“Os bancos ganham da previdência para pagar os benefícios, mas ninguém se preparou para situações de emergências como as dos aposentados que vieram receber o primeiro benefício ou quem, como no meu caso, veio para receber também o primeiro benefício de auxílio-doença”, disse o auxiliar de informática, CWB, que ficou revoltado ao ser barrado na porta do Banco do Brasil e não ter conseguido receber o benefício pelo qual aguardava há mais de 60 dias.
A exemplo dele, outros segurados também se revoltaram. “Se eu já tivesse o cartão de saque de benefício, até poderia pegar um dinheiro ou pagar as contas que estão vencendo, mas isto não ocorreu e agora não sabemos o que fazer. Vou ligar para a previdência social e registrar meu protesto”, completou o auxiliar.
A revolta de clientes juntou-se também a revolta de bancários e bancárias que aderiram alegando que está havendo intransigência dos patrões banqueiros que oferecem reajuste de 6,5%, que representa apenas 68% da inflação (INPC projetado em 9,57%), e um único abono de R$ 3 mil.
A greve é nacional e teve início ontem, sem previsão para o seu fim. “A data-base dos bancários é 1º de setembro. Usar a crise como desculpa para não cumprir a reivindicação de aumento de 14,78% (inflação + 5% de reajuste) é desrespeito com os trabalhadores, já que no ano passado os cinco maiores bancos brasileiros lucraram quase R$ 70 bilhões! O lucro é 16,2% maior que o alcançado em 2014”, diz Eneida Koury, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Na proposta apresentada pela Fenaban, no dia 29/8, há também uma armadilha para os bancários: O abono salarial de R$ 3 mil que enfraquece salários e tem a intenção de desmobilizar a categoria. Os bancários devem lutar por reajustes digno e condições de trabalho.
Abono
“O abono é uma estratégia utilizada pelas empresas para achatar os pisos de ingresso e não recompor o poder de compra dos salários, com o objetivo claro de acumular lucro”, afirma Ricardo Saraiva Big, secretário geral do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
De acordo com Big, vale ressaltar que o abono reflete de forma negativa e produz perdas sobre o 13° salário, férias, INSS, FGTS, PLR, sendo que após um ano não existirá mais e as perdas inflacionárias persistiram nos salários. O valor apenas resolve os problemas imediatos do mês. E sendo assim, os bancos não contabilizam a quantia na folha seguinte.
Crise e sem crise
A sindicalista prosseguiu: “ Como sempre acontece nas campanhas salariais, os bancos alegam que a crise os atingiu. Porém, os lucros bilionários provam que não há crise para os banqueiros. A crise afeta sim a categoria bancária sobrecarregada, cansada e assediada por metas e demissões”.
Ela conclui: “ Exigimos um reajuste salarial digno, melhores condições de trabalho, fim das demissões e mais contratações. Para isso, é fundamental a mobilização dos bancários e das bancárias para fazermos uma forte campanha salarial, que deverá ser uma das mais duras dos últimos anos”, ressalta Eneida Koury.
Além da questão do reajuste, outros pontos da pauta da categoria foram menosprezados pelos banqueiros durante as rodadas de negociação.
Principais reivindicações da Campanha Salarial
•Reajuste salarial: reposição da inflação (9,57%) mais 5% de reajuste;
• PLR: 3 salários mais R$8.317,90;
• Piso: R$3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último);
• Vale alimentação no valor de R$880,00 ao mês (valor do salário mínimo);
• Vale refeição no valor de R$880,00 ao mês;
• 13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$880,00 ao mês;
• Melhores condições de trabalho com o fim das metas e do assédio moral que adoecem os bancários;
• Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas;
• Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários;
• Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós;
• Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários;
• Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transsexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
Os bancos durante a greve:
1) Pagar contas
O cliente pode utilizar internet banking e aplicativos para celular para efetuar as operações. Os caixas eletrônicos e correspondentes bancários, como lotéricas, Correios e supermercados também recebem pagamentos de contas
2) Transferências
É possível fazer por internet banking, celular e caixa eletrônico
3) Investimentos e resgates
Também podem ser feitos por internet, aplicativo, caixa eletrônico e central de atendimento por telefone.
4) Empréstimos
Os bancos oferecem crédito pessoal em condições pré-aprovadas no atendimento eletrônico.
Para quem precisa renegociar, os bancos oferecem sites exclusivos e também permitem o envio de propostas pela internet
O que os bancos oferecem:
Reajuste
6,5% sobre salário e benefícios
Abono
R$ 3.000
Piso
R$ 2.842,96.
Cotidiano
Rua Tolentino Filgueiras, no Gonzaga. Alagamento chegou a invadir comércios da região.
Cotidiano
O temporal que caiu ontem a tarde sobre a Baixada Santista foi um dos mais fortes registrados nos últimos 5 anos, em volume de chuva. Segundo dados do CPTEC (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos), em menos de 3 horas choveu na região...