Muitos jovens ignoram os sinais e negligenciam o autocuidado, acreditando que infartos só acontecem com pessoas mais velhas / Freepik/shayne_ch13
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Recentemente, o número de infartos em jovens tem aumentado de forma preocupante no Brasil. Somente entre janeiro e abril deste ano, os atendimentos na Região Metropolitana dobraram em relação ao mesmo período do ano passado.
O salto de 524 para 1.032 casos coloca em evidência um fenômeno que já vinha sendo observado por especialistas, mas que agora se consolida com dados expressivos.
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Entre os principais fatores ligados à incidência do infarto precoce estão o uso indiscriminado de anabolizantes, o consumo de cigarros eletrônicos e o ritmo acelerado da vida moderna.
Cardiologistas como o doutor Bruno Colontoni, especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e em medicina do estilo de vida por Harvard e autor do livro Reaja! (no seu ritmo), da editora Buzz, apontam ainda que a sensação de invulnerabilidade típica da juventude contribui para o descuido com a saúde e para a exposição a comportamentos de risco.
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Embora o infarto ainda seja mais comum em idosos, o aumento expressivo de casos entre pessoas com menos de 40 anos tem preocupado profissionais da saúde.
“O que mais pesa é que essa é uma geração que se sente meio imune à doença cardiovascular”, afirma Colontoni.
Segundo ele, muitos jovens ignoram os sinais e negligenciam o autocuidado, acreditando que infartos só acontecem com pessoas mais velhas. Essa percepção equivocada, somada a hábitos prejudiciais, contribui para o aumento dos diagnósticos.
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Entre os principais vilões citados pelo médico estão os cigarros eletrônicos. “O vape parece uma coisa mais limpa, só porque tem sabor de chiclete ou melancia, então é socialmente aceito. Mas ele também aumenta o risco cardiovascular”, explica.
O uso de anabolizantes e testosterona sem controle médico também é um fator de alerta. “Isso virou uma epidemia. Só aumenta o risco de infarto, e muita gente ainda não se dá conta disso”, completa.
Apesar de ser mais comum em adultos e idosos, o infarto pode atingir qualquer pessoa. “Infarto, teoricamente, qualquer pessoa viva pode ter, inclusive uma criança”, afirma Colontoni.
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No caso dos jovens, o processo pode ocorrer por formação de coágulos no coração, mesmo sem a presença de placas de gordura. “Esse mecanismo pode vir por doenças genéticas ou por esses fatores de risco que a gente está vendo cada vez mais em jovens.”
Diante do aumento dos casos, o médico reforça a importância de adotar hábitos saudáveis e de acompanhar a saúde com exames de rotina. “A juventude não garante saúde. Precisamos mudar essa ideia”, alerta.
“Estresse em excesso pode ser um gatilho para infarto. É preciso ter consciência disso”, orienta o especialista.
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Ele lista ainda cinco atitudes fundamentais para reduzir os riscos:
1. Ter consciência de que o estresse em excesso pode ser gatilho para infarto;
2. Manter-se fisicamente ativo e com boa alimentação: a juventude não garante saúde e infarto não ocorre exclusivamente em idosos;
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3. Fuja dos vapes, cigarros ou qualquer substância tóxica;
4. Cuidado com o uso de testosterona e anabolizantes;
5. Tenha seu check up em dia com seu médico de confiança.
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Em seu livro Reaja! (no seu ritmo), Colontoni propõe um método baseado em três símbolos: o espelho, a agenda e um par de tênis, que representam autoconhecimento, planejamento e ação. Para ele, o caminho para evitar o adoecimento começa com a decisão de cuidar de si mesmo, no ritmo de cada um.
Segundo o Ministério da Saúde, entre 2022 e 2024, mais de 234 mil atendimentos por infarto foram realizados no Brasil em pessoas com menos de 40 anos. Mais de 7,8 mil mortes foram registradas na mesma faixa etária nesse período. A maioria dos casos ocorre entre 31 e 40 anos, mas há registros entre adolescentes e até crianças.
Além dos fatores comportamentais, estudos apontam que variações bruscas de temperatura e até anomalias solares podem influenciar no aumento do risco cardiovascular.
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Uma nova pesquisa publicada na revista científica Heart revelou que o uso de maconha pode dobrar as chances de morte por doenças cardíacas.
Diante desse cenário, especialistas reforçam que o combate ao infarto não deve começar apenas na terceira idade. O cuidado com o coração precisa ser cultivado desde cedo, com informação, prevenção e escolhas conscientes.