05 de Maio de 2024 • 07:43
A vacina ainda é a melhor forma de prevenção, porém a redução brutal dos casos é atribuída ao uso de máscara / Divulgação
Em nota técnica, grupo de trabalho de Retorno às Atividades Escolares da Fiocruz destaca que o enfrentamento da pandemia continua, porém, propõe apoio a flexibilização de protocolos de obrigatoriedade de máscaras em escolas, desde que medida seja proposta por autoridades sanitárias locais e comitês científicos A recomendação se deu devido à redução de transmissibilidade, ao avanço da vacinação e ao reconhecimento dos prejuízos educacionais do mascaramento.
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Grupo pede cautela na retirada de obrigação. Pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios aponta que 6,8% já dispensaram o uso obrigatório.
"Como resposta ao atual contexto de expressiva redução da transmissibilidade de covid-19 verificada em alguns territórios e, também reconhecendo os prejuízos do uso de máscaras de longo prazo em ambientes socioeducacionais, propomos, com cautela e contínua avaliação, o apoio às medidas de flexibilização dos protocolos sempre que definidas por autoridades sanitárias locais, apoiadas por comitês científicos", diz a nota técnica publicada nesta sexta-feira, 11.
Considerando a proteção indireta da imunização dos adultos, a indisponibilidade de vacinas para menores de 5 anos e a recente oferta de imunizante a crianças de 5 a 11 anos, a recomendação de uso, ou de uso não obrigatório de máscaras em crianças, deve estar apoiada em indicadores de baixa circulação do vírus e indicadores gerais da vacinação, dizem os pesquisadores. "Distinguindo-se de uma avaliação da condição individual de vacinação, no caso das crianças, sobretudo, quando elas possuem menos de 5 anos", pontuam.
No documento, os especialistas destacam que com o controle da Ômicron e avanço da vacinação contra a covid, alguns territórios têm proposto flexibilização das medidas de contenção do vírus. O comitê propôs que gestores educacionais sigam recomendações de autoridades sanitárias locais.
Conforme pesquisa da CNM que ouviu gestores de 2.132 municípios entre 7 e 10 de março, apenas 6,8% das cidades já dispensaram a obrigação de uso de máscaras em ambientes escolares. A maior parte (91,8%) mantém a obrigatoriedade. A desobrigação do uso de máscaras em ambientes públicos, porém, é realidade de somente 2,2% desses mesmos municípios. 89,9% manteve a obrigação.
Quanto ao retorno de aulas presenciais, 94,6% dos municípios relataram que as redes já atendem presencialmente. Em 2,8%, ainda não se iniciou o ano letivo nessa modalidade.
O governo de São Paulo desobrigou o uso de máscaras para alunos, professores e outros funcionários nos espaços abertos das escolas, mas manteve a exigência nas salas de aula e locais fechados. O anúncio foi feito na quarta-feira, 9, em coletiva pelo governador João Doria (PSDB)
Porém, a Fiocruz destaca a necessidade da manutenção de alguns cuidados e de cautela. Os especialistas pedem que a ventilação de salas e o incentivo à higienização das mãos sejam mantidos.
Além disso, considerando o importante papel de proteção da máscara nos últimos dois anos, o grupo da Fiocruz indica que as escolas devem estar atentas "para os danos dessa prática por tão longo tempo" e acolher receios daqueles que temam retirá-la. Nesse sentido, reforçaram que a desobrigação não deve significar proibição do uso.
"Esse processo é, portanto, singular e deve ser tolerado pelos coletivos. Talvez, para alguns, uma boa estratégia seja retirar inicialmente ao ar livre, optar por máscaras cirúrgicas e reservar o uso da N95 para raras ocasiões", orientam.
A nota discorre também sobre os prejuízos socioeducacionais do uso da proteção facial, principalmente aos menores de 5 anos. "Para alguém que aprende a falar é fundamental observar a articulação das palavras pelo outro. Para alcançar a comunicação e identificar o que o outro está sentindo, a expressão da fisionomia é importante."
A Fiocruz reforçou que a principal forma de controlar a covid e evitar óbitos e casos graves, é a vacinação, que deve ser "incentivada para toda a comunidade escolar, em especial, como forma de proteção indireta para os menores de 5 anos".
De acordo com a pesquisa da CNM, 61,4% dos gestores relataram haver enfrentado resistência na vacinação do público pediátrico. Outros 37,3% disseram não ter identificado contrariedade à medida.
No Brasil, 10,3 milhões (50,3% do total) de crianças de 5 a 11 anos receberam ao menos uma dose anticovid, segundo o consórcio de veículos de imprensa. Mais de 667 mil (3,26%) já têm esquema vacinal completo.
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