Mães protestam por melhorias no CEU

O direito à creche está previsto na Constituição Federal. A estruturação adequada para este tipo de unidade escolar - com ventilação, salas limpas e alimentação correta - é direcionada pela Lei de Diretrizes de Bases, do Ministério da Educação (MEC). É para garantir este direito que cerca de 20 mães protestaram em frente ao Centro Educacional Unificado (CEU), em Cubatão, na manhã de ontem.

Segundo elas, os próprios alunos reclamam dos problemas que enfrentam na unidade: falta de ventilação adequada em algumas salas, falta de bebedouros ou água gelada, falta de limpeza nas salas de aula e falta de alimentação adequada. "Meu filho chega em casa pedindo água gelada e todo sujo, da cabeça aos pés. Ele mesmo reclama que a escola está suja", conta o motorista Fernando Alves, pai de um menino de quatro anos. A unidade atende 460 crianças de zero à cinco anos, em período integral - das 8 às 17 horas.

"A escola está imunda. Tem uma funcionária trabalhando na limpeza da escola. A parte do berçário tem ar, mas o outro lado (prédio destinado à pré-escola) não. Na semana passada, as crianças precisaram ter aula no Parque Anilinas porque não tinha condições de ficarem na sala de aula. Agora, quando eles souberam que faríamos o protesto, eles mandaram gente para limpar", reclama a auxiliar administrativa Vanessa Falcão, moradora da Vila Elizabeth.

As mães acreditam que a falta de ventilação nas salas e a falta de água com uma temperatura adequada ao calor que tem feito no mês de abril causaram os problemas de saúde enfrentados por seus filhos no período. "Pelo menos oito crianças apresentaram o mesmo problema. E no hospital tem mais crianças internadas, provavelmente de outras creches. O meu filho precisou ser internado às pressas por conta de desidratação, febre e vômito. Saiu passando mal da escola", explica a autônoma Camila Ferreira.

Após o protesto em frente à escola, um grupo de 10 mães, acompanhadas dos vereadores Ivan Hildebrando (PSB) e Dinho Heliodoro (SDD), entrou na unidade para conversar com a diretoria e averiguar as condições das salas de aula. Todas saíram da escola com as mesmas reclamações. "As salas estão sujas, tem sala sem ventilador mesmo, as salas não têm cortinas e tem uma turma que está sob os cuidados de uma inspetora. Agora vamos colocar tudo o que vimos em ata e encaminhar para o ministério público. Os vereadores vão tentar uma reunião entre as mães e o secretário de Educação", explica a cozinheira Luciane Cardoso, que também tem um filho de quatro anos.

A vistoria na escola foi acompanhada pelo presidente do Conselho Municipal de Educação, o professor Paulo Sebastião Rodrigues, que confirmou a necessidade de limpeza nas salas de aula. Segundo ele, a unidade precisa sofrer algumas intervenções para atender tantas crianças em período integral. "É necessário mais funcionários, mais professores e mais material", explica.

Transporte

Outra reclamação é sobre o transporte escolar para as crianças de zero à três anos. A diarista Daniela Santos tem uma filha de um ano e oito meses matriculada na unidade e já perdeu empregos por não conseguir deixar a filha na creche. "Eu gasto o dinheiro que não tenho para deixar minha filha nesta creche, sendo que tem uma creche no bairro onde eu moro. Eu preciso deixá-la no período integral, mas não tem transporte escolar para trazê-la.

Eles dão passes, mas mesmo assim tem dia que não dá, porque é muito contramão. Eles fizeram esta reorganização nas creches, mas não deu certo", reclama a moradora da Fabril.

O mesmo questiona a moradora do Vale Verde, Cristiane Silva de Barros. "Preciso trazer ele aqui para adaptação durante a tarde e traga com o meu dinheiro mesmo. Não tem transporte para ele. Neste período não consigo ir trabalhar", comenta a atendente, que trabalha em um restaurante no próprio bairro.

Secretário garante que escola está em "perfeita ordem"

Após tomar conhecimento das reclamações das mães, o secretário municipal de Educação, César Pimentel, recebeu a imprensa em seu gabinete. Segundo ele, as mães que vistoriaram a unidade na manhã de ontem encontraram o CEU em "perfeita ordem".

O secretário explicou que uma força-tarefa foi montada para suprir os funcionários que estavam paralisados com a greve da Cursan, empresa responsável pela limpeza nas escolas. "A diretora me relatou que as mães e os vereadores caminharam pela escola e a escola estava em perfeita ordem, não estava suja, não estava faltando material de limpeza. Acabada a greve, a gente fez a entrega do material pela manhã e as pessoas da limpeza e da merenda voltaram para escola hoje (ontem). E a escola estava um brinco", garante.

Ainda segundo o secretário, a escola tem vaga para 100 professores com um quadro de 70 docentes. Dentro deste quadro, cerca de 20 professores dobram o serviço para atender toda a demanda da escola. Sobre a falta de professor, o secretário afirmou que há um número de absenteísmo (ausências de trabalho) alto na rede municipal. "O que pode ter acontecido é de terem faltado muitos professores", explica sobre a ausência de um decente em uma das salas vistoriadas pelos responsáveis.

Sobre a falta de ventilação, o secretário garantiu que já há uma processo licitatória para comprar de aparelhos para toda a rede de ensino. Assim como também garantiu que bebedouros possam ser instaladas na unidade. "Mas não costumamos trabalhar com bebedouros em creches porque crianças e bebês não vão beber água sozinhas. Então são as professoras que providenciam com o sistema que temos disponível na unidade", explica.

Outra ação da Secretaria de Educação que está em andamento, segundo ele, é o chamamento para fornecer o serviço de "perua" escolar aos alunos de zero à três anos. "Não é nossa obrigação dar o transporte, mas como fizemos a reorganização por uma necessidade nossa, então resolvemos fornecer o transporte para esta faixa etária com veículos adequados para isso", explica. Todas estas providências, Pimentel pretende implantar ainda no próximo mês.

O secretário também fez questão de lembrar a população sobre o período vivido neste ano. "Nós estamos em ano eleitoral. Esta questão de Educação é muito visada. Nós tivemos uma processo de reorganização muito grande na Cidade, que acabou com a falta de vagas. Eu não tenho uma criança fora da escola em Cubatão. Na verdade, nós estamos reabrindo as inscrições de creche até o dia 6 para ver se preenchemos as vagas. Nós sabemos que a Educação está bem avaliada e a gente sabe que precisam combater isso".