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Cotidiano

Comerciantes clamam por segurança na Zona Noroeste de Santos

Onda de assaltos amedronta população; PM prendeu uma pessoa por dia nos últimos três meses

Publicado em 04/05/2016 às 10:00

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Após dois assaltos seguidos, comerciante, que atua há 25 anos na Zona Noroeste, fechou as portas com o desabafo: “Isto é a Zona Noroeste, a nossa cidade de Santos” / Matheus Tagé/DL

O cartaz chama atenção de quem passa em frente ao carrinho de ­lanches do Sargento Pipoca, no Jardim Santa Maria, em Santos. Conhecido pela saborosa pipoca e pelo yakissoba, o local fechou definitivamente as portas devido à falta de segurança. Foram dois assaltos em apenas uma semana. Com medo, o proprietário do estabelecimento, que atua há 25 anos na Zona Noroeste, decidiu encerrar as atividades. A atitude dele não é restrita e muitos comerciantes já não sabem mais o que fazer.

“Três homens chegaram de bicicleta e anunciaram o assalto. Agiram com violência. Não roubaram ninguém que estava na fila apenas a ­mulher dele e ele. Foram os mesmos caras na terça e na quinta. Aqui não tem ­segurança nenhuma. Acontece assalto toda hora nas ruas. Uma pena ele sair daqui. Está todo mundo indignado. Vinha gente de outras cidades. Até de Praia Grande”, disse uma pessoa que mora ­próximo ao local e não quis se identificar.

Enquanto a Reportagem estava no local, a condutora de um veículo parou para ler o cartaz fixado no carrinho de lanches. Disse ser um absurdo o motivo do fechamento e que era cliente do Sargento Pipoca desde quando o comércio atendia na Vila São Jorge, na década de 1990. “Lamentamos informar que após 25 anos estamos encerrando nossas atividades. Motivo: violência, roubo”, diz o informativo.

A auxiliar de enfermagem Alini Marques mora no Bom Retiro, bairro vizinho ao Jardim Santa Maria. Ela relata que a onda de assaltos cresceu naquela região, que fica no entorno do Jardim Botânico. “Não é só no comércio que as coisas estão feias. Agora eles estão assaltando mulheres com crianças porque elas não conseguem se defender. É dia e noite. Aqui e perto do horto (Jardim Botânico) o bicho está pegando”, disse.

Segundo ela e outros moradores, também é frequente assaltos no paredão e no interior do Jardim Botânico. Ainda de acordo com eles, a PM faz patrulhamento na região, mas não de forma intensiva.

Fechado

Mas o fechamento do Sargento Pipoca não é isolado. Outros estabelecimentos comerciais da Zona Noroeste já encerraram as atividades devido à falta de segurança. Na Avenida Álvaro Guimarães, no Jardim Rádio Clube, conhecida por abrigar comércios diversos, a decisão é frequente.

“A lotérica fechou depois de muitos assaltos. A padaria reabriu agora, mas ficou muito tempo fechada por causa de roubo. Já fechou salão de beleza, loja de roupa. Toda hora alguém fala que foi assaltado. Nós também já sofremos com assalto. Se perguntar para todos os comerciantes acho que não vai ter um que fale não sofreu ou que já ouviu falar de alguém que sofreu. Está muito difícil a situação”, afirmou a caixa de um estabelecimento, que não quis se identificar.

Enquanto o Diário do Litoral ouvia os comerciantes e as pessoas que passavam pela avenida, agentes da Polícia Militar faziam patrulhamento a pé e de carro nas imediações da Avenida Álvaro Guimarães. Os entrevistados disseram que há policiamento, mas não é frequente e nem suficiente para coibir a ação dos marginais que costumam agir em bicicletas.

“O Gonzaga da Zona Noroeste é aqui. Tudo o que o pessoal quer encontra nas lojas daqui. Mas diante de tanto assalto o pessoal fica com medo e fecha as portas. Quem perde é a população”, afirmou a mulher.

Em apenas três meses, PM prende quase 100 pessoas

O Diário do Litoral procurou a Prefeitura de Santos e a Polícia Militar para comentar a onda de assaltos na Zona Noroeste e a insatisfação dos comerciantes. Ambos órgãos informaram que as áreas citadas são contempladas com patrulhamento e monitoramento. Em apenas três meses, quase 100 pessoas foram presas após ocorrências em flagrante.

A Polícia Militar informou, por meio de nota, que realiza policiamento ostensivo preventivo e acompanha a dinâmica da criminalidade com uso de ferramentas de inteligência e dados estatísticos da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Segundo a PM, nos primeiros três meses deste ano foram apreendidas 16 armas de fogo e realizados 53 ocorrências de flagrantes que resultou na prisão de 93 pessoas na região citada na ­matéria. Porém, diante da legislação branda, muitos infratores retornam às ruas em um curto espaço de tempo.

A PM informou ainda que constantemente realiza operações aumentando o contingente proveniente de outras companhias de policiamento como o Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep).

Já a Prefeitura ­informou que a ­Guarda Municipal realiza patrulhamento preventivo no local, Toda vez que observa uma situação irregular, orienta, adverte e, se necessário, aciona a Polícia Militar. Segundo a Administração, a ­corporação também conta com o apoio de câmeras de monitoramento.

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