Saúde

Fim dos homens? Cientistas dão passo histórico que pode mudar futuro da reprodução humana

O estudo, publicado nesta semana na revista Nature Communications, representa um marco no combate à infertilidade, condição que afeta uma em cada seis pessoas no mundo

Ana Clara Durazzo

Publicado em 02/10/2025 às 08:30

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Apesar do otimismo, a comunidade científica alerta que ainda há muitos anos de pesquisa pela frente antes que a técnica se torne uma realidade clínica / Freepik

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Pela primeira vez, cientistas conseguiram criar óvulos humanos a partir de células da pele e fecundá-los em laboratório. O estudo, publicado nesta semana na revista Nature Communications, representa um marco no combate à infertilidade, condição que afeta uma em cada seis pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Embora ainda esteja longe de se tornar uma opção disponível em clínicas de reprodução assistida, os pesquisadores afirmam que a descoberta abre caminho para alternativas revolucionárias, permitindo que mulheres inférteis tenham filhos com sua própria carga genética e, futuramente, possibilitando até que casais homoafetivos possam gerar descendentes biologicamente ligados a ambos os parceiros.

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Como foi feito o experimento

A técnica utilizada é uma variação da transferência nuclear de células somáticas, a mesma usada para clonar a ovelha Dolly em 1996.

O núcleo de uma célula da pele — que contém todo o DNA da pessoa — foi inserido em um óvulo doado previamente esvaziado de seu núcleo.

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Como células da pele têm 46 cromossomos e os óvulos apenas 23, os cientistas desenvolveram um processo chamado “mitomeiose”, que imita a divisão celular natural e elimina os cromossomos excedentes.

Ao final, os pesquisadores criaram 82 óvulos, que foram fertilizados in vitro.

Apesar do avanço, menos de 9% dos embriões se desenvolveram até o estágio em que poderiam, teoricamente, ser transferidos para um útero. A maioria apresentou anomalias, o que levou à interrupção do experimento.

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O que dizem os cientistas

Para Paula Amato, coautora do estudo e pesquisadora da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon (EUA), o maior desafio é garantir óvulos geneticamente normais:

“O maior obstáculo é obter óvulos com o número e a combinação correta de cromossomos. Mas, com aperfeiçoamentos, acreditamos que a técnica poderá estar disponível em cerca de uma década”, explicou.

Segundo Amato, além de beneficiar mulheres que não produzem óvulos viáveis, a abordagem poderia permitir que casais do mesmo sexo tenham filhos geneticamente ligados aos dois membros.

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Especialistas que não participaram da pesquisa também celebraram o feito. Ying Cheon, da Universidade de Southampton (Reino Unido), classificou o resultado como “emocionante” e disse que o avanço pode, no futuro, abrir caminho para a criação de células equivalentes a óvulos e espermatozoides para pessoas sem outra opção.

Próximos passos e desafios

Apesar do otimismo, a comunidade científica alerta que ainda há muitos anos de pesquisa pela frente antes que a técnica se torne uma realidade clínica.

Além desta abordagem, outros grupos de pesquisa trabalham em alternativas, como a reprogramação de células não reprodutivas até o estágio de células-tronco pluripotentes, capazes de se diferenciar em óvulos ou espermatozoides.

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“É cedo demais para saber qual método será o mais bem-sucedido. Mas, de qualquer forma, ainda estamos longe de aplicar isso em tratamentos”, destacou Amato.

 O estudo representa um primeiro passo histórico rumo a uma revolução na medicina reprodutiva, embora os desafios éticos e científicos ainda sejam imensos.
 

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