Saúde

Santos anuncia novas estratégias para enfrentar alta nos casos de tuberculose

Com altos índices da doença, cidade terá ações permanentes, investigação de abandonos de tratamento e metas intersetoriais a partir de 2026

Luana Fernandes Domingos

Publicado em 04/07/2025 às 15:31

Atualizado em 04/07/2025 às 15:32

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Santos anunciou, nesta sexta-feira (4), novas medidas para combater a tuberculose / Divulgação/PMS

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Após registrar a sexta maior taxa de tuberculose entre os municípios paulistas em 2024, a Prefeitura de Santos anunciou, nesta sexta-feira (4), novas medidas para combater a doença, que vem preocupando autoridades de saúde pública na Baixada Santista.

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Com 121,2 casos por 100 mil habitantes, Santos ultrapassa com folga a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de reduzir a incidência para 6,7 até 2030. A maior concentração dos casos está em regiões vulneráveis, como o Centro e a Zona Noroeste.

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As novas estratégias foram detalhadas pelo secretário municipal de Saúde, Fábio Lopez, durante capacitação de profissionais da rede pública na Coordenadoria de Controle de Doenças Infectocontagiosas (CCDI). A partir de agora, o combate à tuberculose deixará de seguir apenas o calendário de campanhas, passando a fazer parte da rotina contínua dos serviços de saúde.

Lanche para pacientes e investigação dos abandonos

Uma das principais preocupações é o abandono do tratamento, que dura no mínimo seis meses. Muitos pacientes deixam de tomar a medicação antes do prazo, comprometendo a cura e aumentando os riscos de resistência bacteriana.

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Para reduzir o número de desistências, a Prefeitura vai oferecer lanche aos pacientes que fazem uso do medicamento em jejum nas unidades de saúde. Além disso, cada caso de abandono será investigado. Um questionário, elaborado pelo Ambulatório de Tuberculose e pela enfermeira Luize Juskevicius, já está em aplicação para levantar fatores como situação de moradia, trabalho, uso de álcool e drogas, apoio oferecido pela unidade de saúde e justificativas apresentadas pelos pacientes.

“A ideia é entender por que o paciente abandonou e o que o serviço poderia ter feito de diferente para evitar isso”, explicou Luize.

Tripé do combate à doença e envolvimento da Câmara

O médico infectologista e vereador Marcos Caseiro, que também participou do encontro, reforçou a importância do "tripé" no combate à tuberculose:

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  • Identificação de sintomáticos respiratórios (pessoas com tosse há três semanas ou mais);
  • Garantia de tratamento completo, evitando abandono;
  • Administração de medicamentos preventivos a quem teve contato com infectados.

Caseiro passará a visitar policlínicas da cidade para mobilizar equipes sobre a importância do diagnóstico precoce e da adesão ao tratamento.

Parcerias com universidades e combate ao estigma

As ações de enfrentamento também contarão com a participação de universidades locais, por meio de estudantes e preceptores da área da saúde, que atuarão em campanhas e atendimentos, sob coordenação da Secretaria de Saúde.

Outro foco será a sensibilização de profissionais da saúde suplementar (planos e clínicas particulares) e da própria população quanto ao fato de que a tuberculose não afeta apenas pessoas de baixa renda, como muitos ainda acreditam. “O estigma atrapalha o combate à doença”, afirmou o secretário Fábio Lopez.

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Tuberculose como responsabilidade de toda a Prefeitura

A partir de 2026, secretarias municipais e autarquias também passarão a ter metas específicas no Programa de Participação Direta nos Resultados (PDR), vinculadas ao combate à tuberculose. A integração entre pastas e órgãos visa ampliar a efetividade da resposta do município, dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU.

As metas serão definidas em conjunto com o Departamento de Políticas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Depods), vinculado ao gabinete do prefeito Rogério Santos, além da Ouvidoria Municipal.

Diagnóstico, tratamento e prevenção

A tuberculose é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch), transmitida pelo ar por meio de gotículas expelidas ao tossir, falar ou espirrar.

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Os principais sintomas são:

  • Tosse persistente por três semanas ou mais;
  • Febre no fim da tarde;
  • Suor noturno;
  • Emagrecimento e falta de apetite.

O diagnóstico pode ser feito em qualquer policlínica da cidade, sem necessidade de agendamento. Após avaliação, o paciente realiza exame de escarro, com resultado laboratorial. Se confirmado o diagnóstico, o tratamento gratuito é iniciado imediatamente, com duração mínima de seis meses.

A vacina BCG é administrada em recém-nascidos ainda nas maternidades da rede municipal. Manter ambientes bem ventilados e o uso de máscara em caso suspeito também são medidas eficazes de prevenção.

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