Saúde

Melatonina não é solução para insônia: psiquiatra alerta para riscos do uso sem orientação

Especialista reforça que o suplemento só tem indicação em casos específicose que o tratamento mais eficaz para insônia é sem remédio

Luana Fernandes Domingos

Publicado em 23/10/2025 às 13:13

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Melatonina pode ser útil em casos de jet lag, trabalhadores noturnos e distúrbios do ritmo circadiano / Pexels

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A popularização da melatonina como solução rápida para dormir melhor tem feito muita gente recorrer ao hormônio sem orientação médica.

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Mas, segundo a psiquiatra Dra. Maria Fernanda Caliani, o uso indiscriminado pode ser ineficaz — e até atrapalhar o equilíbrio natural do sono.

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“A melatonina é um hormônio naturalmente produzido pelo corpo, mas sua indicação clínica é bem específica. Ela não serve para qualquer tipo de insônia”, explica a especialista em saúde mental e distúrbios do sono.

Quando a melatonina realmente funciona

De acordo com Dra. Maria Fernanda, a melatonina pode ser útil em casos de jet lag, trabalhadores noturnos e distúrbios do ritmo circadiano, quando há um desajuste no “relógio biológico” que regula o sono e a vigília.

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“Nesses casos, a suplementação pode ajudar a reajustar o ritmo do corpo. Mas não é um tratamento universal para quem simplesmente tem dificuldade de dormir”, destaca a médica.

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A psiquiatra lembra que muitos pacientes chegam ao consultório usando melatonina por conta própria — e se frustram com os resultados.

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“Ela não é um sedativo. Se a causa da insônia é ansiedade, estresse, maus hábitos noturnos ou depressão, a melatonina não vai resolver o problema”, explica.

E o risco do uso sem orientação?

Por ser vendida sem prescrição em farmácias e até pela internet, muita gente acredita que a melatonina é totalmente segura.

Mas o uso inadequado, segundo a médica, pode alterar o ciclo natural de sono, interferindo na produção do próprio hormônio pelo organismo.

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Além disso, doses elevadas ou mal administradas podem causar sonolência diurna, dores de cabeça e irritabilidade. “Mesmo sendo natural, não significa que seja inofensiva. O excesso de melatonina pode desregular ainda mais o sono”, alerta.

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O portal do Draúzio Varella no Youtube explica como funciona o uso da melatonina:

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O tratamento mais eficaz é sem remédio

A especialista reforça que, segundo os principais guias médicos internacionais, a primeira linha de tratamento da insônia crônica não é medicamentosa, mas sim a Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCCI) — um conjunto de técnicas que ajudam o corpo e o cérebro a retomarem o ritmo natural do sono.

Entre as principais estratégias estão:

  • manter horários regulares para dormir e acordar;
  • evitar telas e luz artificial antes de dormir;
  • reduzir o consumo de cafeína e álcool à noite;
  • sair da cama se não conseguir dormir em 20 minutos e só retornar quando estiver com sono.

“Insônia não é falta de sono — é uma desregulação do sistema cerebral do sono. E, como qualquer transtorno crônico, exige um tratamento individualizado e contínuo”, explica Dra. Maria Fernanda.

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Quando o uso de medicamentos é necessário

Apesar de a prioridade ser o tratamento comportamental, há casos em que o uso de medicamentos é indicado, como:

  • insônia aguda por eventos estressantes (luto, traumas, crises de ansiedade);
  • transtornos psiquiátricos graves;
  • ausência de resposta às terapias não medicamentosas.

Mesmo assim, a médica reforça que o acompanhamento profissional é indispensável. “O problema da automedicação — seja com melatonina, seja com hipnóticos e benzodiazepínicos — é que pode gerar dependência e mascarar a causa real da insônia.”

Dormir bem é um hábito, não uma cápsula

Para quem quer melhorar o sono de forma natural, a psiquiatra orienta:

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  • exponha-se à luz solar pela manhã;
  • pratique exercícios físicos regularmente (mas não à noite);
  • evite cochilos longos durante o dia;
  • reduza o uso de telas à noite;
  • crie um ambiente escuro e silencioso para dormir.

“Ter uma noite ruim de vez em quando é normal. Mas, se o problema se repete e afeta a rotina, procure ajuda. O caminho seguro nunca é a automedicação”, conclui Dra. Maria Fernanda.

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