Saúde

Ibuprofeno pode reduzir risco de câncer, mas especialistas pedem cautela

Pesquisas indicam que o uso frequente do medicamento pode diminuir até 25% o risco de certos tumores, mas há estudos divergentes

Giovanna Camiotto

Publicado em 20/10/2025 às 17:17

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Estudo com 42 mil mulheres indica redução de 25% no risco de câncer do endométrio / Unsplash

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O ibuprofeno, um dos analgésicos mais usados do mundo, pode ter um papel além do alívio de dores e inflamações. Novas pesquisas sugerem que o medicamento pode reduzir o risco de vários tipos de câncer, incluindo o do endométrio, intestino, pulmão, mama e próstata — embora especialistas alertem para os riscos da automedicação.

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Um estudo publicado em 2025, com dados de mais de 42 mil mulheres entre 55 e 74 anos, revelou que aquelas que tomavam ao menos 30 comprimidos de ibuprofeno por mês apresentaram 25% menos risco de desenvolver câncer do endométrio em comparação às que usavam menos de quatro comprimidos mensais. O efeito foi ainda mais evidente em mulheres com doenças cardíacas.

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A pesquisa faz parte do estudo PLCO (Próstata, Pulmão, Colorretal e Ovário), que acompanhou voluntárias por 12 anos. Curiosamente, a aspirina não apresentou o mesmo efeito protetor, embora estudos apontem benefícios desse fármaco contra o câncer de intestino.

Outros anti-inflamatórios não esteroides, como o naproxeno, também estão sendo estudados por seu possível papel na prevenção de tumores de cólon, bexiga e mama. O impacto desses medicamentos, contudo, varia conforme o tipo de câncer, fatores genéticos e condições de saúde pré-existentes.

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O efeito protetor do ibuprofeno é mais forte em mulheres com doenças cardíacas/Unsplash
O efeito protetor do ibuprofeno é mais forte em mulheres com doenças cardíacas/Unsplash
Aspirina e outros anti-inflamatórios não apresentaram o mesmo resultado/Unsplash
Aspirina e outros anti-inflamatórios não apresentaram o mesmo resultado/Unsplash
O remédio age bloqueando a enzima COX-2, que estimula inflamações e tumores/Unsplash
O remédio age bloqueando a enzima COX-2, que estimula inflamações e tumores/Unsplash
Pesquisadores alertam para os riscos do uso prolongado sem prescrição médica/Unsplash
Pesquisadores alertam para os riscos do uso prolongado sem prescrição médica/Unsplash
A prevenção mais eficaz ainda é manter um estilo de vida saudável e ativo/Unsplash
A prevenção mais eficaz ainda é manter um estilo de vida saudável e ativo/Unsplash

O efeito protetor do ibuprofeno é atribuído à sua ação anti-inflamatória. O remédio bloqueia a enzima COX-2, reduzindo a produção de prostaglandinas — substâncias que estimulam inflamações e o crescimento celular, inclusive o de células cancerígenas. Com isso, os níveis mais baixos de prostaglandinas podem retardar ou impedir a formação de tumores.

Além disso, o ibuprofeno parece interferir em genes relacionados ao câncer, como HIF-1α, NFκB e STAT3, tornando as células tumorais mais vulneráveis e potencialmente mais sensíveis à quimioterapia.

Por outro lado, nem todas as pesquisas chegam às mesmas conclusões. Um estudo com 7.751 pacientes indicou que o uso de aspirina após o diagnóstico de câncer do endométrio estava associado a uma mortalidade maior. Já uma revisão recente mostrou que o uso prolongado de anti-inflamatórios pode aumentar o risco de câncer renal.

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Apesar das descobertas promissoras, os médicos desaconselham o uso preventivo de ibuprofeno sem orientação profissional. Doses altas ou uso prolongado podem causar úlceras, hemorragias digestivas, danos renais e até problemas cardíacos, como infartos e AVCs.

A ideia de que um simples analgésico possa prevenir o câncer é empolgante, mas ainda carece de comprovação definitiva. Por enquanto, a prevenção mais segura continua sendo a clássica: alimentação equilibrada, prática regular de exercícios e acompanhamento médico.

 

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