Saúde

Posto de saúde só libera anticoncepcional se mulheres baixarem as calças

Depois que a denúncia foi publicada na rede social, Maria foi procurada por outras mulheres

Folhapress

Publicado em 14/04/2022 às 17:20

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

A Secretaria de Saúde de Americana afirmou que as denúncias não procedem / Divulgação

Continua depois da publicidade

Oito mulheres, que optaram por não se identificar, foram ouvidas pela sanitarista e ativista Maria Giovana Fortunato. A profissional trabalha com projetos sociais de saúde coletiva em regiões de vulnerabilidade da cidade de Americana, em São Paulo, e denunciou o atendimento de algumas unidades nas suas redes sociais no final de março. De acordo com a publicação, as pacientes eram obrigadas a comprovar que estavam menstruadas para que a injeção anticoncepcional fosse aplicada. 

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Maria Giovana contou que os relatos se referem ao comportamento de profissionais da saúde de pelo menos duas Unidades Básica de Saúde (UBS) de Americana. Em ambos os locais, era uma prática comum a enfermeira acompanhar a paciente até o banheiro, fechar a porta e pedir para ver o absorvente. A aplicação do contraceptivo injetável acontece durante o período menstrual, no entanto, o dia exato pode variar dependendo do tipo da medicação.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• BBB X Vida Real: Como as mulheres confinadas fazem para inibir a menstruação?

• Bolsonaro veta distribuição gratuita de absorvente a mulheres de baixa renda

Depois que a denúncia foi publicada na rede social, Maria foi procurada por outras mulheres. Elas disseram estarem passando pela mesma situação em outros postos de saúde da cidade.

A Secretaria de Saúde de Americana afirmou que as denúncias não procedem. Segundo o setor, quando alguma mulher chega à unidade com atraso de alguns dias para tomar a injeção, é feito um pedido de teste para gravidez.

Continua depois da publicidade

A regra é apenas perguntar à mulher se ela está menstruada, sem exigir nenhuma "prova". A recomendação oficial é; conferir a receita da medicação, dar as informações sobre a injeção e acreditar no que a mulher está falando quando diz que está no dia correto para a aplicação do anticoncepcional.

Depoimentos

Uma paciente de começou a usar anticoncepcional injetável há três anos, no Parque da Liberdade, posto 19, de Americana. Segundo a jovem, há quase um ano as enfermeiras passaram a oferecer duas opções para provar que ela não está grávida: fazer um teste de sangue ou mostrar o absorvente com a menstruação.

Continua depois da publicidade

Outra mulher, relatou que começou a usar o anticoncepcional injetável também na UBS Parque da Liberdade, com indicação médica. Porém, desde a primeira tentativa ela teve que optar entre fazer o exame — e esperar cerca de um mês entre a marcação do exame, a obtenção do resultado e a aplicação da medicação — ou mostrar o absorvente.

Outro lado

As atendentes da UBS Parque da Liberdade, posto 19, não quiseram ouvir a denúncia e indicaram a Secretaria da Saúde para dar um posicionamento. Já no Posto Parque Gramado, Alberto Sebastião Santos, enfermeiro responsável pela unidade, negou que o pedido para observar o absorvente das pacientes estivesse acontecendo.

Continua depois da publicidade

A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde de Americana confirmou a informação do porta-voz do Posto de Gramado. Segundo a Unidade de Atenção à Saúde, a denúncia não procede. Conforme o setor, quando alguma mulher chega à unidade com atraso de alguns dias para tomar a injeção, é feito um pedido de teste para gravidez. 

A  Secretaria de Saúde diz ainda que repudia qualquer ato de constrangimento aos usuários da rede pública e que se eles forem comprovados podem gerar sérias consequências administrativas e legais a quem venha a cometê-los.

*DO UOL/UNIVERSA

Continua depois da publicidade

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software