento Especializado (SAE), Beatriz Fernandes de Jesus houve redução nos casos graças aos trabalhos do Serviço de Atendimento Especializado (SAE), e das estratégias de prevenção. “Mongaguá não poupa esforços para prevenir o surgimento de casos de HIV no município. As equipes de Saúde, em toda a rede de atendimento público, realizam constantemente campanhas alusivas e impulsionam as ações durante Carnaval e em épocas de temporada”.

Mongaguá registra crescimento de óbitos totalizando 8, sendo três pessoas nesse ano e quatro em 2017.

Peruíbe

Peruíbe registra em 2018, 219 pessoas com HIV, sendo 118 homens (54%) e 101 mulheres (46%). As informações são da Secretaria Municipal de Saúde. Desses, mais da metade (51%) tem entre 40 e 60 anos de idade: 111 pessoas; 75 (34%) tem de 18 a 39 anos; 28 (12,8%) são idosos acima de 61 anos; 4 são adolescentes (1,8%) e 1 criança (0,40%).

Já em relação aos períodos de diagnóstico, conforme os dados fornecidos, de 1991 a 2018 foram confirmados 215 pacientes, o maior número de registros ocorreu no período de 2000 a 2010: 112 casos. Entre os pacientes eram psiquiátricos 26; dependentes químicos, 45; homossexuais, 34; e travestis, 4.
Em 2017, o município registrava 241 casos, sendo 136 homens e 105 mulheres.

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