Mesmo de forma cuidadosa, o secretário de Segurança do Estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, confirmou ontem que irá investigar a ação da Polícia Militar que interrompeu, de forma truculenta, o espetáculo Blitz - O império que nunca dorme”, da Trupe Olho da Rua, no final da tarde do último domingo (30), na Praça dos Andradas, em Santos.
A iniciativa, que teve repercussão nacional, acarretou a prisão do diretor da peça, Caio Martinez Pacheco, e apreensão de todo o cenário e material cênico, além do celular de expectador.
Na verdade, o secretário Mágino Barbosa atende pedido do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que também ontem afirmou que, mesmo não concordando com a temática do espetáculo, a liberdade de expressão tem de ser respeitada.
“Estamos apurando o que realmente aconteceu. Vamos avaliar se a peça justificou a atitude drástica dos policiais, se houve excesso. É muito cedo para tirarmos qualquer conclusão”, disse o secretário, sem saber que a peça é contemplada via Programa de Ação Cultural (Proac), ligado à Secretaria do Estado da Cultura.
Questionado pelo Diário sobre o aparato utilizado pela PM - mais de 10 policiais com armas nas mãos e uma tenente com uma submetralhadora – para algemar e prender o ator santista, o secretário continuou comedido. “Preciso avaliar os fatos. Não posso emitir opinião sobre uma questão que, fatalmente, será submetida ao meu julgamento futuro”, disse, sem dar prazo para acabar as investigações e nem revelar quais as possíveis punições dos policiais, caso sejam comprovados os abusos.
A informação foi dada ontem, numa coletiva de Imprensa, realizada na regional de Santos do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, no Centro, pela Trupe, que já conta com apoio de vários coletivos artísticos da Cidade e região.
Amanhã, às 14 horas, o grupo fará uma apresentação-denúncia da Assembleia Legislativa do Estado (Alesp).
Uma manifestação que estava marcada para ocorrer às 18 horas, na Câmara de Santos, foi transferida para a próxima segunda-feira (7), no mesmo horário.
O vereador Evaldo Stanislau (Rede) vai se manifestar em defesa dos artistas e da liberdade de expressão.
O tumulto começou por volta das 18h20. Após desligar o som e recolher os objetos de cena, os policiais algemaram Martinez sem falar qual o crime ele e o grupo teriam cometido.
Pelo Boletim de Ocorrência (BO), a Trupe teria atentado contra símbolos nacionais (bandeira e hino) e Caio Martinez teria desobedecido a polícia e resistido à prisão.
A única testemunha do ocorrido em favor da polícia é um próprio policial.
Cerca de 50 pessoas estavam assistindo o espetáculo e um vídeo mostrando toda a ação policial rapidamente se propagou pelas redes sociais, causando indignação de centenas de pessoas, que assistiram Caio sendo lançado à força para dentro da viatura. O celular de uma pessoa também foi apreendido na ação.
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