Novo teste detecta vírus ligado ao câncer do colo do útero antes de surgirem lesões / Pexels
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Se você teme o Papanicolau, há boas notícias: o SUS começa a substituir o exame tradicional pelo teste de DNA-HPV, uma técnica de biologia molecular desenvolvida no Brasil, capaz de identificar o papilomavírus humano, principal causa do câncer do colo do útero, antes do aparecimento de lesões.
O método detecta 14 genótipos do vírus, incluindo os tipos 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos da doença. Produzido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, vinculado à Fiocruz, o exame já está disponível em algumas unidades do SUS e será ampliado para todo o país até 2026.
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Segundo o Ministério da Saúde, o câncer do colo do útero é o terceiro mais frequente entre mulheres brasileiras, causando cerca de 20 mortes diárias, especialmente entre aquelas com menor acesso à saúde. Embora a maioria das infecções por HPV seja eliminada naturalmente, infecções persistentes podem gerar danos celulares contínuos e evoluir para o câncer.
Enquanto o Papanicolau coleta células do colo do útero para análise microscópica, procedimento que depende da experiência do profissional e pode variar entre observadores, o DNA-HPV usa PCR, a mesma técnica aplicada em testes de Covid-19. A coleta é parecida, mas mais rápida e menos desconfortável, pois a amostra vai diretamente a um tubo com líquido conservante, sem necessidade de espalhar células em lâminas.
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Quando o teste molecular indica infecção, o Papanicolau continua como exame de segunda etapa para identificar alterações celulares precoces, garantindo acompanhamento adequado. Outra vantagem é o intervalo maior entre exames: cinco anos, graças ao alto valor preditivo do teste.
Inicialmente, o teste será oferecido em 14 cidades de 11 estados e em Brasília, incluindo Rio de Janeiro (RJ), Ribeirão Preto (SP), Fortaleza (CE) e Curitiba (PR). Além da coleta realizada em UBS, será possível fazer autocoleta em casa, uma alternativa para mulheres com dificuldade de acesso aos serviços de saúde ou resistência ao exame tradicional, incluindo populações em situação de vulnerabilidade e homens trans.
Apesar da autocoleta, consultas regulares com ginecologistas continuam essenciais, pois o exame é apenas parte do cuidado integral da saúde feminina.
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O teste DNA-HPV integra o “Plano Nacional para o Enfrentamento do Câncer do Colo do Útero”, que pretende alcançar até 7 milhões de mulheres entre 25 e 64 anos por ano. O rastreamento será organizado, com convites ativos do SUS e acompanhamento das equipes de saúde da família.
A vacinação contra o HPV, oferecida pelo SUS para crianças de 9 a 14 anos, permanece fundamental. O teste identifica mulheres com infecção persistente que necessitam de acompanhamento, enquanto a vacina protege contra os tipos mais comuns que causam câncer. Juntas, essas estratégias permitem prevenção completa do câncer do colo do útero.
Para especialistas, educação sexual e comunicação aberta sobre HPV e câncer do colo do útero são tão importantes quanto as tecnologias modernas. O objetivo: reduzir e, eventualmente, eliminar a doença no Brasil.
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