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Cotidiano

Baixada tem o maior número de doadores de órgãos de São Paulo

Média da região está acima da projeção nacional; número de mortes por traumatismo craniano nas estradas é um dos motivos para índice elevado

Rafaella Martinez

Publicado em 29/09/2017 às 10:00

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Dos 29 mil transplantes de órgãos feitos no Estado de São Paulo desde 1997, 3.558 beneficiaram pacientes que moravam em outros estados brasileiros / USP Imagens/Fotos Públicas

A maior parte dos doadores de órgãos do Estado de São Paulo vem da Baixada Santista: o índice na região é de 28,9 doadores por milhão de habitante, número acima da média do Estado, que atualmente é de 18 doadores por milhão de habitante.

De acordo com Marizete Medeiros, coordenadora do Sistema de Doações do Estado de São Paulo, o número pode ser resultado do índice elevado de mortes por traumatismo craniano  nas estradas da região (pessoas que sofreram um acidente de trânsito, por exemplo, e o quadro evoluiu para morte encefálica). A outra condição possível para doação é quando um acidente vascular cerebral (derrame) também evolui para  morte encefálica.

“Temos convicção que esse número também é resultado de um trabalho rápido e necessário da Escola Paulista de Medicina, responsável por atuar na região identificando os potenciais doadores e trabalhando com as famílias”, destaca.

Em todo Brasil, o índice desejado é de 25 mil doadores por milhão de habitante. O número ainda é distante de países como a Espanha, onde a taxa chega a 30. Embora responda atualmente por cerca de metade dos transplantes realizados no país (dos 29 mil transplantes de órgãos feitos no Estado de São Paulo desde 1997, 3.558 beneficiaram pacientes que moravam em outros estados brasileiros) o Estado ocupa a quinta posição no ranking de doações de órgãos.

“O procedimento em casos de morte encefálica precisa ser rápido para que os órgãos possam ser transplantados para quem precisa. Hoje a fila de espera do Estado para pessoas que têm como única alternativa o transplante ainda é grande. A maior demanda é por transplante de rim: 13 mil. Em segundo lugar, está o transplante de córneas, com 3487, seguido por 962 que aguardam por um fígado, 194 por um coração, 101 por pulmão e 50 pâncreas”, afirma.

Crescimento

O número de doadores de órgãos no Brasil bateu recorde no primeiro semestre de 2017, em comparação com os seis meses iniciais dos anos anteriores. Foram 1.662 doadores, aumento de 16% em relação a 2016. Quando considerado o intervalo entre 2010 e 2017, esse percentual chega a 75%.

Para ampliar o número de doadores, o país tem o desafio de informar e sensibilizar as famílias para que elas autorizem a realização de transplantes. Hoje, 43% ainda recusam a doação. A média mundial é de 25%, segundo a coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes, Rosana Reis. Para mudar esse quadro, o Ministério da Saúde lançou nesta segunda-feira (27), Dia Nacional da Doação de Órgãos, a campanha Família, quem você ama pode salvar vidas.

A campanha busca estimular as pessoas a compartilharem com suas famílias o desejo de serem doadoras de órgãos. Isso porque, após a ocorrência da morte encefálica, é a família quem decide ou não pela doação.

Transplante também bateu recorde

O crescimento do número de doadores neste primeiro semestre fez o país registrar recorde no número de transplantes realizados no mesmo período. Ao todo, foram 12.086, o que representa um incremento de 8% em relação a 2016. Os transplantes de córnea foram os mais comuns: 7.865. Transplantes de órgãos diversos somaram 4.221. Segundo o ministério, foram realizados 2.928 transplantes de rim; 1.014 de fígado e 172 de coração.

A Central de Transplantes do governo do Estado de São Paulo registrou, em 20 anos, um saldo de 101,3 mil doadores paulistas e 107.000 transplantes realizados, dos quais 29 mil de órgãos e 78 mil de córneas (consideradas como tecidos). No período foram registrados 10,5 mil doadores de órgãos e 90,8 mil doadores de córneas.

Parte do aumento é explicada pela agilidade no transporte de órgãos pelo país, o que ocorre por meio de parcerias com companhias de aviação civil e também com a Força Aérea Brasileira (FAB). Apenas neste ano, foram realizados 2.402 transportes de órgãos, tecidos e/ou equipes por meio desses acordos de cooperação. De junho de 2016, quando decreto presidencial determinou a destinação de uma aeronave para essa finalidade, a FAB ampliou sua participação nesse número, com o transporte de 366 órgãos sólidos até setembro.

Houve queda apenas no número de transplantes de pulmão, variação negativa de 21,8% em relação ao ano anterior, e de pâncreas, com 40% a menos. Por isso, a área de pâncreas será beneficiada com o investimento de R$ 10 milhões, segundo anúncio do ministério. Desse recurso, 70% serão destinados a ações relacionadas a transplantes efetivamente e 30% incrementarão o setor de doações. (Com informações da Agência Brasil)

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