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Doria pede e ganha câmeras e drones de empresas chinesas de segurança

Ele também disse que organizará grupos de trabalho para discutir uma PPP (Parceria Público-Privada) da vigilância que cobriria "do centro, [como a rua José Paulino] à periferia."

Folhapress

Publicado em 25/07/2017 às 20:00

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Prefeito João Doria realiza viagem para buscar investidores para o programa de desestatização e para conhecer novas tecnologias / SECOM/Fotos Públicas

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), visitou empresas chinesas de segurança, atrás de doações de equipamentos para seu programa de monitoramento de ruas, o City Câmeras.

Nesta terça-feira (25), seu segundo dia de agenda na China, Doria pediu mil câmeras e um drone que custa cerca de US$ 10 mil à HikVision, gigante que diz possuir mais de um quarto do sistema de segurança do mundo, o que lhe rendeu a fama de "Big Brother" em escala global. Seu desejo foi uma ordem.

Em seguida, foi à concorrente Dahua, que operou na Olimpíada do Rio e na cúpula do G20 de 2016, e conseguiu outras mil câmeras e um drone, desta vez estimado em US$ 140 mil.

Doria também disse que organizará grupos de trabalho para discutir uma PPP (Parceria Público-Privada) da vigilância que cobriria "do centro, [como a rua José Paulino] à periferia." O tucano conversou sobre o tema com a HikVision e a Dahua -nesta quarta (26) visitará outra fabricante da área.

O que estas companhias teriam a ganhar cedendo suas câmeras? "Visibilidade", segundo o tucano. "Quem, afinal, não gostaria de ter a maior cidade da América Latina como vitrine?"

Mas a proximidade com os conglomerados de segurança também desperta críticas. Eles poderiam ver vantagem em atender ao pedido de um prefeito que em breve poderá abrir concorrência para uma eventual PPP que muito lhes interessa.

Diretor da HikVision no Brasil, o chinês Mario Ma afirma que licitações são "o negócio principal" da empresa, e que "a doação pode ajudar, sim."

O presidente da Dahua, Fu Liquan, afirmou que é "muito raro" que sua empresa participe desse tipo de doação. "Foi um grande conselho do senhor prefeito, que foi um grande empresário", disse, por meio de tradutora.

DÉFICIT

Para Doria, São Paulo não tem escolhas a não ser a recorrer a doações, vide o déficit de R$ 7,5 bilhões nas contas municipais. As câmeras podem custar "R$ 10 ou R$ 10 milhões", tanto faz: a cidade, hoje, não é capaz de bancá-las.

Não se trata de aliciar possíveis concorrentes, afirmou o tucano. Não há contrapartida à vista e, no andar da carruagem, "o prefeito está mais pedindo do que oferecendo", continuou.

"A PPP, quando for colocada, vai permitir a participação de qualquer empresa."

O "City Câmeras", uma perna do programa "Cidade Segura", já rendeu frutos concretos disse o prefeito. Exemplo: "Assim descobrimos bandidos distribuindo pedras de crack dentro de bisnagas de pão."

Hoje o monitoramento da capital paulista com com 1.400 câmeras e dialoga com o Detecta, sistema anticrime importado de Nova York pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), ao custo de R$ 30 milhões.

Por não funcionar como prometido, o programa estadual virou alvo do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

"Todo sistema pode ter algum defeito", mas a Guarda Civil Metropolitana não tem do que se queixar do Detecta, segundo Doria.

O tucano disse que a passagem pela China o fez repensar a meta inicial, que era a de uma rede de 10 mil câmeras (integrando equipamentos públicos e privados até 2020).

Sede das empresas visitadas, a cidade chinesa de Hangzhou (quase 10 milhões de habitantes, dois a menos que São Paulo) tem um circuito com dois milhões de câmeras.

A China é obcecada com o tema. Para entrar numa estação de metrô do país é preciso passar por um raio-x.

Em aeroportos, até bateria de câmeras são vistas com desconfiança. Seriam potenciais explosivos.

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